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Desastre Nuclear no Japão

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Por André Amaral

Nos últimos dias, o Japão vem sofrendo a maior catástrofe desde as bombas nucleares que caíram em seu território. Apesar de toda a devastação causada por uma série de terremotos e um tsunami, o maior de todos os temores, que atrai a atenção e as preces de todo mundo, ironicamente, é causado pela mesma tecnologia que devastou o Japão em 1945 – agora usada para geração de energia elétrica.

Não é a primeira vez que o Japão tem um acidente desse tipo, porém. Em 2007, após um terremoto, houve um acidente nas usinas de Kashiwazaki-Kariwa, com vazamento de material radioativo. Desde então, os japoneses já sabiam que esta tecnologia não seria capaz de aguentar um terremoto, muito menos uma série deles. Aliás, os projetistas de reatores nucleares bem sabem que estes não são capazes de resistir a choques de aviões, grandes abalos sísmicos e situações adversas combinadas – que não são consideras em seus relatórios de análise de segurança, documento elaborado antes da construção e licenciamento dos reatores - as condições consideradas para lidar com acidentes, incidentes ou falhas, são sempre condições normais, como se nada tivesse acontecido ou pudesse acontecer ao mesmo tempo que um grande acidente.

Mas na vida real é diferente. Catástrofes simultâneas podem acontecer. Na verdade há uma grande probabilidade que aconteçam. Falhas e prejuízos em sistemas de suprimentos também acontecem. No ano retrasado, o apagão causado no Brasil por um problema nas linhas de transmissão que distribuem a energia de Itaipu, fez com que as usinas nucleares tivessem que ser desligadas. O motivo: não tinham o suprimento de eletricidade externo necessário para o caso de um acidente. O mesmo ocorre no Japão agora. A dificuldade em se obter água, dentre vários outros problemas combinados, é um grande agravante da crise de Fukushima, que piora a cada momento, com novos incêndios e explosões.

Mesmo que revistos os designs e componentes de segurança em todos os reatores no mundo, um plano de emergência de uma usina nunca conseguiria ser executado sem meios de transporte, acesso à água e energia elétrica. E como contar com isso em uma crise? Esse é o momento para expormos os pontos fracos dessa tecnologia, como esse, que põem em risco milhões de vidas ao redor do mundo. Não são só os Japoneses que estão em risco, mas várias nações que optaram erroneamente por essa tecnologia.

Nunca é tarde para reconhecer o erro, porém. Ainda há tempo para repensarmos a questão energética. É hora de o mundo inteiro parar seus planos de expansão de geração nuclear e rapidamente substituir essa fonte por outras limpas, renováveis e o mais importante, seguras.


* André Amaral é biólogo e mestre em ciência ambiental. Coordenou a campanha antinuclear do Greenpeace e hoje atua como consultor independente e sócio-diretor da EcoGreens Soluções Sustentáveis.

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