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Heitor Scalambrini Costa
(hscosta@ufpe.br)
Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco
Quando se pensa em acidentes nucleares, logo vêm à mente as tragédias mais recentes de Three Mile Island, ocorrida na Pensilvânia - Estados Unidos em 1979, e de Chernobyl, na Ucrânia em 1986. Nos dois casos, os acidentes foram causados por falhas que provocaram um superaquecimento no reator, e vazamento de material radioativo para a atmosfera.
Agora estamos acompanhando um desastre nuclear provocado pelo terremoto de 9 graus de magnitude que atingiu o Japão em 11 de março, provocando um tsunami que devastou inúmeras províncias costeiras.
A central nuclear atingida de Fukushima Daiichi, situada a 250 km a nordeste de Tóquio, é composta por seis reatores BWR (Boiling Water Reactor) que geram conjuntamente 4.696 MW elétricos. O combustível dos reatores é o MOX (novo combustível composto de urânio e de plutônio) bem mais reativo que os combustíveis padrões. O plutônio, que não existe em estado natural, é veneno químico extremamente violento, e é para o Japão sua maior fonte de energia, resultante do reprocessamento dos resíduos nucleares produzidos pelas usinas existentes em seu território.
Segundo a Tokio Electric Power Company (TEPCO), empresa de energia responsável pela usina nuclear de Fukushima, três dos seis reatores da central nuclear estavam ativos no momento do terremoto. Os outros três, estavam fechados para manutenção. O reator 1 teve seu sistema de resfriamento danificado o que provocou aumento considerável da temperatura no núcleo do reator, e assim como já admitido pelos órgãos de segurança nuclear japonês, ocorreu o derretimento do reator, liberando material altamente tóxico para a atmosfera. Os reatores 2 e 3 também estão apresentando problemas em seus sistemas de resfriamento, e também podem se fundir, aumentando de maneira catastrófica o desastre nuclear ocorrido.
Convenhamos que a explosão em uma usina nuclear, vista praticamente em tempo real por todo mundo, não é algo que possa ocorrer. E mais do que isso, após o desastre, os responsáveis dizerem que não sabem os motivos. O fato de não ter explicações para uma explosão ocorrida em uma usina sob sua responsabilidade demonstra que a empresa perdeu o controle da situação. Devemos lembrar que a empresa TEPCO, que está no centro da crise nuclear, tem um passado de escândalos e uma trajetória cheia de tropeços em sua atuação nuclear.
As lições que devemos retirar deste lamentável e trágico episódio é que mesmo com os avanços tecnológicos no setor da segurança, os perigos ainda existem. Aqueles defensores das usinas nucleares que chegaram a afirmar que o risco é zero ou praticamente inexiste a possibilidade de ocorrências de falhas, e conseqüentemente desastres nas usinas, devem calçar as “sandálias da humildade”. Devem admitir que não podemos permitir quaisquer riscos ligado com as usinas nucleares, simplesmente pela grande catástrofe, econômica, ambiental e social que possíveis acidentes, ocorrendo, podem legar a toda humanidade.
Daí é preciso repetir que o Brasil/Nordeste não precisa de usinas nucleares. Os recursos naturais e renováveis disponíveis como Sol, vento, água, biomassa são suficientes para atender nossa demanda energética.
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