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O compromisso secreto com Washington ganhou destaque na edição de ontem do jornal israelense Haaretz. “A correspondente diplomática da Rádio do Exército disse que a oferta divulgada poderia colocar Israel ao lado da Índia, outro país não signatário do TNP que é abertamente detentor de armas nucleares, mas em 2008 assegurou um acordo com os Estados Unidos para garantir importações nucleares civis”, informa o Haaretz.
Depois de se encontrar com Netanyahu, na terça-feira, Obama enfatizou que “não houve mudanças” na política dos EUA em relação à proliferação nuclear, ainda que o país tenha assinado um documento, na conferência de revisão do TNP, assinalando que Israel, país que não assinou o tratado, era considerado detentor de um arsenal nuclear.
O Haaretz também reconhece que outros países se recusaram a cooperar com Israel pelo fato de o país estar fora do TNP e do sistema de não proliferação. Por isso mesmo, não se submete às inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, órgão da ONU). Na visita a Washington(1), onde ontem se reuniu com a secretária de Estado Hillary Clinton, Netanyahu obteve apoio também para enfrentar a crescente pressão dos vizinhos árabes e muçulmanos contra seu arsenal nuclear não declarado. O premiê israelense recebeu garantias de Obama de que os EUA trabalharão para evitar que seu país seja examinado como um caso especial em uma conferência da AIEA, em outubro próximo. A conversa entre os dois sobre “o fortalecimento do sistema de não proliferação” se estendeu à proposta de uma conferência para promover a desnuclearização do Oriente Médio, iniciativa partida do Egito e da Turquia e à qual os EUA se associaram. Netanyahu disse que estaria “pronto para negociar” sobre o tema, desde que “sem condições prévias”.
1 - As armas sumiram
O serviço de segurança interna de Israel, o Shin Bet, revelou que quatro pistolas usadas por guarda-costas do premiê Benjamin Netanyahu sumiram do compartimento de cargas de um avião durante a visita a Washington. “As pistolas eram parte do equipamento enviado antecipadamente e foram perdidas”, disse um porta-voz do Shin Bet. O caso está sendo investigado pelos dois países.
Sob o peso das sanções
Pela primeira vez desde que a quarta rodada de sanções contra o Irã foi aprovada no Conselho de Segurança das Nações Unidas, há quase um mês, o regime islâmico admitiu o possível impacto das medidas em seu programa nuclear. Até então, o governo de Teerã minimizava os efeitos das novas barreiras propostas, chegando a afirmar que elas “não têm valor algum”. Segundo o chefe da Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA), Ali Akbar Salehi, as punições, que incluem restrições a bancos e fiscalização de carregamentos com origem ou destino no Irã, podem frear o desenvolvimento nuclear, mas não detê-lo.
“Não podemos dizer que as sanções não tenham efeitos”, declarou Salehi, que também é vice-presidente do país. “As sanções têm por objetivo impedir as atividades nucleares, mas podem prejudicar o trabalho, não detê-lo. Isso é certo”, acrescentou, durante visita à cidade portuária de Bushehr, onde uma central nuclear construída em cooperação com a Rússia deve entrar em operação até setembro, depois de um atraso de 37 anos. Para Salehi, o impacto maior seria sobre o programa de enriquecimento de urânio, mas as atividades em Bushehr e outras centrais nucleares não seriam afetadas, até por conta do interesse de Moscou. “Os dirigentes russos sempre garantiram que as sanções não visam a esse local”, disse o chefe da OIEA.
Fonte: Correio Braziliense - 08/07/2010
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