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Efeitos (desconhecidos) da Mineração de Urânio

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Por Márcia Gomes de Oliveira Suchanek e Norbert Suchanek


Em outubro de 2008, aconteceu na Namíbia (África), a Conferência “Uranium: a blessing or a curse?” que tratou sobre a mineração de urânio, envolvendo a participação de especialistas da Namíbia, África do Sul, Tanzânia, Malawi, Austrália, Brasil, Alemanha e Holanda. Foram apresentados os resultados de pesquisas realizadas sobre minerações de urânio em vários países e todos foram unânimes em demonstrar o quanto nocivo é a mineração de urânio tanto para o meio ambiente quanto para a saúde, não apenas para os trabalhadores diretamente envolvidos, mas para a população que vive na região.
O Estudo de David Fig demonstrou a inviabilidade econômica desta mineração. Apresentando dados da cotação do urânio no mercado mundial, ficou claro de que a sua produção não pode ser sustentada por sua cotação no mercado, porque se trata de um produto associado à construção e funcionamento de usinas nucleares (além dos submarinos nucleares e bombas atômicas, em menor escala). Acontece que vários dos países mais ricos do mundo estão desativando suas usinas. Alemanha, Suécia e Itália já votaram pelo fim de seus programas nucleares. A Áustria cancelou o seu programa nuclear, em 1999, e a única usina nuclear nem chegou a ser finalizada, sendo convertida em unidade para produção de energia solar. E, atualmente, há uma nova onda para a construção de novas usinas nucleares, com o falso argumento de proteção do clima global. A verdade é que uma usina nuclear não produz diretamente dióxido de carbono. Mas, como Fig demonstrou, durante todo o processo da exploração do urânio até a construção da usina nuclear, a energia atômica contribui significativamente para o aumento do aquecimento global. China, Índia, Rússia, Coréia e África do Sul pretendem expandir sua indústria nuclear, mas apresentam problemas financeiros para isso.
O Governo brasileiro não apresenta publicamente problemas financeiros para a expansão da indústria nuclear, tendo iniciado, em 2008, a construção da Usina Angra 3 e anunciado a construção, no Rio de Janeiro, do primeiro submarino nuclear da América Latina.
No Brasil, a União tem o monopólio da mineração de elementos radioativos, da produção e do comércio de materiais nucleares, sendo este monopólio exercido pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão criado em 1956 e vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Tem a função de planejar, estabelecer normas, fiscalizar, licenciar e controlar a atividade nuclear no Brasil.
As Indústrias Nucleares do Brasil (INB), vinculada à Comissão Nacional de Energia Nuclear – (CNEN), é a empresa responsável pela exploração do urânio, desde a mineração e o beneficiamento primário até a produção e montagem dos elementos combustíveis que acionam os reatores das usinas nucleares Angra 1 e 2.
Durante a ditadura militar, entre os anos 1960 e 1970, o território brasileiro foi inspecionado para se conhecer as áreas com maior concentração de urânio.
25% do território foram prospectados, colocando o Brasil na 6ª posição mundial em jazidas deste minério. Foram identificadas 8 reservas de urânio, a maioria fora da Amazônia. O Programa Nuclear Brasileiro recebeu grande apoio do governo alemão, interessado em vender sua tecnologia nuclear para em um futuro próximo receber combustível nuclear a baixo custo.
A primeira mineração e produção de concentrado de urânio no Brasil foi o Complexo Mínero-Industrial de Poços de Caldas (CIPC), no Estado de Minas Gerais. No período de 1982 a 1995 operou as atividades de lavra, beneficiamento e tratamento químico do minério de urânio, suprindo as necessidades de combustível nuclear para as usinas brasileiras em operação (Angra 1 e 2). O Complexo Mínero-Industrial, então pertencente às Empresas Nucleares Brasileiras S/A (NUCLEBRÁS), hoje Indústrias Nucleares do Brasil (INB), encontra-se atualmente em fase de decommissioning (descomissionamento), terminologia utilizada para fechamento de instalações nucleares. Somente em dezembro de 2004, a INB assinou um termo de referência para elaboração e apresentação do plano de fechamento da mina, solicitado conjuntamente pelo IBAMA e pela CNEN (1). Atualmente está em funcionamento o Laboratório de Poços de Caldas (LAPOC), uma unidade da CNEN, responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologias referentes a processos metalúrgicos extrativos, aplicados a minérios de urânio e de tório em particular, ou a minérios contendo minerais radioativos associados em geral.
A segunda mina, Lagoa Real e Caetité, está situada na Bahia e produz desde o ano 2000 cerca de 400 toneladas de yellow cake (concentrado de urânio) por ano (2). O Governo quer dobrar a sua produção até 2011. Entretanto, esta mineração já produz contaminação na água, no solo e nos corpos dos moradores da região, conforme já foi demonstrado no estudo de Prado, na investigação de Zoraide Vilasboas da Associação Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça, Cidadania e no relatório do Greenpeace (3).
A terceira mina será aberta em 2009, no Ceará. Será a primeira mina de urânio no Brasil com participação da iniciativa privada em parceria com a INB. Ela irá produzir 1.500 toneladas por ano. A partir daí o Brasil pretende dar início à exportação do concentrado de urânio (4). Vale ressaltar que pela legislação brasileira a exportação de urânio só é permitida quando há excedente do produto no Brasil. Deste modo, o incentivo à mineração é estimulado não pela necessidade do mercado interno, mas para gerar excedente, já que esta é a única maneira legal para a exportação do produto.
Mas isso é só o começo. O Governo Lula da Silva quer reiniciar o processo de prospecção para detectar mais depósitos de urânio, especialmente na região amazônica. O poderoso lobby nuclear brasileiro pretende não apenas construir mais 60 usinas nucleares, mas transformar o Brasil em um grande exportador de yellow cake, como a Austrália, o Canadá e a Namíbia. Também pretende exportar urânio enriquecido. Mas antes que o novo processo de prospecção se inicie, deverá ser regulamentada, ou melhor, “liberada” (5) a mineração em terras indígenas, porque a maioria dos novos depósitos minerais está supostamente nestas áreas.
A Constituição Federal prevê o aproveitamento dos recursos hídricos das terras indígenas, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais, bastando para isso autorização do Congresso Nacional.
Deputados, organizados na Comissão Parlamentar para Mineração em Terras Indígenas, elaboraram o Projeto de Lei (nº. 1.610/1996) a fim de regulamentar a exploração mineral em faixa de fronteira e em terras indígenas. E em 29 de agosto de 2007, foi aprovado, pela Comissão de Minas e Energia do Congresso Nacional, o Projeto de Lei (nº. 3519/2004) que obriga a elaboração de estudo do potencial mineral em todas as terras indígenas que tenham pedido de demarcação. Caso transformado em Lei, a terra que tenha potencial de exploração mineral não será mais demarcada.
De acordo com as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), os maiores depósitos de urânio estão na região amazônica. A INB estima 150.000 toneladas de urânio no Complexo do Pitinga, no Município de Presidente Figueiredo (Amazonas), 150.000 toneladas no Rio Cristalino, no Sul do Pará, e mais 500.000 toneladas em áreas ainda não divulgadas.
Em 2004, o chefe do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Gert Rodolfo Woeltje, disse que o urânio de Pitinga pode ser exportado para a China (6). Por anos, a Mineração Taboca S.A, empresa do Grupo Paranapanema, explora a mineração de nióbio e outros minerais associados ao urânio, em Pitinga. A jazida é a maior polimetálica do mundo, detendo uma reserva total de 1,1 bilhão de toneladas contendo, além do nióbio (columbita/tantalita), estanho, tântalo, urânio, ítrio, zircônio, criolita e outras minerais de terras raras (7).
A Mineração Taboca – Mina de Pitinga está localizada na reserva indígena Waimiri- Atroari. Por causa deste complexo mineralógico e da construção da Hidrelétrica de Balbina para fornecer energia ao Complexo, os Waimiri-Atroari chegaram quase ao extermínio (8). A região do Complexo de Pitinga também possui os maiores índices de leishmaniose, devido à atividade de extração mineral e florestal (9).
A mineração de ouro, e outros minérios que se encontram na natureza associados ao urânio, pode resultar em graves problemas ambientais e de saúde às comunidades locais, por causa do rejeito radioativo e tóxico gerado pela mineração. É ainda desconhecido (ou ao menos não divulgado) o nível de urânio dos rejeitos das minerações e, portanto, do solo e da água da região. Já podendo haver uma contaminação radioativa nos rios e na área indígena Waimiri-Atroari.
A meta nuclear brasileira não se limita à mineração do urânio e à construção de usinas nucleares. O Brasil pretende exportar concentrado de urânio e combustível nuclear, além de ter iniciado em 2008, no Rio de Janeiro, o primeiro programa de construção de submarino nuclear da América Latina. Os reatores do submarino precisam de alto concentrado do combustível de urânio, o mesmo concentrado que é necessário para construir a bomba atômica.
No momento, os meios de comunicação começam a produzir campanhas com a falsa idéia de que a energia nuclear é limpa e segura. Acidentes em usinas nucleares, em complexos de mineração e com lixo radioativo são tratados como episódios isolados, devido à falha humana e à tecnologia obsoleta. A medicina nuclear surge como fada madrinha, salvando vidas.
Mas, estas campanhas falam da energia nuclear sem mostrar o custo ambiental e humano da mineração do urânio. Também ignoram os resultados de pesquisas médicas mundiais que comprovam a baixa eficácia da medicina nuclear, além dos malefícios do uso do Raio-X, conforme ainda é utilizado no Brasil (10).
É necessária uma Campanha Nacional que envolva o esclarecimento de todas as etapas do ciclo do combustível nuclear, porque não basta ser contra a construção da terceira usina nuclear em Angra e ignorar a destruição que está ocorrendo nas áreas de mineração do urânio. Também não basta ser contra a mineração na Bahia sem conhecer como está a situação do descomissionamento da primeira mineração em Minas Gerais.
O Brasil em sua totalidade está coberto pelo ciclo do combustível nuclear. Em Caetité (BA), ocorre a extração do elemento químico urânio das rochas da crosta terrestre (mineração) e, no mesmo local, ocorre a concentração deste urânio sob a forma de um sal de cor amarela, o yellow cake. Em seguida, o yellow cake vai para o Canadá, e também agora para Resende (RJ), onde é dissolvido, convertido em gás e reconvertido novamente em pó, em um processo que consome água pura, além de muito dinheiro público. Por fim, o urânio vira pastilha com uma circunferência exata para ser utilizada como combustível nas usinas de Angra. A INB informa (11) que realiza uma formatação rigorosa destas pastilhas. As aprovadas são acondicionadas em caixas e transportadas para as usinas de Angra. Porém, a INB esqueceu de informar, ao cidadão que acessa o seu site, sobre o que é feito com as pastilhas rejeitadas.
Portanto, este material altamente radioativo sai de Caetité (BA), vai para Resende (RJ) e depois para Angra dos Reis (RJ), passando por várias áreas residenciais, de produção alimentar e de preservação ambiental. O desfecho desta viagem se dá em Angra dos Reis, com o depósito do lixo radioativo gerado no funcionamento das duas usinas. Ainda se estuda o local ideal para a construção do depósito definitivo para os rejeitos das usinas de Angra I e II que começaram a operar, respectivamente, em 1982 e 2000 (12).
As conseqüências de um acidente com transporte radioativo precisam ser conhecidas pela população, independente de sua ocorrência. Isto se chama respeito ao povo brasileiro.
Não queremos conhecer os malefícios da mineração somente depois que ficamos sabendo da contaminação radioativa da água, da terra, do ar e das pessoas. Assim como, conhecer os malefícios das usinas nucleares depois de saber que Angra dos Reis tem o maior índice de óbitos por defeitos congênitos em relação a todos os outros municípios do Estado do Rio de Janeiro (13). O povo brasileiro tem o direito de conhecer o mal que cai sobre suas próprias cabeças e decidir se quer ou não este ônus para as suas vidas e de seus descendentes. O povo brasileiro tem o direito de dizer não à energia nuclear.
Nota
(1) REM: Rev. Esc. Minas, Ouro Preto, 61(2): 197-202, abr. jun. 2008




www.scielo.br/pdf/rem/v61n2/a14v61n2.pdf.

(2) INB – Indústrias Nucleares do Brasil, Atual Estágio de Desenvolvimento Tecnológico da Produção de Energia Nuclear no Brasil, Alfredo Tranjan Filho Presidente, Julho, 2008.
(3) GEÓRGIA REIS PRADO. Estudo de contaminação ambiental por urânio no município de Caetité-BA, utilizando dentes humanos como bioindicadores. 182 fls. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Ilhéus, 2007.
Zoraide Vilasboas integra a Coordenação de Comunicação da Associação Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça, Cidadania, – membro da RBJA. Contato para informações: assmpj@gmail.com
Ciclo do Perigo – Impactos da Produção de Combustível Nuclear no Brasil. 15 de Outubro de 2008. Relatório com denúncia de contaminação da água de Caetité (Bahia) por urânio. http://www.greenpeace.org/brasil/documentos/nuclear/ciclo-do-perigo.
(4) “É a auto-suficiência total, qualquer que seja o horizonte de nucleares, quatro, oito, as unidades de Angra. O país está trabalhando para chegar a 2014 dominando todo o ciclo de enriquecimento de urânio”, garantiu o superintendente de Produção Mineral das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Adriano Maciel Tavares. E acrescentou: “Nossa projeção, e estamos trabalhando para isto, é de que Caitité (BA) – mina de urânio explorada em parceria com a Galvani fertilizantes – possa também estar produzindo, em 2011, outras 800 toneladas. Então, ou teremos uma grande quantidade de urânio estocada, ou vamos ter que exportar”.
Fonte: http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/11/19/materia.2008-11-19.5404367645/view.
(5)”Em Roraima não se deve bater de frente com o Planalto. Representa esse Estado o senador Romero Jucá, que é pernambucano e hoje atua como líder do governo. Jucá tem interesses claros e bem definidos. É dele o projeto que regulamenta a mineração em terras indígenas. Regulamenta, não. Libera”. Entrevista do Antropólogo Eduardo Viveiro de Castro (Museu Nacional/UFRJ) sobre Raposa Serra do Sol. Estado de São Paulo, 20/04/2008.
(6) Acordo nuclear com a China pode beneficiar o Amazonas, 28/05/2004, A Crítica, Tema do Dia, p. A3.
(7) Cristina S. da Silva – DNPM/GO – E-mail: cris.silva@dnpm.gov.br, http://www.dnpm.gov.br/assets/galeriadocumento/sumariomineral2005/Ni%C3%B3bio%202005rev.doc
(8) BAINES, Stephen G. Imagens de liderança indígena e o Programa Waimiri-Atroari: índios e usinas hidrelétricas na Amazônia. Rev. Antropol. [online]. 2000, v. 43, n. 2, pp. 141-163. ISSN 0034-7701.
(9) CHAGAS, Andrezza Campos et al. Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) em uma vila de exploração de minérios – Pitinga, município de Presidente Figueiredo, Amazonas, Brasil. Rev. bras. epidemiol. 2006, v. 9, n. 2, pp. 186-192.
(10) Inge Lindemann
(11) www.inb.gov.br/
(12) O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou o livro “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2008 (IDS 2008)”. Nele, os pesquisadores constataram que apesar de produzir 13.775 metros cúbicos de resíduos radioativos, o Brasil ainda não tem depósitos finais para onde encaminhar esse material perigoso com segurança – com exceção do depósito de Goiás, com os rejeitos do acidente com o césio-137, ocorrido em Goiânia, em 1987.
Os rejeitos radioativos brasileiros são depositados, temporariamente, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo, no Instituto de Energia Nuclear (IEN), no Rio de Janeiro, e no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), em Minas Gerais, todos ligados à CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear). O Estado campeão na produção destes rejeitos é São Paulo, responsável por 36% do material que vai para os depósitos da CNEN, seguido por Rio de Janeiro (19%) e Bahia (18%), de acordo com dados do IBGE.
Fonte: Cassiano Sampaio com informações do IBGE www.conter.gov.br/portal//aplicacao/index.cfm?fuseaction=apl.MostrarDetalheNoticia&IdeNot=19
(13) Mistério em Angra. 26/12/2006. Governo vai analisar dados sobre óbitos por defeitos congênitos e Câmara pedirá estudo para verificar ligação com excesso de radiação.




www.conter.gov.br/portal//aplicacao/index.cfm?fuseaction=apl.MostrarDetalheNoticia&IdeNot=19. Acesso em 29.11.08

Márcia é Socióloga e Professora da FAETEC (Fundação de Apoio à Escola Técnica) no Rio de Janeiro. Durante a UNCED (Rio 92) organizou o Seminário “Amazônia 500 anos de Resistência Indígena e Popular”. Participou do Workshop “Uranium – A Blessing or a Curse?”, em outubro de 2008, na Namíbia.
Norbert é Jornalista Ambiental e colaborador do Ecodebate. Participou do Workshop “Uranium – A Blessing or a Curse?”, em outubro de 2008, na Namíbia.
Fonte: EcoDebate
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Nuclearização na América Latina: uma ameaça real

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artigo de Zoraide Vilasboas
A oficina sobre Nuclearização na América Latina – A volta de um velho fantasma? promovida pela Fundação Heinrich Böll no Fórum Social Mundial, em Belém do Pará (29/01/09), evidenciou que, desde 2005, a indústria nuclear intensificou seu agressivo lobby em diversos países da região, com forte influência nos setores legislativos e da política energética, tentando impor a implantação de usinas, sob o falso argumento de que a energia nuclear é uma fonte “limpa”, segura e concorre para combater o aquecimento global.
A Heinrich Böll é uma fundação alemã, sem fins lucrativos, ligada à coalizão partidária Aliança 90/O Verdes, que atua em 60 países incentivando o exercício da democracia, da cidadania e o diálogo internacional. Instalada pelo diretor do escritório da Heinrich Böll no Brasil, Thomas Fatheuer, a oficina, realizada em parceria com o Greenpeace, reuniu organizações da sociedade civil em mais um esforço da Fundação para impulsionar a reorganização do movimento antinuclear em torno de uma estratégia comum de enfrentamento da política energética sinalizada pelos governos da América do Sul.
Indústria “suja” e insegura
O ambientalista Sérgio Dialetachi, representante da Fundação Böll, apresentou um panorama abrangente do jogo pesado da indústria nuclear para avançar em vários países do Continente Sulamericano, especialmente no Brasil, onde é crescente a preocupação com a ameaça da expansão da exploração de urânio, a implantação de usinas de enriquecimento e de novos reatores, além da construção de submarinos nucleares. É uma indústria extremante cara e, apesar de já ter consumido muito dinheiro (cerca de 40 bilhões de dólares), não consegue evitar a incompetência técnicooperacional, nem a insegurança do setor.
“Além de ineficiente para responder à demanda de energia no Brasil, é “suja”, não só por causa da produção de lixo atômico, para o qual nenhum país do mundo encontrou solução, mas sobretudo do ponto de vista dos interesses envolvidos, em especial os militares. Não há no mundo um projeto bélico que não tenha começado numa usina nuclear, ou num projeto de produção de energia. Na Universidade de Chicago, em l942, onde funcionou o primeiro reator para geração de eletricidade, projetado para fins pacíficos, foram feitos os ensaios para a bomba de Hiroshima, de 1945. Então a ligação entre interesses militares, bélicos, está na origem do setor nuclear,” ressaltou Sérgio, demonstrando a intrínseca ligação entre os setores bélico e nuclear.

O programa nuclear paralelo desenvolvido no Brasil registrou diversos episódios ilegais, como “o do reator experimental dentro do IPEN, na USP, de onde foi contrabandeado urânio enriquecido para o Iraque, de Sadam Hussein, em 1981. Depois, a Aeronáutica construiu um poço estratégico para testes, no Porto da Serra do Cachimbo, no Sul do Pará, onde pousou o Legacy, que chocou com o avião da Gol. O poço só foi fechado em 1992, ferindo por 4 anos a Constituição Brasileira que proíbe a fabricação de artefato nuclear no país. A Marinha, por sua vez, tem um minireator teoricamente desenvolvido para um submarino, que o presidente Hugo Chavez propôs colocar na Amazônia Venezuelana, afirmando que poderá ser usado para a defesa em áreas remotas. A França se destaca no mundo como grande lobista nuclear. O presidente Sarkozy aqui esteve e vai ajudar a Marinha a terminar o submarino, que, há anos, não passa de uma maquete, enquanto o ministro da Defesa, Nelson Jobim, acha que não precisamos de um só submarino, mas de uma frota para defender o pré-sal frente aos EUA”, ironizou.
Comentando a série de fatos que expõem os dilemas do Programa Nuclear Brasileiro, Sérgio mencionou os problemas em unidades industriais, que tiveram que refazer projetos de engenharia, depois das obras iniciadas ou em funcionamento, como Angra 1 e a usina da INB, na Bahia; a insegurança em instalações e em processos produtivos, que resultam em contaminação do lençol freático, como em Caetité e em Interlagos, em São Paulo; os acidentes operacionais, ou com operários; o lixo atômico e descargas de rejeito radioativo, a céu aberto, como em Itu, e contaminação do solo pela usina de Santo Amaro, ambas em São Paulo.
Degradação social e ambiental
Avaliando a experiência nuclear na Argentina, o engenheiro Pablo Bertinat, do Cone Sul Sustentável, revelou que em seu país, a indústria nuclear deixa um passivo monumental, tendo acumulado milhares de toneladas de resíduo radioativo, especialmente em Córdoba, Mendoza e Salta. É uma dramática realidade que reforça “nossos argumentos de que a energia nuclear é desnecessária e temos alternativas de grande potencial e menos impactantes para resolver a problemática energética”. Até o momento, a indústria nuclear deixou danos ambientais catastróficos, e a Comissão Nacional de Energia da Argentina reconhece que as minas são irreparáveis e os prejuízos irrecuperáveis. O Centro Atômico Ezeiza, na província de Buenos Aires, por exemplo, está na mira da Justiça pelos elevados índices de urânio encontrados nas águas subterrâneas das proximidades. Pablo informou que a maior resistência contra essa fonte de eletricidade está nos setores diretamente ligados à atividade uranífera, nos movimentos que lutam contra a privatização da água e nos produtores de vinhos, de frutas, comerciantes dos mais afetados pela contaminação de mananciais.
Mesmo neste cenário de degradação ambiental e social, a ameaça de nuclearização da América Latina é real, com o Brasil dividindo com a Argentina a liderança nessa corrida. Ambos têm jazidas de urânio significativas, processo de enriquecimento em curso, usinas e minireatores. O Brasil já tem acordo de cooperação com a Venezuela, que firmou acordo com a Rússia para cooperação na produção de equipamentos. Outros países da América do Sul estão discutindo a fonte nuclear como alternativa para suas demandas de energia, como a Bolívia, Equador e Uruguai. O Peru e o Chile planejam construir usinas.
Angra 3: um projeto inviável
O descrédito na tecnologia nuclear foi analisado pelo engenheiro elétrico Ricardo Baitelo, ao explicar por que o Greenpeace atua contra o Programa Nuclear Brasileiro e comentar os estudos técnicocientíficos produzidos, a partir de 2007, com o intuito de esclarecer a opinião pública que Angra 3 é um projeto inviável do ponto de vista técnico, econômico e ambiental. “Existem alternativas mais baratas, eficientes e seguras para suprir a demanda de eletricidade e proporcionar o desenvolvimento econômico e social do país, a partir de uma matriz mais limpa, com participação maior das energias renováveis, sem a necessidade de eletricidade nuclear ou termoelétricas”, disse.
O Relatório “Cortina de Fumaça: Emissões de CO2 e outros impactos da energia nuclear” comprova que a produção de energia nuclear não evita emissões de gases do efeito estufa, não ajudando no combate das mudanças climáticas. Coordenador da Campanha de Energia Renovável do Greenpeace, Baitelo revelou que desde o anúncio da construção de Angra 3, “rebatemos todos os argumentos de que essa energia é “limpa” e não emite gás. A usina não emite na operação, mas a cadeia de produção gera emissões mais altas do que as energias renováveis, como a solar e eólica. A parte da mineração tem emissões bastante elevadas, o enriquecimento, o transporte também, sendo grande o custo ambiental, tendo ainda o encerramento da atividade, raramente computado”. Já o “Elefante Branco: os verdadeiros custos da energia nuclear” expõe a inviabilidade econômica de Angra 3, que custará de R$9 a 11 bilhões, bem além dos R$ 7,2 bilhões anunciados pelo governo. Este investimento daria para construir um parque eólico com o dobro da capacidade dessa usina, que é de apenas 1350 MW, sem gerar lixo e sem risco de acidentes.
Com o “Ciclo do Perigo – Impactos da Produção de Combustível Nuclear no Brasil”, o Greenpeace apresentou um quadro dos impactos sócioambientais e dos riscos da energia nuclear na Bahia, onde começa a produção do combustível que alimenta a Central Nuclear de Angra dos Reis. A organização denunciou contaminação radioativa em amostras de água usada para consumo humano, na área de influência direta da mineração da INB em Caetité, revelando uma presença de urânio maior que o índice permitido pela Organização Mundial de Saúde em dois, de 11 poços pesquisados.
Impactos da mineração baiana
Os relatos de organizações e movimentos sociais, que convivem com os problemas gerados do inicio ao fim da cadeia de produção da energia atômica, reafirmaram as análises críticas dos especialistas Sérgio Dialetachi e Ricardo Baitelo ao Programa Nuclear Brasileiro. O Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça, Cidadania, que acompanha as comunidades impactadas pela única unidade de produção de urânio em atividade no país, situada entre os municípios de Caetité e Lagoa Real, falou sobre a gravidade da situação. Em Caetité, município de 46 mil habitantes, localizado no Polígono das Secas, a 754 Km de Salvador, capital da Bahia, o urânio é extraído do minério, purificado e concentrado em forma de sal amarelo, indo para o Canadá, dali saindo para ser enriquecido na Alemanha, Holanda e Reino Unido, de onde volta para a Fábrica de Rezende (RJ), onde se conclui a geração do combustível.
“A INB, que é controlada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, começou a minerar em 2000, sem a Licença de Operação do IBAMA, só concedida em 2002. A empresa opera sem a licença definitiva da CNEN e descumpre condicionantes fixadas pelo IBAMA, não fazendo o controle da saúde da população e dos trabalhadores. Seus estudos hidrogeólogicos estão sendo questionados pelo Instituto de Águas da Bahia. São 9 anos de ilegalidades, com mais de 10 episódios, entre acidentes e incidentes, nas instalações, ou com operários”, disse a representante do Movimento Paulo Jackson.
A empresa foi acusada de imperícia e negligência pela CNEN, responsável ao mesmo tempo pelo fomento e fiscalização das atividades nucleares e radioativas no Brasil. A mesma CNEN que, contrariando suas próprias normas de segurança, renovou por mais de seis vezes a Autorização de Operação Inicial, porque a INB não consegue se enquadrar nas normas de segurança e radioproteção, que só admite a renovação dessa Autorização duas vezes. A empresa tem problemas técnicooperacionais, trabalhistas e também com o transporte do urânio, que atravessa cerca de 4O municípios e povoados até o porto de Salvador, onde é embarcado para o Canadá. Mas o conflito maior tem com os moradores do entorno da mina, que formam o setor mais atingido, não só por usarem água imprópria para consumo humano e animal, como pelo agravamento da disputa pela água, produto escasso na região e muito consumido pela INB.
Desde 2001, foi pedida ao Ministério Público Federal uma auditoria independente para avaliar o real impacto dos acidentes e de todos os aspectos relativos ao funcionamento da INB. Esta inspeção, finalmente, será realizada, conforme anunciou o Ministério Público Federal em Audiência Pública em Caetité, em novembro passado, atendendo histórica reivindicação das populações de Caetité e Lagoa Real.
Desrespeito aos Direitos Humanos
A oficina, mais uma vez, evidenciou que em todo mundo, o ciclo produtivo da energia nuclear, fonte de eletricidade insegura, cara, perigosa e poluente desde a sua origem, representa uma ameaça à vida, pelos riscos graves que são inerentes à atividade atômica. Demonstrou também que o drama vivenciado por populações da América Latina, que convivem com alguma das fases de produção da energia nuclear, é semelhante. Os problemas trazidos ao Rio de Janeiro, pela Eletronuclear, no processo de construção das usinas Angra 1 e 2, são mesmo similares àqueles decorrentes da implantação da indústria de beneficiamento de urânio em Caetité, onde as promessas de muito emprego e progresso não se concretizaram. Em compensação, os problemas sócio-ambientais nos dois estados se avolumam e os direitos humanos à saúde, à segurança no meio ambiente do trabalho, à informação, são desrespeitados impunemente.
“No início, a população não tinha idéia dos perigos que representavam aqueles empreendimentos. A Central Nuclear acabou com Angra. A sociedade civil não tem controle sobre o que acontece lá dentro. Nos inúmeros problemas ocorridos nas usinas, mandam relatórios para o prefeito, para a Defesa Civil, mas não explicam direito o que acontece. Usam termos técnicos e dizem que tudo está resolvido, que fazem o monitoramento, mas não temos acesso a nada.” afirmou Nádia Valverde, da Sociedade Angrense de Proteção Ecológica, Sapê. Já o plano de emergência é falho. Se acontecer algum evento que precise evacuar a população, não vai funcionar. Eles não têm estrutura médica e nem abrigos apropriados. Anualmente fazem uma simulação e cada ano sai pior, embora digam que estão melhorando o plano”, completou.
O coordenador da Sapê, Rafael Ribeiro, considera a decisão do governo de construir Angra 3, um modelo tecnológico projetado há cerca de 50 anos, como um dos piores equívocos da política energética brasileira, que, ignorando todos os argumentos técnicocientificos contrários, insiste em adotar essa ultrapassada energia, sustentando um polêmico e arrastado licenciamento, que acabará, ao arrepio das leis, permitindo a instalação da usina, mesmo sabendo que ao longo da construção não haverá solução para o lixo radioativo.
Rafael apontou a necessidade de ampliação da campanha antinuclear, particularmente no Nordeste, onde a Bahia, Sergipe, Pernambuco e Alagoas disputam uma das quatro usinas já anunciadas pelo governo. Ali, a Eletronuclear tem feito discussões em Legislativos, com os Executivos, “tentando minimizar a desconfiança que existe sobre sua competência tecnológica, como as questões ligadas à insegurança do funcionamento dos reatores e ao gerenciamento dos rejeitos, para vender a idéia de que a usina vai levar progresso. Precisamos reagir a essa estratégia da conversa doce, com o bolso cheio de dinheiro para os políticos e outro cheio de mazelas para a população,” enfatizou.
Catecismo de Santa Quitéria
Outro temor, comum às populações que vivem em locais onde se desenvolvem atividades do ciclo produtivo da energia nuclear, ocorre na área da saúde. Em Caetité, os casos de câncer são crescentes. Em Angra, o índice é alarmante, sendo o maior do Rio de Janeiro. Já no Ceará, a realidade de quem vive onde fica a segunda jazida de urânio a ser minerada no Brasil, é bem parecida com a baiana. Em Madalena, um dos municípios a ser impactado pela exploração do urânio de Itataia (CE), o padre Richard Cornwall tem uma lista de mais de 600 pessoas que morreram de câncer desde 1958. “Câncer é só um dos problemas de saúde causado pela radiação ionizante produzido pela fissão nuclear – e no nosso caso fusão nuclear, também – do teste nuclear. A contaminação da radiação ionizante é produzida pelo nuclearismo desde a mineração até a disposição final do lixo atômico. É incomparavelmente pior que qualquer outra contaminação que poderíamos encontrar. É invisivel e vai afetando a vida biológica hoje e por gerações futuras de formas imprevisíveis”, disse.
Padre Richard passou a pesquisar o nuclearismo desde 1999, quando soube de um teste nuclear atmosférico clandestino perto de Madalena, em 6 de agosto de 1957. Aparentemente houve 16 destes testes clandestinos no Brasil entre julho de 1957 e junho de 1958. E em resposta ao “Projeto Santa Quitéria”, que pretende explorar fosfato e urânio no Sertão Central a partir de Itataia, perto de Madalena, ele escreveu “O Catecismo de Santa Quitéria”. Ressaltando que fosfato e urânio, são altamente contaminantes, explicou que “o fluor emitido no processamento de fosfato é um gás, que contribui para o efeito estufa, uma das causas do aquecimento global. Por onde o vento leva este gás, tem menos safra agrícola e problemas de fluorose nos animais domésticos que resulta em juntas inchadas, perda de dentes, dor nos ossos, perda de peso, inanição e morte. Para cada tonelada de fosfato produzido, a indústria cria cinco toneladas de gípso radioativo”.
Segundo ele, o processamento de urânio só consegue tirar l5% do urânio destes rejeitos do processamento de fosfato. Todos os rejeitos radioativos desta mineração e o processamento vão produzindo gás radônio, radioativo por dezenas de milênios. O vento e a chuva espalha este material radioativo, contaminando o meio ambiente. Com o tempo, chega a contaminar qualquer água subterrânea. Por onde passa o gás radônio, os índices de câncer são mais altos. “Além do mais, o material produzido no Sertão cearense não vai ficar aqui, deve ir para China e India, através de bancos norteamericanos. A mineração de urânio em grande escala serve principalmente para armamentos nucleares e usinas nucleares. O mundo não precisa de toda esta contaminação”, concluiu.
Radiação sem controle
“A insegurança, a intranqüilidade, o medo, mas também a disposição de lutar contra o programa nuclear brasileiro identificam as vítimas do setor nuclear, caracterizado pela imposição de um sigilo estratégico, pela falta de informação, de transparência e de controle social”, disse Odesson Alves, da Associação das Vítimas do Césio-137, ao falar do maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo, ocorrido fora das usinas nucleares, símbolo maior do desleixo e da incompetência do poder público.
Falando sobre o drama das 1.600 pessoas que, em 1987, tiveram suas vidas totalmente transtornadas, perderam seu passado, sua identidade, Odesson ressaltou que “até hoje essas famílias sofrem com a falta de assistência do estado e o preconceito. A tragédia de Goiânia exibiu a irresponsabilidade da CNEN com as pessoas atingidas e o descaso com as fontes radiológicas existentes no Brasil, onde, segundo a Associação de Fiscais em Radioproteção Nuclear, existem mais de 30 mil fontes sem controle pelo governo federal,” concluiu.
* Zoraide Vilasboas, da Coordenação de Comunicação da Associação Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça, Cidadania, é colaboradora e articulista do EcoDebate.

Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2009/03/14/nuclearizacao-na-america-latina-uma-ameaca-real-artigo-de-zoraide-vilasboas/
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O Presente dos Radioacidentados

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Em relação ao presente dos radioacidentados creio que implicitamente está na carta, mas tentarei descrever que apesar dos muitos aproveitadores que buscam ser vítimas para receber uma bagatela de 510,00 por mes, podemos dizer que aqueles realmente vitimados estão divididos em grupos, seja:



o grupo I  é aquele mais atingido, hoje são idosos, muitos estão doentes, mas não arriscaremos dizer que a causa seja o acidente, até porque são doenças que stão relecionadas com a idade (osteoprorose e hipertenção, apesar de ter começado precocemente,  gastrite, úlcera e principalmente depressão com entregas ao vício de toda ordem).





o grupo II numa situação parecida, porém mais preocupante, pois a maioria é de jovens adultos que eram crianças na epoca, hoje a maioria deixou estudar muito cedo, tambem foram pais e mães precocemente, além do alto uso de drogas ilícitas e/ou mesmo aquelas liberadas. Estes dois grupos recebem aquela maravilhosa pensão de 510,00 reais, perfasendo um total de 468 pessoas estas são pensionistas do estado.

250 pessoas foram contemplados com pensões do governo federal, mas este número não acrescenta ao anterior, o número está inserido, ou seja elas recebem as duas pensões, nesse caso 1,020,00 reias. estamos lutando para que as 218 restantes recebam também as duas pensões.

Estas pessoas são seguradas pelo Instituto de Previdência e Assistência do Servidor Público de Goiás (IPASGO), aquele mesmo que foi condenado como um dos culpados pelo acidente, é válido salientar que todos pagam 11% de seus vencimentos, são isentos nas consultas, exames e internações em apartamentos. Os exames, mesmo de alta complexidade são isentos. Os grupos I e II deveriam cumprir um agendamento de consultas e uma bateria de exames semestral e anual consecutivamente, mas nem sempre seguem a regra mesmo sabendo que se trata de seu futuro. Vamos dar a César o que é de César.




Quanto ao grupo III está nossa maior preocupação, ele não recebe pensão e não tem assitencia da entidade criada para esse fim. São os vizinhos dos focus, parentes diretos que tinham uma relação próxima com as vitimas diretas e os trabalhadores que vigiaram os focus, que domoliram e transportaram os regeitos e aqueles que trabalharam diretamente com as vitimas.





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O Brilho da Morte de Luiz Eduardo Jorge









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Voce percebe como é complicado falar do césio? Então, é por isso que faço questão de estar a frente falando do acidente, mas até eu me enrolo pra explicar. O fato é que as autoridades criaram tres leis com o mesmo conteudo e propósito em datas diferentes.

Quando disse que dê a cesar o que lhe pertence, não estou dizendo que maravilha que somos isentos, não! Apenas estou sendo justo, pois existem pessoas afirmando não receber nada. Outros lutam para que suas esposas tenham essa isenção, mesmo essas não terem nenhuma ligação com o desastre, apenas cônjuge, vale ressaltar que a ciência não diz sobre possível consequência por causa das relações, já quanto aos filhos estes estão garantidos enquanto menores. 

Não sei estou certo, mas não concordo que as esposas tenham os memos direitos se estas não viveram o acidente. Enfim, penso que se abrir para todos que se julgam merecedores, daqui um pouco aqueles realmente radioacidentados ficarão sem o benefício ou então eu não poderei estar aqui no meio da sociedade, pois devo ainda estar contaminado e transmitirei a quem tiver contato comigo. Quanto aos filhos defendo que estes sejam acompanhados por longo tempo sim, pois não sabemos ainda sobre as possíveis mutações genéticas.    
      
Sou testemunha que muitos procuram a justiça apenas pelo dinheiro, quando falamos da importância do acompanhamento mádico, eles dizem estar ótimos de saúde, portanto não precisam, já com o dinheiro se precisar a grana está no bolso.

Só pra você ter uma ideia a entidade gasta comigo em média 300,00 reais por mes, imagina se eu tivesse que comprá-los todo mês! E olha que as vezes eu compro para não interromper o tratamento, o serviço público é lento e burocrático e as vezes a compra demora mais que necessário. 



Estou tratando de diverticulite difusa, hipertensão de grau médio, esteatose, gastrite e prostatite aguda. É pouco? Então acrescente ai, atalectazia, bronquite e pra variar, a danada da depressão que se bobeio afundo de vez. Mas vamos lá, bola pra frente que atras vem gente, ou não.

Fonte: Troca de emails com Odesson Alves Ferreira - Presidente da AVCésio
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