Related Posts with Thumbnails

COFRES E BOLSOS

0

Posted in


Rio de Janeiro, 27 de Fevereiro de 2012
         Vamos falar de valores. Vamos lembrar do legado deixado pelo programa nuclear paralelo, nos tempos da ditadura, cujos funcionários nos dias de hoje integram a estatal. Um quinto da nossa divida externa, em 1985, era responsabilidade das milionárias remessas para o programa nuclear.
         Até chegar o dia, no caso se tratava de setembro de 1987, de anunciarem que o Brasil já possuía tecnologia própria para enriquecer urânio a 20%. A conquista se deu em 1985, mas seu anuncio veio mais tarde. Transparência e integridade são termos inexistentes na temática nuclear. E esta epidemia, infelizmente, é internacional.
         Gostaria de saber qual o retorno a população responsável pela implementação de tal medida? Quero saber o efeito real na vida de quem tem fome mas não tem estrutura, que fizeram com que o programa nuclear paralelo valesse as penas, e os custos. Pois são estes, e outros mais, que alimentam os cofres com o que havia em seus bolsos.
         O retorno a população não deveria ser o pilar das engrenagens? Ou a população continuará a dividir interesses, terras, águas, dessa disputa desleal?
Read More

Rio+20 começa em Itacuruba

0

Posted in


     Entre os dois eixos da Transposição de águas do Rio São Francisco, em direção ao território Pankará, onde o governo pretendeinstalar a primeira usina nuclear do Nordeste, no coração do Semiárido em período de seca, uma marcha de indígenas,quilombolas, movimentos sociais, populações urbanas, igrejas, homens, mulheres e crianças, inaugura a Rio+20 em pleno sertãode Pernambuco no dia 3 de junho.
       As grandes obras não resolveram o problema do povo, uma usina nuclear  tende a piorar o que  é ruim. Não queremos maisuma grande obra, dessas que destroem a biodiversidade, contaminam as águas, poluem o ar, ameaçam as pessoas e aindapodem deixar lixo atômico para as gerações que viverão nos próximos 100 mil anos.
      Queremos investimentos na Convivência com o Semiárido, queremos água através das adutoras para o meio urbano, garantia dosterritórios das comunidades tradicionais, agroecologia, educação, saúde e a revitalização do São Francisco.
    Tudo que nos prometeram falhou. Nenhuma grande obra nos ajudou.  temos alguns resultados nas políticas sociais simples,que chegaram dentro de nossas casas, que ajudaram a melhorar nossas vidas, lembrando que boa parte delas vieram por meio daação da sociedade civil organizada, das ONG's, das igrejas e não diretamente dos governos.
     Venham marchar conosco. Dia 3 de junho, 6h da manhã, sairemos do trevo de Itacuruba, entre Belém do São Francisco eFloresta. Vamos inaugurar a agenda dos movimentos sociais, com mobilizações que se estenderão ao mundo inteiro.
     A Rio+20 – particularmente a Cúpula dos Povos - começa no dia 03 de junho, em Itacuruba, sertão de Pernambuco.

O quê? Marcha das Águas
Onde? Itacuruba – PE
Quando? 3 de junho de 2012

Realização:
Articulação Popular São Francisco Vivo
Projeto Cultura de Paz
Diocese de Floresta

Apoio:
MESPE
KINDERMISSIONSWERK
CESE
PREFEITURAS
GRE FLORESTA

Facebook: Marcha das Águas
Read More

A Cronologia dos Fatos – Descontaminação das Pessoas

1

Posted in ,


Na mesma madrugada em que os técnicos chegaram à cidade, foi determinado que as vítimas fossem retiradas de suas casas e levadas ao Estádio Olímpico de Goiânia, local onde se fez a primeira triagem, como mostra a Figura 23. (REDE GLOBO, 2007)

De acordo com uma das vítimas, a senhora Lourdes das Neves Ferreira, “lá eles foi passando o aparelho, aí eles foi separando, uma parte que tinha q ir pro hospital; outra que eles achava que não precisava né, que ia ficar lá no estádio”. As vítimas mais graves já haviam sido internadas em hospitais da cidade, mas a equipe decidiu reuni-las no Hospital Geral de Goiânia (HGG). Com a triagem feita baseada na sintomologia, no dia 1º de outubro, seis vítimas foram encaminhadas ao Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD), no Rio de Janeiro, que segundo Nelson Valverde, da Divisão de Medicina do Trabalho e Assistencial do Departamento de Saúde de Furnas Centrais Elétricas, era “considerado o hospital de base, de referência da CNEN para emergências desse tipo”. As vítimas eram: Roberto Santos Alves, Wagner Motta, Leide das Neves Ferreira, Ivo Alves Ferreira, Devair Alves Ferreira e Ernesto Fabiano. Passados alguns dias, mais outras vítimas foram transferidas para o HNMD, entre elas, Maria Gabriela Ferreira. (BRANDÃO, 1988; OLIVEIRA, 1988; VALVERDE, 1988; DIRETORIA DE SAÚDE DA MARINHA DO BRASIL,1988; REDE GLOBO, 2007)

A descontaminação das vítimas consistiu em três processos: descontaminação externa, tratamento das radiolesões e descontaminação interna.

Descontaminação externa
O primeiro passo para a descontaminação das vítimas era retirar o pó da pele, das unhas e do cabelo. As unhas foram aparadas, os cabelos cortados e a pele foi sendo descontaminada por processos químicos. A rotina consistia em vários banhos diários, com água morna e sabão neutro. Em alguns pacientes utilizou-se vinagre para aumentar a solubilidade do césio. (BRANDÃO, 1988; OLIVEIRA, 1988; VALVERDE, 1988; REDE GLOBO, 2007)
Também foram usadas pomadas à base de lanolina e dióxido de titânio, que, ao serem removidas, descamavam a pele. Em seguida, os pacientes foram submetidos a banhos com soluções de permanganato de potássio e hipoclorito de sódio, por suas ações antisépticas. A preparação de resinas catiônicas carregadas com azul-da-prússia também foram de importância fundamental para retirar o césio impregnado nessas pessoas. (BRANDÃO, 1988; OLIVEIRA, 1988; VALVERDE, 1988; MEDEIROS, 1988)

Tratamento das radiolesões
A exposição à radiação resultou em diversas conseqüências, entre elas, lesões externas chamadas radiodermites. Geraldo Guilherme da Silva, que carregou a peça no ombro até a sede da Vigilância Sanitária, e Luisa Odete dos Santos, em quem Ivo passou o pó no pescoço, sofreram logo os efeitos causados pela radiação na pele. (ASSOCIAÇÃO DAS VÍTIMAS DO CÉSIO-137)
Geraldo teve, no ombro, uma lesão resultante da radiação à qual se expôs carregando a fonte de césio-137. Luisa Odete teve uma radiodermite no pescoço em conseqüência do contato direto com o pó radioativo. As radiolesões surgem inicialmente como uma vermelhidão, o eritema, rapidamente acompanhada de coceira intensa e sensação de dormência. Em seguida, aparecem bolhas dolorosas, e finalmente, as bolhas se rompem resultando em feridas. O tratamento das radiolesões das vítimas do césio consiste na utilização de água boricada como anti-séptico; soluções e pastas à base de tanino, de óleo de babosa e de substâncias antiinflamatórias e o uso externo de creme de Neomicina, que é uma substância antibiótica. (DIRETORIA DE SAÚDE DA MARINHA DO BRASIL, 1988; OLIVEIRA, 1988)
Em alguns pacientes, houve a necessidade de se fazer um debridamento cirúrgico, um processo utilizado para remover o tecido necrótico. Em outros, a necrose era tão grande que foi necessária a realização de uma amputação cirúrgica, como foi o caso de Roberto Santos Alves, que teve seu antebraço amputado. (DIRETORIA DE SAÚDE DA MARINHA DO BRASIL, 1988)

Descontaminação interna
A descontaminação interna consistiu na decorporação através da sudorese e tratamento com azul-da-prússia. Para acelerar o processo de sudorese utilizou-se sauna e exercícios ergométricos. (OLIVEIRA, 1988)
Em relação ao tratamento com azul-da-prússia, sabia-se que a descontaminação tinha resultado se fosse efetuada nas primeiras 48 horas após a contaminação. Mesmo assim, decidiram usar o elemento, muito embora o tratamento tenha se iniciado duas semanas após a contaminação. A Dra. Rosana Farina, do HGG, que trabalhou no processo de descontaminação, afirma que “[...] foi correto o tratamento com o Azul da Prússia, [...]. Além de não apresentar efeitos colaterais, verificou-se que, quanto maior a dose ministrada, maior a excreção de césio pelas fezes.” (FARINA, 1988; OLIVEIRA, 1988)
O césio, segundo informações dos Arquivos Brasileiros de Medicina Naval do Hospital Naval Marcílio Dias: [...] é absorvido de forma integral ao nível dos intestinos e excretado por via urinária e gastrintestinal [...]. Ocorre, no entanto, a excreção do elemento, no lúmen do trato gastrintestinal, entre o estômago e o intestino delgado. Portanto, neste trecho, age o “Ferrocianeto Férrico” (azul-da-prússia), quelando o rádio césio, com ele formando macromolécula, não absorvível e que é eliminada pelas fezes. Graças à ação quelante do azul-da-prússia, ocorre a inversão da relação excretora urina/fezes, com maior excreção fecal. [...]. (DIRETORIA DE SAÚDE DA MARINHA DO BRASIL, 1988, p. 49)
Para os médicos, a utilização maciça do azul-da-prússia foi essencial para que a eliminação do césio-137 fosse mais rápida. 
Read More

A Cronologia dos Fatos – Descontaminação de Animais e Vegetais

0

Posted in ,


O césio-137 fez vítimas por onde passou e nem os animais e vegetais
conseguiram escapar das terríveis conseqüências. Como mostra a Figura 21, animais domésticos estiveram nos locais contaminados e se tornaram fonte de contaminação, razão pela qual tiveram de ser sacrificados. (FERRAZ, 1988, p. 29-32; REDE GLOBO, 2007)
         Em 40 dias, todos os vegetais plantados dentro de um raio de 200 metros de distância do ponto crítico, estavam contaminados. A mangueira do quintal de Roberto Santos Alves, na Rua 57, foi a principal atingida. O cloreto de césio absorvido pelas raízes espalhou-se por todas as partes da árvore. Amostras coletadas em 19 de outubro foram analisadas no Centro de Energia Nuclear na Agricultura, da USP, em Piracicaba e os resultados mostraram folhas com contaminação de 3 a 4 x 106 Bq/kg, pedaços de casca e lenho periférico com contaminação em torno de 1 x 106 Bq/kg, frutos maduros com contaminação de 0,8 a 1,5 Bq/kg e frutos verdes com contaminação três vezes menos que os frutos maduros. (FERRAZ, 1988, p. 29-32;)
As árvores frutíferas ao redor do foco principal tiveram de ser podadas, a fim de se evitar que os habitantes consumissem seus frutos contaminados. Já as mangueiras no quintal da casa nº 68, foram completamente arrancadas e se tornaram lixo radioativo. (FERRAZ, 1988, p. 13; FERRAZ, 1988, p. 29-32)
Read More

A Cronologia dos Fatos – Início do processo de descontaminação

0

Posted in ,


Sobre o tapete colocado à sombra de duas mangueiras, mostradas na Figura 18, foi derramada uma pequena porção de césio-137 com atividade de centenas de curies. (FERRAZ, 1988, p. 29-32)
Comprovado o acidente nuclear, cinco residências da Rua 57 foram
isoladas. O tapete foi retirado e embora não houvesse mais a circulação de pessoas, os animais permaneciam no local, o solo continuava desprotegido e o vento espalhava o pó radioativo, sendo que as folhas das mangueiras  também já estavam contaminadas. Já se sabia que, atraídos pelo brilho azul, pessoas manipularam, ingeriram e espalharam o césio entre amigos e parentes. Com isso, diversas crianças, adultos, animais e locais já estavam contaminados. (ASSOCIAÇÃO DAS VÍTIMAS DO CÉSIO-137, 1993; FERRAZ, 1988, p. 29-32)
Os principais focos de contaminação foram a casa de Roberto Santos Alves, na Rua 57; a casa de Ovídio, na Rua 63; o ferro velho de Devair Alves Ferreira, na Rua 26-A; o ferro velho de Ivo Alves Ferreira, na Rua 6; o ferro velho do Joaquim, na Rua P-19; a casa da fossa de Ernesto Fabiano, na Rua 17-A e a Vigilância Sanitária, na Rua 16-A. O processo de descontaminação foi difícil, pois além de oferecer riscos às pessoas envolvidas, o cloreto de césio já havia se espalhado por diversos locais. De acordo com João Alfredo Medeiros, do Laboratório de Análise Mineral do IRD, “procurar cloreto de césio em Goiânia era a mesma coisa que procurar um punhado de sal perdido em algum quintal da cidade”. (MEDEIROS,
1988; SOCIEDADE BRASILEIRA DE FÍSICA, 1988)
Os técnicos entravam rapidamente nos locais a serem descontaminados e utilizavam sistemas dosimétricos. Por se tratar de uma emergência, foi estabelecido um limite diário de exposição de 150 mrems, dose considerada alta. A Figura 19 mostra como os técnicos se protegeram no processo de descontaminação. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE FÍSICA, 1988)

Apesar da dose de limite diário ter sido alta, segundo Rex Nazaré, em resposta a um questionário feito pela Sociedade Brasileira de Física, somente 3% das pessoas envolvidas no processo de descontaminação atingiu o limite diário e não houve constatação de casos de contaminação externa ou interna dessas pessoas. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE FÍSICA, 1988).


Read More