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Ministério Público Federal determina suspensão das obras de Angra 3

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O Ministério Público Federal (MPF) em Angra dos Reis recomendou a suspensão das obras de construção da Usina Nuclear Angra 3, no litoral sul fluminense, até que a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) faça uma análise probabilística de segurança e acidentes severos. Caso a recomendação não seja atendida no prazo de dez dias, o MPF ajuizará uma ação civil pedindo o seu cumprimento.
O procurador Fernando Amorim Lavieri, que fez a recomendação na noite de de quinta-feira (24/6), informou que uma norma da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) prevê que essa análise seja feita antes do licenciamento de usinas nucleares. Segundo ele, no caso de Angra 3, a licença concedida pela Cnen determina que o estudo seja apresentado no relatório final de análise de segurança.
Na opinião do procurador, “foge a qualquer critério de racionalidade admitir que estudos que devem ser considerados na aprovação/elaboração da usina sejam apresentados somente após a sua construção”. “Se a análise for concluída apenas no fim das obras, não tem como ser usada no projeto de Angra 3. Não tem lógica”, afirmou Lavieri.
O procurador informou que a Cnen tinha conhecimento dessa norma da Aiea desde 2008, época em que foi expedido um relatório de funcionários da área técnica do órgão regulador sobre o tema.
Na recomendação, Lavieri lembra que o projeto de Angra 3 é da década de 70 e, portanto, anterior ao acidente da Usina Three Mile Island, em 1979, nos Estados Unidos. A partir desse acidente foram feitas várias modificações nas normas de segurança nuclear.
O procurador acredita que o problema será resolvido de forma amistosa, sem que seja preciso recorrer a uma ação na Justiça. “Acho que, se prevalecer o bom-senso, vão acolher a recomendação e não haverá necessidade de ação civil. Se for à Justiça, pode demorar demais”, disse Lavieri.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear concedeu, no dia 31 de maio, licença definitiva para a construção de Angra 3, um investimento de R$ 8,4 bilhões.
Até agora, a Agência Brasil não conseguiu entrar em contato com a Cnen e a Eletronuclear, responsável pelas obras de Angra 3.

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Programa nuclear carece de fiscalização

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A proposta de conversão de urânio em combustível nuclear, parte do Programa Nuclear Brasileiro, precisa de um "aprofundamento" para esclarecer se essa etapa do ciclo de enriquecimento no país é ou não economicamente viável, e, ainda, se é uma questão estratégica ao país. A avaliação consta das reflexões críticas sobre a política nuclear, de técnicos encarregados do Portal do Planejamento, criado para análise das políticas públicas. O texto também questiona a escolha do Nordeste como região de construção das quatro usinas nucleares previstas para 2030, por conta da sua distância para a fábrica de enriquecimento de urânio, em Resende (RJ).
Na sexta-feira, o Portal foi retirado do ar, depois que o Valor publicou suas críticas a ações do governo. A reportagem tem cópias de documentos divulgados antes da censura. O Portal foi criado pela Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos (SPI), órgão do Ministério do Planejamento, com o objetivo declarado de instrumentalizar o debate sobre políticas públicas.
Ontem, ao entrar na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), o ministro do PlanejamentoPaulo Bernardo, disse que o portal voltará a ser veiculado na Internet, mas não soube informar quando. "O portal causou incompreensão e nos deixou em uma situação constrangedora porque era para ser um portal de debate", afirmou. "Há alguns problemas: a avaliação crítica feita sobre algumas políticas não levou em conta a opinião dos ministérios", comentou. "O (ministro da Educação) Fernando Haddad me ligou e reclamou com razão; o mesmo ocorreu com a reforma agrária e o ministro (do Desenvolvimento Agrário) Guilherme Cassel", disse.
"Ficou ruim; embora consideremos normal e democrático os técnicos fazerem considerações, isso não pode ser atribuído ao ministro e ao ministério", desabafou o ministro. "Não se pode achar que tenho a obrigação de defender o que cada técnico diz, porque, primeiro, eu posso não concordar com o técnico e, segundo, eles também podem não concordar entre eles". O conteúdo do Portal, anunciado na quarta-feira passada como resultado de um trabalho institucional da SPI não traz artigos identificados por autor, ao contrário do que ocorre em outras páginas institucionais, como as do Banco Central ou do Ipea.
A principal reflexão do documento da política nuclear trata da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN): "Não é recomendável que uma organização que produz e desenvolve tecnologia nuclear seja sua própria fiscalizadora". O texto destaca que há pressão internacional para que se promova a separação dessas funções, como no resto do mundo. É pela lei no. 6.189, de 1974, que a CNEN acumula, em monopólio, as funções de fiscalização, pesquisa, desenvolvimento e produção nuclear no país.
Outra crítica do documento diz respeito aos "interesses díspares" entre a Marinha, que detém as ultracentrífugas necessárias para o ciclo do combustível nuclear, e a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), estatal que fabrica o combustível nuclear no país.
Sobre os conflitos de interesse entre Marinha e INB, o documento indica que a Marinha não desejaria arcar com o custo de uma nova fábrica de ultracentrífugas e que não pretenderia transferir tecnologia à INB. Cita ainda que a INB, por legislação, não pode direcionar recursos à Marinha.
Mesmo reconhecendo esforços do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) - responsável pela política nuclear - para resolver esse impasse, o portal destaca que não foram identificadas brechas que pudessem financiar a construção da fábrica. Segundo o documento, "não está claro porque o próprio MCT não realiza diretamente o destaque (orçamentário), de interesse da INB, para a Marinha do Brasil".
Estima-se que, entre 2016 e 2027, a energia nuclear poderá responder por 40% da matriz energética mundial, mas, no Brasil, hoje, ela é de cerca de 3%.
O relatório que foi ao ar no portal do Planejamento também retoma críticas feitas ao programa nuclear brasileiro pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que havia questionado a falta de dispositivos de segurança e a idade média elevada, de 52 anos, dos recursos humanos da CNEN. O estudo do Planejamento conclui que, no cenário de envelhecimento da força de trabalho do setor, em que 40% dos trabalhadores estão na iminência de se aposentar, é "evidente que se o Brasil quiser promover nova arrancada na área nuclear, deverá produzir política específica de capacitação do setor".
É na avaliação sobre a segurança das instalações que se indica os riscos da distância entre as novas usinas do Nordeste e Resende. Segundo o texto, como a logística de transporte do urânio enriquecido é "extremamente sensível", que deve ser levada em conta na localização das novas usinas a fim de que, do transporte do combustível, não resulte elevação relevante do custo de operação destas novas unidades.
Ipsis Literis
"A tecnologia para enriquecimento de urânio, via utilização de ultracentrífugas, é de domínio da Marinha. Contudo os interesses da Marinha e da Indústrias Nucleares Brasileiras (INB), empresa pública responsável pela fabricação do combustível nuclear no Brasil, parecem ser díspares. A INB precisa adquirir centenas de ultracentrífugas para, já em 2011, possibilitar que o país pudesse enriquecer 60% da demanda de Angra 1 e 2, em contraposição aos cerca de 20% atuais. Contudo a Marinha, hoje, não possui capacidade de produção para atender a essa demanda."

Fonte: Valor Econômico - 23/06/2010
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Avanços tecnológicos e os perigos da energia nuclear

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Merece destaque e a nossa máxima atenção a ocorrência sucessiva e cada vez mais freqüente de desastresambientais provocados pelas atividades humanas. Levando-nos a uma desconfiançanecessária que temos de ter perante as afirmações que nos fazem como sendo credíveis e infalíveis processos e tecnologias existentes.  


O exemplo mais contundente é o desastre provocado pela explosão e afundamento da plataforma Deepwater Horizon de exploração petrolífera da British Petroleum (BP) acontecida nodia 20 de abril último, e que dia após dia tem atingindo proporções catastróficas. Os números são bastante controversos, todavia o derrame de petróleo pode teralcançado entre 1 milhão de barris a valores superiores a 170 milhões debarris. É, de fato, uma tragédia ambiental de proporções gigantescas, e quetambém começou por ser uma tragédia humana, com a morte de 11 trabalhadores quando da explosão da plataforma. Sem dúvida esta tragédia se transformou numdos piores desastres ambientais da humanidade.


O exemplo recente desta tragédia do Golfodo México, permitiu um conhecimento valioso para a discussão de um outro tema onde a argumentação se repete: a energia nuclear. Dizem-nos alguns que os avanços tecnológicos já retiraram os perigos desta fonte de produção de energia, chegando mesmo a afirmarem que o risco é zero ou praticamente inexistente. Mas, como percebemos, é conversa para se desconfiar, pois tentam defender algo indefensável. Mesmo sem termos de recorrer aos argumentos do alto custo daenergia nuclear, da incapacidade de tratamento dos resíduos produzidos (ochamado “lixo nuclear”) e das emissões de gases de efeito estufa durante ociclo de produção (desde a mineração do urânio, o transporte, o enriquecimento, a posterior desmontagem da central eo processamento e confinamento dos rejeitos radioativos); a discussão passa hoje pelos exemplos que vamos tendo. Este desastroso acidente com derramamento de petróleo mostrou-nos de que o desenvolvimento científico etecnológico nas diversas áreas não é infalível e, por outro, mostrou a enorme fragilidade humana perante a força da natureza. A pergunta então, que não quer calar, diz respeito aos limites que devem ser respeitados no desenvolvimento detecnologias que implicam riscos muito graves.


Atualmente verifica-se que são feitas afirmativas peremptórias de que as usinas nucleares apresentam alto grau de excelência tecnológica, como principal fatorde garantia da segurança e o aumento da confiabilidade. Há uma tentativa de tranqüilizar as pessoas, afirmando que a evolução tecnológica dos últimos 30 anos levou as usinas nucleares a se modernizarem e serem praticamente imunes em relação a acidentes. São citadas nos discursos “de perigo zero” as novas usinas que já estão em operação, às chamadas de 4ª geração que utiliza o conceito de “falha para a segurança”. Nestas usinas, afirmam que quando ocorrem falhas de operação, estas são corrigidas, levando a uma condição mais segura do que a anterior, ou seja, a correção das falhas se dá automaticamente, sem requerer necessariamente a intervenção dos operadores. Como se isto bastasse e fosse suficiente para impedir acidentes. É só verificar e comparar, que mesmo com os enormesavanços tecnológicos da indústria aeronáutica, acidentes ocorrem, como foi ocaso do Airbus 330-200 da Air France/AF477, pérola da indústria aeronáutica no que diz respeito à automatização esegurança.


Sem dúvida a segurança das usinas nucleares teve avanços importantes, mas, seu relativo controle é suscetível a fatores humanos. Não podemos apagar dos arquivos da memória, acidentes nucleares ocorridos nos últimos anos.


O acidente nuclearde Chernobyl, no dia 26 de abril de 1986, é simbólico. Umdos reatores da usina sofreu uma explosão de vapor, causando um incêndio. Diversas explosões se sucederam e acabou ocorrendo o derretimento do núcleo do reator. Foi produzida uma nuvem de radioatividade que atingiu a União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia e parte do Reino Unido. A contaminação foi 400 vezes maior que a da bomba de Hiroshima. Milhares de pessoas morreram ou ficaram gravemente doentes após o vazamento e mais de duzentas mil pessoas foram evacuadas de suas casas. Como a contaminaçãoainda causará o câncer em muitas pessoas é difícil estimar o número de mortos, em consequência do acidente. Acredita-se que 4 mil pessoas morrerão de doenças relacionadas. Ao todo 47 trabalhadores morreram no acidente e 9 criançastiveram câncer de tireóide.


Com relação ao pior acidente nuclear da história, alguns chegam a afirmar que Chernobyl foi mais um acidente da antiga União Soviética do que propriamente um acidente nuclear. É um sofisma daqueles que defendem o uso da energia nuclear para produzir energia elétrica. Alegam que o modelo de usina de Chernobyl tinha padrões de segurança inferiores aos das usinas ocidentais, e que os planos de emergência existentes hoje são cada vez mais eficientes e eliminam perigos da dimensão de Chernobyl.


O que devemos levar em conta é o que dizem os especialistas, que não negam que haja perigo nas usinas núcleoelétricas; e não os defensores da tecnologia nuclear que dizem que com as melhorias introduzidas no projeto das usinas e os avanços tecnológicos obtidos, aliados com o aperfeiçoamento do treinamento dosoperadores, praticamente garantem que a hipótese de acidentes pode ser excluídado ponto de vista prático. Menosprezam a hipótese de acidentes utilizandonúmeros provenientes de análises probabilísticas de segurança, e assim comparam como de mesma magnitude, as probabilidades de ocorrer uma grande liberação de material radioativo numa usina nuclear, com a probabilidade de um cometa atingir a Terra.


Não podemos acreditar naqueles que nos dizem que a tecnologia nuclear amadureceu e é infalível, porque percebemos que esse argumento é simplesmente utilizado por mero recurso retórico, tentando assim esconder os reais perigos. É inaceitável sequer considerar os dados estatísticos que indicam que é mínimo o risco, pois mínima também era apossibilidade da existência da explosão na plataforma da BP, ou a erupção dovulcão islandês, ou os sismos que conhecemos. Mas, a verdade é que esses problemas aconteceram com um preço muito alto a pagar por eles.


A arbitrariedade com que estão ocorrendo acontecimentos “naturais”, com uma frequência crescente, mostra bem como não podemos permitir quaisquer risco ligado com as usinas nucleares, simplesmente pela grande catástrofe, econômica, ambiental e social que tais possíveis acidentes ocorrendo, pode legar a toda humanidade. Daí é preciso repetir que o Brasil não precisa de usinas nucleares.



Heitor Scalambrini Costa


Professor associado da Univ. Fed. de Pernambuco, graduado em física pela Univer. Est. de Campinas, mestrado em Ciências e Tecnol. Nucleares, na Univ. Fed. de Pernambuco e doutorado em Energética, na Univ. de Marselha/Comiss. de Energia Atômica
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Nova denúncia na área nuclear esta semana

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A PETROBRÁS requereu licença para a construção de um depósito de lixo radioativo dentro da sua refinaria em Cubatão/SP.

Segundo esse amigo, a PETROBRÁS usa um medidor de volume de coque que funciona a base de material radioativo (cobalto).

O pedido de construção do depósito (provisório) dentro de suas próprias instalações se deveria à dificuldade encontrada pela PETROBRÀS em dar uma destinação adequada para essas cápsulas de cobalto ao final de sua utilização.

Pior, até onde se sabe, a CETESB teria concedido a licença de instalação ‘na moita’, baseada no velho argumento do ‘segredo industrialtão utilizado durante a ditadura, quando Cubatão era área de segurança nacional.

Como a PETROBRÁS estaria enfrentando o mesmo problema em outras refinarias do país, a suspeita é de que as cápsulas usadas em outros Estados viriam todas para SP, para ser estocadas na Refinaria Presidente Bernardes.
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Falta de segurança na Rodovia Rio-Santos

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Segue a triste ironia do destino em que vive o município de Angra dos Reis com relação a Rodovia Rio-Santos! Uma pena que nenhuma autoridade pública Federal, Estadual e Municipal até o momento foi penalizada judicialmente com os "rigores" da lei diante da falta de segurança desta estrada pois, são essas autoridades públicas que aprovam o simulado do PLANO DE EMERGÊNCIA das usinas nucleares Angra I e II, realizado a cada dois anos em nossa cidade, para testarem a retirada da população pela rodovia RIO - SANTOS num eventual e muito remoto sinistro, que possa envolver as atividades nucleares instaladas neste município. 
Só nos resta um sinistro de fato para despertar as sonolentas autoridades sobre esta realidade que denúnciamos a décadas! Fui condenado por obstruir com um caminhão de pedra marroada esta rodovia durante um desses exercícios mentirosos do plano de emergência e agora a natureza esta nos mostrando o que irá acontecer caso seja necessário utilizar esta única válvula de escape que o município possui para retirada da população dos seus lugares de origem. Não adianta dizer que esta possibilidade é remota, pois sabemos, que o plano de emergência é a parte principal com relação aos perigos desta atividade e são gastos cifras consideradas em segurança externa e interna, nessas usinas nucleares. E não se esqueçam que os estudos do Plano de Emergência são realizados pela COPPE/UFRJ! A precaução e a prevenção devem ser sempre o fio condutor de toda ação humana em todos os setores, quanto mais, no que diz respeito as atividades que podem ser nocivas ao meio ambiente e a humanidade.
..."ROLAM AS PEDRAS 
DEVEM ROLAR"... 
(kiko zambianchi)

<- Ivan Marcelo Neves
ISABI/APEDEMA-RJ/Secretário Executivo do FBOMS 
PEDRA DE 500 T ATRAPALHA TRáFEGO NA RODOVIA RIO-SANTOS
O tráfego de veículos na Rodovia Rio-Santos continuará com barreiras durante todo o feriadão de Corpus Christi. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) informou nesta sexta-feira que só na próxima semana vai implodir uma pedra de cerca de 500 t, que interdita parte da rodovia. O deslizamento ocorreu na última quarta-feira, na altura do km 455 da Rio-Santos (BR 101 Sul), em Angra dos Reis (RJ)

O deslizamento foi provocado pelas fortes chuvas que atingiram a região no começo da semana, causando o desabamento de 30 pedras de 10 a 15 t e dessa maior, de 500 t. A pista, no sentido Rio, está funcionando no sistema pare e siga, onde se localiza a pedra.
O supervisor do Dnit em Angra dos Reis, Arysson Siqueira Silva, afirmou que a remoção total ainda não foi feita, pois a pedra maior terá de ser demolida por meio de pequenas explosões, o que pode levar dias. Além disso, há um condomínio no local do deslizamento que poderia ser afetado se fosse feita uma grande explosão.
"Os serviços já começaram, mas têm de ser feitos aos poucos para manter a segurança dos hóspedes e funcionários do Hotel Portogalo", afirmou Silva.
Pedro Honorato, recepcionista do hotel, disse que o fato não alterou a rotina dos hóspedes, mas que tem medo do tempo chuvoso. "O problema é voltar a ter chuva forte na região e provocar outro deslizamento, mas se o tempo continuar ensolarado, nós ficamos mais tranquilos e o trânsito flui bem", explicou.
Desde o registro do incidente, o Dnit enviou 15 caminhões e retroescavadeiras para iniciar a remoção das pedras menores. Segundo Silva, a pedra de 500 t já foi perfurada para a colocação de explosivos e começará a ser demolida na segunda-feira. "A grande pedra está escorada na pista e serve de proteção, caso haja novos deslizamentos no trecho", afirmou.
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Aposta no passado

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Depois de 35 anos, o governo Lula cumpriu a ameaça e retirou o projeto da usina nuclear de Angra 3 da gaveta, em vez de preferir renováveis.

No Diário Oficial da última segunda-feira, 31 de maio, saiu finalmente a autorização para dar início às obras da usina nuclear Angra 3. As empreiteiras e os militares e civis que controlam o programa nuclear brasileiro desde os tempos da ditadura, exultaram.

O resto dos brasileiros, infelizmente, tem pouco a celebrar. O país vai pagar muito por uma tecnologia ultrapassada, que gera rejeitos tóxicos para os quais ainda não se encontrou uma solução e é tocada por setores do governo que não gostam de transparência.

A Eletronuclear falava, inicialmente, em investimentos em Angra 3 da ordem de R$ 7 bilhões, agora já são R$ 9 bilhões. Angra 3 é um ótimo exemplo de indústria zumbi, ressuscitada à força quando deveria ter sido mantida no caixão. Seu reator foi desenhado nos anos 70, antes dos grandes acidentes nucleares de Chernobyl, Three Mile Island e outros tantos, que forçaram inclusive mudanças nos padrões de segurança dos reatores. Estamos colocando um calhambeque atômico no nosso quintal e pagando caro por ele.

Isso sem mencionar o problema do lixo nuclear. Construir outro reator implica em milhões de toneladas de resíduo radioativo, que é produzido nas diversas etapas da cadeia do combustível nuclear. Só na fase da mineração serão gerados mais de 6 milhões de toneladas .

Solução para esse lixo não existe em lugar algum no mundo. Mas alternativas a ele, sim. As energias renováveis, nas quais o governo deveria investir, são mantidas na gaveta por falta de vontade política. Hoje, o incentivo às fontes renováveis está no PL 630/03, empacado na Câmara dos Deputados e esquecido pelo governo e pelos parlamentares, que preferem empurrar para nossos filhos e netos a conta do lixo nuclear, empatando todos os esforços rumo a um desenvolvimento verde.

Segundo o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), a licença de Angra é um marco. Para nós também. Marco de retrocesso. O sobrepreço da energia nuclear é paga pelo contribuinte, assim como os constantes déficits apresentados pela Eletronuclear. Para quem não sabe, o Brasil é o país com o segundo pior desempenho nuclear, perdendo apenas para o Paquistão. Para a CNEN, porém, Angra 3 é negócio. Como dona da INB e da NUCLEP, empresas que venderão combustível nuclear e peças, respectivamente, para Angra 3, o licenciamento do reator era óbvio, pois significa ampliação dos negócios e, consequentemente, lucro.

A licença de Angra 3 não poderia ser expedida por um órgão como a CNEN que, além de licenciar e fiscalizar, é responsável pela promoção da energia nuclear e tem interesses diretos com a construção de novos reatores. Fica claro que o interesse público não é considerado.

O avanço de Angra 3 somente corrobora a visão retrógrada que o governo Lula tem sobre o desenvolvimento do país. Ao permitir o avanço de projetos velhos, como Angra 3 e Belo Monte, Lula perde uma enorme oportunidade de avançar em alternativas energéticas que olham para um futuro condizente com as demandas sociais e ambientais do mundo de hoje. Favorecem-se, assim, as grandes empreiteiras em detrimento de uma nação inteira. Não há nada a comemorar.

Esse dinheiro deveria ser investido nas energias renováveis, que vêm conquistando o mercado internacional devido à relação custo versus benefício incomparável. Somente em 2009, a capacidade instalada de eólicas no mundo todo superou a quantidade nucleares instaladas nos últimos 15 anos. Nos últimos dez anos, foram desligados mais reatores nucleares do que instalados, em demonstração da decadência da indústria no mundo todo. Menos, agora sabe-se, no Brasil.

Fonte
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Modelo predatório: termoelétricas, usinas nucleares e desmatamento

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Nas últimas semanas foram veiculadas pela mídia notícias que deixaram, no mínimo, preocupados todas as pessoas que querem, esperam e desejam que Pernambuco se desenvolva de forma sustentável e assim, melhore a condição de vida da população pernambucana. O crescimento econômico do Estado tão propalado e propagandeado não é um fim em si mesmo.  Ele é uma ferramenta, um instrumento para o desenvolvimento.  E o desenvolvimento que nós defendemos é aquele que seja sustentável em todos os aspectos: econômico, ambiental, social e cultural.
Inicialmente, deixou-nos perplexos, o anúncio do secretario estadual de Recursos Hídricos, na 9ª Reunião do Conselho deliberativo da SUDENE, ocorrida em 29 de abril, de que o Estado vai entrar na disputa para receber uma central nuclear que o governo federal planeja instalar no Nordeste. É sabido que no seu artigo 216, a Constituição Estadual proíbe a instalação de usinas nucleares em Pernambuco enquanto não se esgotar toda a capacidade de produzir energia elétrica de outras fontes. Logo, o governador vai ter que mudar a Constituição Estadual.
Outra ação do executivo, na mesma linha da perplexidade, foi o envio à Assembléia Legislativa (AL) do Projeto de Lei (PL) 1496/2010, autorizando o desmatamento de 1.076,49 hectares de vegetação nativa, para a ampliação do Complexo Industrial e Portuário de Suape, no Grande Recife. Com a pressão das organizações da sociedade civil pelo absurdo proposto, um substitutivo foi enviado e aprovado, para o desmatamento de 691 hectares (tamanho aproximado de 700 campos de futebol), de mata nativa, sendo 508 de mangue, 166 de restinga e 17 de mata atlântica. Ação idêntica de desmatamento de vegetação nativa está também em tramitação na AL, o PL 1591, que autoriza o desmatamento de 7,4 hectares, distribuídos em 44 fragmentos, visando o alagamento de uma área para a formação do reservatório de uma PCH (pequena central hidrelétrica) chamada Pedra Furada, no município de Ribeirão, na Mata Sul.
Mais recentemente, o comunicado divulgado pelo grupo finlandês Wärtsilä, que irá assumir a construção da usina termelétrica Suape II, no Complexo Industrial e Portuário de Suape, com uma potência instalada de 380 MW, funcionando com óleo combustível: uma sujeira só para o meio ambiente. O projeto do tipo “chave na mão” (turnkey) pertence a um grupo formado pela Petrobrás e a Nova Cibe Energia (Grupo Bertin), cujo início de operação comercial está prevista para 1º de janeiro de 2012.
Em nome de alavancar o desenvolvimento do Estado, com novos investimentos para a região e a criação de novos postos de trabalho e geração de renda, se perpetua um modelo predatório, cujas conseqüências podem ser traduzidas na aceleração da degradação ambiental e no aumento das emissões de gases de efeito estufa, responsável pelas mudanças climáticas; além de pressionar os problemas econômicos e sociais com mais concentração da riqueza gerada.
A questão das opções e das escolhas das fontes de energia é assunto em pauta, no contexto mundial, pois são as fontes energéticas atuais (petróleo/derivados, gás natural, carvão mineral e minérios radioativos) responsáveis por mais de 2/3 das emissões de gases de efeito estufa no mundo. Com relação à instalação de termoelétricas no Estado, recordemos da TermoPernambuco (TermoPe), movida a gás natural, que até recentemente, por falta deste insumo, nunca havia atingido sua capacidade instalada plena de 520 MW, além de ter contribuído e contribuir significativamente para a majoração extraordinária das tarifas de energia elétrica no Estado. Trata-se de um exemplo que não podemos esquecer.
O que deixa atônito a todos é este anúncio, completamente inexplicável do ponto de vista ambiental e da oferta de energia elétrica, da Energética Suape II. O combustível a ser empregado é o óleo combustível, que dentre os combustíveis fósseis é o mais “sujo”, pois para cada 0,96 m3 de óleo combustível consumido na usina serão emitidas 3,34 toneladas de CO2 (segundo a Agência Internacional de Energia).
O interesse pelas usinas nucleares é outra decisão absurda do governo estadual, completamente descabida, fora de propósito e equivocada. Os argumentos utilizados como o da diversificação da matriz energética, atendendo o crescimento da demanda de energia da região, de que é uma tecnologia segura, não emissora de CO2 e barata para a produção de energia elétrica, são argumentos falaciosos e não representam a verdade dos fatos.
Com relação aos custos da eletricidade nuclear eles são caros e irão impactar ainda mais as tarifas de energia elétrica, uma das mais caras do mundo. De que é uma tecnologia segura? Como se fosse possível, alguns de seus defensores chegam a afirmar que os riscos de ocorrer um acidente inexistem. Obviamente, não podemos negar os renovados esforços da indústria nuclear em apresentar-se como segura, todavia, acidentes em instalações nucleares em diversos países continuam a demonstrar que esta tecnologia é perigosa, oferecendo constantes riscos que podem trazer conseqüências catastróficas ao meio ambiente e à humanidade, por centenas de milhares de anos. Sem falar em outro problema que continua sem solução no Brasil e no mundo, que é o armazenamento do lixo radioativo gerado pelas usinas. Estima-se que estes rejeitos tenham que ficar isolados durante até 10 mil anos. Aí se evidencia um problema de ordem ética, pois usamos a eletricidade agora e deixaremos para as gerações futuras resolver o que fazer com este lixo.
Afirmar que as centrais nucleares não contribuem para os gases de efeito estufa, que são “limpas”, é uma meia verdade. No conjunto de etapas do processo industrial que transforma o mineral urânio, desde quando ele é encontrado nas minas em estado natural até sua utilização como combustível dentro de uma usina nuclear, chamado ciclo do combustível nuclear, são produzidas quantidades consideráveis de gases de efeito estufa. Segundo dados da Agência Internacional de Energia Atômica se consideramos a mineração do urânio, o transporte, o enriquecimento, a posterior desmontagem da central (descomissionamento) e o processamento e confinamento dos rejeitos radioativos, esta opção produz entre 30 e 60 gramas de CO2 por kWh gerado. Já de acordo com a metodologia de Storm e Smith para o cálculo de emissões, o ciclo de geração por fontes nucleares emite de 150 a 400 g CO2/kWh, enquanto o ciclo para geradores eólicos emite de 10 a 50 gCO2/kWh. O cálculo que faz a Oxford Research Group chega a 113 gramas de CO2 por kWh. Isso é aproximadamente o que produz uma central a gás. Portanto, aqui também tem um mito, um afã de descartar, cortar e mostrar uma parcialidade sobre a realidade desta fonte de energia.
Quanto os desmatamentos previstos na área de Suape, também há um engano que comprometerá as futuras gerações, em afirmar que o “novo ciclo de desenvolvimento (?)”, e que a “redenção econômica do Estado (?)” exigirá “o sacrifício ambiental” daquela área, segundo o diretor de Engenharia e Meio Ambiente de Suape (JC de 25/04/2010 “Os desafios do Desenvolvimento”).  É preciso que se façam os investimentos corretos a fim de compatibilizar o desenvolvimento que leva em conta a saúde, a educação, a cultura, com a diversidade e com a proteção dos recursos naturais. Temos sim, que avançar no sentido de uma mudança de paradigma da relação das indústrias com os recursos naturais, com o uso de novas tecnologias, que possam ser menos poluentes, que possam contaminar menos, que assumam esse papel da responsabilidade social e ambiental. É preciso cada vez mais dizer alto e em bom tom que o meio ambiente não atrapalha o desenvolvimento.
Empreendimentos da magnitude que estão ocorrendo não podem acontecer sem uma forte participação da sociedade, pois os impactos ambientais, entendidos como as conseqüências das ações previstas e em andamento, acabarão influindo na qualidade de vida, não somente dos moradores daquela região, mas de todo o Estado. Partindo do conceito de desenvolvimento sustentável podemos afirmar que é um absurdo e um equívoco que o governo estadual opte pela energia nuclear e pela termoelétrica a óleo combustível para geração de energia elétrica, considerando que o Estado conta com outras opções de produção a partir de energias renováveis e limpas (solar, eólica, bioeletricidade/bagaço da cana de açúcar).  Para um desenvolvimento sustentável, voltado para o bem de todos, da pessoa humana e da natureza, não se deve optar pelo desmatamento e sim pela preservação ambiental.
O mais importante a destacar é que o crescimento que estamos vivenciando em Pernambuco está subordinado a um modelo de desenvolvimento econômico que considera que crescer desmatando e utilizando fontes energéticas “sujas” é o único caminho. Uma visão do século passado que ainda domina as mentes dos gestores.
 Texto de -> Heitor Scalambrini Costa. Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco 
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