Related Posts with Thumbnails

Mina de urânio pode transformar Caetité em cidade fantasma

0

Posted in ,

12 de janeiro de 2011   Da Rádio Agência NP


Nos primeiros dias do governo Dilma, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, anunciou que pretende aprovar ainda neste ano o projeto para a construção de quatro novas usinas nucleares. Atualmente, o país possui duas usinas, ambas localizadas em Angra dos Reis (RJ).

Essa retomada do programa nuclear vai aumentar a demanda por urânio.  No município de Caetité (BA) está localizada a única mina em operação no Brasil. No final de 2010 a Plataforma Dhesca denunciou que a população do município convive com níveis de radiação 100 vezes maiores que a média mundial. A INB (Indústrias Nucleares Brasileiras) negou a contaminação, baseada num estudo encomendado da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Em entrevista à Radioagência NP, a integrante da Plataforma Dhesca, Cecília Mello, revela as violações de direitos identificadas durante a visita que fez a Caetité. Ela relata o caso de Poços de Caldas, em Minas Gerais, que passou de pólo turístico a cidade fantasma depois da exploração do urânio. Por fim, demonstra preocupação com a futura mina, em Santa Quitéria (CE), que já apresenta irregularidades no licenciamento ambiental.

Leia abaixo a entrevista concedida à Rádio Agência NP.

Radioagência NP: Cecília, o que você constatou na visita a Caetité?
Cecília Mello: O quadro é de temor, angústia, incerteza por parte da população. O relato dos moradores é que está havendo uma incidência de câncer desproporcional. Conversamos com um médico de um hospital da região que se mostrou preocupado com a quantidade de diagnósticos que ele tem feito de neoplasias, de cânceres em pessoas entre 30 e 40 anos.

RNP: Como você analisa o estudo de um pesquisador da Fiocruz que nega qualquer relação entre a exploração de urânio e os casos de câncer?
CM: Como você vai tirar qualquer conclusão, se tem uma base de dados com 1/3 dos óbitos, no mínimo, que você não sabe qual é a causa. O quadro de desinformação é grave. O fato de as pessoas saírem do município para buscar tratamento em Vitória da Conquista, em Salvador ou em São Paulo faz com que a gente não consiga rastrear o que está acontecendo com a saúde da população. Se você tem algum problema e vai para São Paulo, você diz que é morador local para ter atendimento. É preciso ser feito um estudo epidemiológico consistente para acompanhar os riscos que a população está submetida.

RNP: Que medidas devem ser adotadas para amenizar os impactos sofridos pelos moradores que vivem no entorno da mina?
CM: Essa população tem que ser indenizada porque eles sofrem os impactos não só na saúde. A gente viu casas completamente rachadas. Caetité faz parte do semiárido, mas como todos sabem, o semiárido brasileiro é um dos mais chuvosos do mundo. Eles têm técnicas de construir cisternas e guardar essa água. Ali se produzia arroz, que é uma cultura que demanda muita água. Hoje, a produção está muito reduzida, estigmatizada, ninguém quer comprar mandioca, gado, leite e queijo da região.

RNP: Atualmente, que tratamento é dado ao lixo nuclear no Brasil?
CM: Essas minas duram de dez a 20 anos. Em Caetité a previsão é de 16 anos. Ou seja, depois que a exploração termina a população fica com o passivo. E Poços de Caldas [MG] tem um agravante porque depois do esgotamento do urânio a região se tornou uma espécie de “bota-fora” do nuclear brasileiro. O lixo radioativo é um problema não resolvido pela indústria nuclear. Não existem depósitos permanentes no Brasil, todos são temporários, mas acabam se mantendo ad infinitum.

RNP: Que impactos a extração de urânio provocou em Poços de Caldas?
CM: O caso de Poços de Caldas, que era uma região turística conhecidíssima, muito valorizada no Sudeste, um lugar onde os noivos iam passar a lua-de-mel hoje em dia está totalmente abandonada. Eu tive a oportunidade de passar por lá e parece uma cidade fantasma. Hoje o que se vê é um legado, um impacto sobre a saúde da população grave a ponto de duas vereadoras da região denunciarem a incidência de câncer desproporcional em relação ao resto do estado de Minas Gerais.

RNP: Caetité pode ter o mesmo destino?
CM: Teme-se que Caetité se torne uma nova Poços de Caldas. Por isso a nossa atenção especial a esse caso. Não é possível que o Brasil, que tem uma legislação ambiental supostamente avançada, continue investindo ou estimulando atividades que expõem o meio ambiente e a saúde da população a riscos que já deveriam ter sido superados.

RNP: As construções das novas usinas nucleares anunciada pelo governo federal podem agravar o problema?
CM: Com a retomada do programa nuclear brasileiro se configurou a intensificação das atividades de mineração, não só lá em Caetité, mas em Santa Quitéria (CE), que promete ser a próxima mina de urânio. Estamos muito preocupados e atentos ao licenciamento dessa mina de urânio, que foi feito pelo órgão estadual de maio ambiente, o que é ilegal porque todas as atividades que têm a ver com o ciclo nuclear devem passar obrigatoriamente pela esfera federal, pelo Ibama.
Read More

Eletronuclear definirá localização de usinas no Nordeste no segundo semestre 2011

0

Posted in ,

A Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras para o setor de energia
nuclear, deverá definir no segundo semestre do próximo ano a
localização das usinas que o governo federal pretende construir na
Região Nordeste do país.

A informação foi dada à Agência Brasil pelo superintendente de
gerenciamento de empreendimento da subsidiaria, Luiz Manuel Messias,
ao destacar que a Eletronuclear já vem desenvolvendo estudos para
isso.

“Já existem alguns locais pré-definidos e que permitiriam a construção
de usinas. Há a intenção de ampliar esses estudos também aqui para o
Sudeste. A gente acredita que ao longo do segundo semestre de 2011
haja alguma definição, respaldada pela orientação do governo, de se
definir efetivamente o local onde serão construídas as novas usinas,
começando lá pelo Nordeste”.

Messias informou que a ideia da Eletronuclear é que os sítios que
venham a ser escolhidos permitam no mínimo a instalação de quatro
usinas. “Isso não quer dizer que serão construídas as quatro de
imediato. Não se tem a intenção, por exemplo, de escolher um local
para a construção de apenas uma ou duas unidades. Agora se serão
construídas duas, depois mais duas, aí é uma definição que será tomada
no âmbito do próprio planejamento energético do país”, esclareceu.

Messias informou ainda à Agência Brasil que as usinas a serem
construídas terão potência instalada entre mil e 3 mil megawatts (MW)
e deverão custar cerca de R$ 9 a R$ 10 bilhões cada uma. (Fonte:
Agência Brasil)
Read More

BNDES aprova financiamento de mais de R$ 6 bi para construção de Angra 3

0

Posted in ,


Rio de Janeiro – Um financiamento de R$ 6,1 bilhões para a Eletrobras Termonuclear foi aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O anúncio foi feito nesta quarta-feira (29/12) pela instituição. O dinheiro será usado nas obras de construção da Usina Nuclear Angra 3, em Angra dos Reis, no litoral sul fluminense.

A construção da usina, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vai gerar cerca de nove mil empregos diretos e mais 500 quando Angra 3 entrar em operação. A usina terá potência instalada de 1.405 megawatts (MW) - energia equivalente a um terço do consumo do estado do Rio de Janeiro.

As informações da BNDES indicam que o banco participará com 58,6% do investimento total do projeto. Angra 3 será conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) por meio de linha de transmissão em operação, utilizada para escoar a energia produzida pelas usinas Angra 1 (capacidade instalada de 657 MW) e Angra 2 (1,3 mil MW).

Read More