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Relatório sobre os impactos da exploração de urânio será lançado em Caetité e Lagoa Real

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O Impacto Radiológico da Mina de Urânio da INB em Caetité (BAHIA/BRASIL) é o título do relatório sobre a investigação dos impactos ambientais da exploração de urânio feita pelo engenheiro em física nuclear, Bruno Chareyron, da França, que será lançado no próximo fim de semana em Lagoa Real e Maniaçu, distrito de Caetité. O documento será lançado também na sede do município, segunda-feira (28 de setembro), às 9h, no auditório da UNEB, num evento aberto ao público promovido pela Comissão Paroquial de Meio Ambiente (CPMA).
Bruno Chareyron dirige o laboratório da Comissão de Pesquisa e Informação Independente sobre a Radioatividade (CRIIRAD), sediado na França, instituição não vinculada ao governo, aos operadores de energia nuclear e a partidos políticos, que atua com sete engenheiros e técnicos especializados em medição de radiação no ambiente. O objetivo da CRIIRAD é melhorar a informação e a proteção das pessoas contra os efeitos das radiações ionizantes. Por isto mesmo, o cientista francês veio avaliar a atividade nuclear na Bahia, num projeto de cooperação internacional vinculado ao projeto EJOLT, coordenado pela Universidade Autônoma de Barcelona e realizado em parceria com a FIOCRUZ, Movimento Paulo Jackson, CPT e CPMA e apoio da instituição alemã Médico Internacional.
 AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO  
O trabalho investigativo da CRIIRAD incluiu duas viagens a Caetité, (2012 e 2014), quando o cientista francês participou de uma oficina sobre monitoramento comunitário, coletou amostras de solo, de águas, subterrânea e de chuva, e fez medição de radiações ionizantes, em áreas afetadas por atividades de prospecção e em locais potencialmente atingidos por poeira, ou contaminados por infiltração. Também ministrou treinamento de monitoração ambiental a trabalhadores da INB e a moradores do entorno da mina de urânio. As amostras de água e solo foram analisadas pelos laboratórios CRIIRAD, LDA26 e EICHROM (todos franceses)

O primeiro lançamento será em Lagoa Real sábado próximo (26 de setembro) às 9 horas, no Centro Pastoral da  Lagoa Real . No domingo seguinte (27 de setembro) acontecerá em Maniaçu, também as 9 horas, na subsede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caetité, naquele distrito. Os três eventos contarão com a presença do doutor em Saúde Pública pela FIOCRUZ, Renan Finamore, que apresentará sua tese Riscos, saúde e alternativas de produção de conhecimentos para a justiça ambiental: o caso da mineração de urânio em Caetité, BA”.  Renan participou do trabalho da CRIIRAD e em sua tese, concluída este ano, faz uma reflexão crítica sobre a importância da produção de conhecimentos, que valorizem e incorporem o saber das pessoas atingidas por processo industriais, a fim de possibilitar uma compreensão melhor e contextualizada dos riscos tecnológicos complexos e suas implicações para o ambiente e a saúde humana.
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Propina Nuclear

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No inquérito sobre corrupção na Petrobras (denominada operação lava-jato) surgiu suspeitas de fraudes sobre negócios do grupo Eletrobrás, composto de 15 empresas estatais responsáveis por mais de um terço da energia consumida no país, com patrimônio superior a R$ 60 bilhões.
Todo esse conjunto de empresas está sob investigação por iniciativas coordenadas entre o Ministério público (MP), Tribunal de Contas da União (TCU) e Policia Federal (PF). Além de suas contas estarem sendo auditadas pela Hogan Lovells, escritório de advocacia americano contratado pela Eletrobrás.

As suspeitas sobre negócios escusos foram reforçadas em depoimentos de executivos de empreiteiras, de ex-diretores da Petrobras e de agentes de distribuição de propinas. Foi nessa rede que caiu o diretor presidente da Eletronuclear, uma das menores subsidiárias do grupo Eletrobrás, o almirante da marinha brasileira Othon Luiz Pinheiro da Silva.
Nesta investigação envolvendo propinas na construção de Angra 3 também esta sob investigação acusados de receber subornos, o ex ministro das Minas e Energia Edson Lobão, o ministro do TCU Raimundo Carreiro e o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do TCU.

O almirante Othon ficou conhecido por liderar, no auge da ditadura militar, a equipe que desenvolveu o Programa Nuclear Paralelo (entre 1979 e 1994) iniciativa militar no âmbito da antiga Coordenadoria de Projetos Especiais da Marinha, em que foram gastos, segundo revelado pelo próprio almirante, US$ 667,9 milhões. O objetivo era bélico com o desenvolvimento de tecnologia em enriquecimento de urânio, e assim produzir artefatos nucleares. Tudo a margem do projeto de construção das usinas nucleares.

No início do primeiro governo Lula o almirante foi convidado como conselheiro presidencial, e em seguida, em 2005 assumiu a presidência da Eletronuclear. Em 2009 se deu a retomada da construção de Angra 3, parada há 23 anos. 

O ex todo poderoso Othon, agora encarcerado é acusado de receber R$ 9,8 milhões de propina de empreiteiras contratadas para o projeto da 3ª usina nuclear em Angra dos Reis (RJ), entre 2009 e 2014. Este dinheiro, segundo a investigação saíram dos cofres de empreiteiras com obras em Angra 3 (Andrade Gutierrez, Engevix, Camargo Corrêa, ...), passaram pelo caixa da Link Projetos e Participações e chegaram na empresa familiar que o almirante era sócio, a Aratec Engenharia Consultoria & Representações. O ”modus operandi” destas transações criminosas é semelhante ao ocorrido na Petrobras, utilizando empresas de fachada para repasses de propinas. 

Inicialmente detido em regime de prisão temporária, depois convertida em preventiva, na prática o ex-presidente da Eletronuclear (em 6/8 a Eletrobrás anunciou seu pedido de demissão ) não tem prazo para ser solto. O juiz justificou sua decisão ao escrever no despacho, que “são robustas as provas do pagamento de propina a Othon Luiz em decorrência do cargo exercido na Eletronuclear e mediante a simulação de contratos de consultoria fraudulentos”.
Este episódio envolvendo o executivo principal da Eletronuclear é gravíssimo, e suficiente para a interrupção das atividades nucleares no país, em particular a construção de Angra 3, com o congelamento de novas instalações. Espera-se que todas as denúncias sejam investigadas e apuradas as responsabilidades.

Não se pode mais ignorar as objeções técnicas ao projeto de Angra 3. Como as denúncias com relação à obsolescência dos equipamentos tecnologicamente defasados, e que não atende aos requisitos internacionais de segurança, comprometendo o seu funcionamento e aumentando o risco de um desastre nuclear. Assim nem as seguradoras querem ter Angra 3 como cliente.
Também os altos custos na construção da usina, estimados para mais de  R$ 18 bilhões depois de pronta, vai de encontro ao próprio discurso oficial de oferecer energia elétrica a tarifas  módicas ao consumidor final.

É inaceitável e não se admite que a decisão de construir centrais nucleares no país tenha sido feita em um mero balcão de negócio, sem a necessária salvaguarda da vida das pessoas.

Fonte: Heitor Scalambrini Costa - Professor da Universidade Federal de Pernambuco
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