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O que dizem as vítimas do Césio hoje?

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Goiânia, 13 de Setembro de 2013
MANIFESTO PELA VIDA – A AVCésio SE MANIFESTA
 
Como sobreviventes da tragédia com o Césio-137 em Goiânia, que ocorreu no dia 13 de Setembro de 1987, exatamente há 26 anos, nos preocupamos quando sabemos que em Fukushima há 264 toneladas de varetas de combustível usado, por serem elas portadoras de grande quantidade de Césio-137.
Exatos 26 anos atrás, em um Domingo, um pesadelo anunciado se materializou. Após passar meses em um terreno sem estrutura para abrigar uma máquina de radioterapia obsoleta, a máquina teve suas partes de chumbo levadas, para que fossem vendidas em um ferro velho, dentro do chumbo haviam apenas 19 gramas de Césio-137.
Quando recordamos desta parte de nossa história algumas feridas se abrem. Porque a segurança de um equipamento desses falhou? Sua estrutura mudou ou algo semelhante passará outra vez? Em um segundo momento vem a dor do silêncio e a angustia da perda. Quantas vidas foram alteradas? Quantos momentos traumáticos terão que ser superados? Como suportar a violência das pessoas assustadas? Que ao invés de reclamarem seus direitos civis e assumirem compromissos de mudanças, mobilizadas pela situação, correram assustadas e se refugiaram nas grosserias e agressões? Como esquecer a gravata de casamento, agora tão radioativa quanto meus bichos de estimação e minhas meias? Livros, fotos, história, memória e até família...
Podemos narrar os danos incalculáveis das 19 gramas de Césio-137, mas o que imaginar das 264 toneladas material altamente radioativos lançadas ao mar? Como crianças mudas telepáticas nossos governos insistem em uma saída de manter seus programas nucleares, ainda que os mesmos tenham se mostrado como meninas cegas inexatas. Não calculam nem previnem jamais as mulheres e suas rotas alteradas. Quando o azar calha e as tragédias anunciadas se consumam nos fazem pensar nas feridas como rosas cálidas.



Mas, oh, não se esqueçam da rosa da rosa. Quando falamos da questão nuclear no Brasil, estamos falando da fina flor que brotou, herança amarga do plantio da ditadura. A rosa de Hiroshima, a rosa hereditária, é a herança, é o presente que as gerações futuras terão que encarar. A rosa radioativa, estúpida e inválida, emana seu perfume hoje de Fukushima.


Quando será que nosso governo irá se curar dessa rosa com cirrose, quando poderemos levantar pela manhã respirando o ar daqueles que não precisam bancar o programa que sangra os cofres públicos há anos, nem terem que arcar com as consequências e restrições de uma fatalidade nuclear. Nenhuma pessoa em sã consciência deseja um mundo sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada. Mas se nada fizermos, ou se fizermos mas não formos ouvidos, caminharemos para esta direção de horror, trauma e desgraça. Desde já peço a juventude que virá, que nos perdoem. 
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