Related Posts with Thumbnails

Especial -> 65 Anos da Explosão da Bomba Atômica

0

Posted in ,

BREVE HISTÓRIA DA BOMBA ATÔMICA



"Desde os primeiros anos do século XX, os cientistas sabiam que poderosas forças habitavam o mundo invisível do átomo. Em 1938, dois cientistas alemães conseguiram romper o núcleo do maior átomo da natureza: o do urânio. Nesse processo, houve desprendimento de energia - numa quantidade imensamente maior do que a gerada por reações químicas. (Cálculos subseqüentes indicaram que a fissão nuclear, como o processo de ruptura do núcleo do átomo ficou conhecido, podia produzir 40 milhões de vezes mais energia do que o máximo obtido por meios químicos, inclusive a combustão das bombas convencionais).

Notícias do que os alemães haviam conseguido espalharam-se rapidamente e em breve os físicos da Inglaterra, França, Estados Unidos e Japão engajavam-se em experiências similares. Em 1939, na Universidade de Columbia, na cidade de Nova York, Leo Szilard, refugiado húngaro que abandonara seu país para escapar aos nazistas, demonstrou que a fissão nuclear liberava nêutrons, partículas subatômicas que podem romper o núcleo de outros átomos, liberando ainda mais nêutrons - e assim por diante, em uma reação em cadeia auto-sustentável. "Nessa noite", afirmou Szilard, "eu soube que o mundo se cobriria de tristeza".

Entretanto, logo os físicos descobriram que a fissão auto-sustentável só era possível com o U-235, um isótopo que constituía uma ínfima fração do urânio de ocorrência natural, ou com um novo elemento chamado plutônio, que podia ser criado bombardeando com nêutrons o principal isótopo de urânio, o U-238. A obtenção de quantidades significativas de qualquer das duas substâncias propunha um problema incrívelmente difícil à física, à química e à engenharia. Durante os anos da guerra, somente os Estados Unidos dispunham de recursos e de meios científicos (sem contar a capacidade intelectual de dezenas de físicos que haviam fugido ao nazismo) para a tarefa. O esforço americano, conhecido como Projeto Manhattan, custou mais de 2 bilhões de dólares e, em seu auge, empregou mais de 600 mil pessoas, trabalhando sob condições cuidadosamente planejadas para manter o segredo.

Às 5:30 do dia 16 de julho de 1945, uma bomba atômica feita de plutônio foi testada com sucesso no campo de Alamogordo, no Novo México. A centenas de quilômetros de distância, as pessoas acharam que havia ocorrido um terremoto, ou que um meteorito gigante caíra nas proximidades. A luz da explosão poderia ter sido vista até em Marte. No mesmo momento, o presidente Harry Truman estava em Potsdam - nos arredores de Berlim - discutindo a política do pós-guerra com Winston Churchill e Joseph Stalin. Quando foi confidencialmente informado por sua equipe do sucesso da explosão no Novo México, ele referiu-se à bomba como a "maior coisa da história". Ele tencionava usá-la para pôr fim à guerra com o Japão. (...)

No início da manhã de 6 de agosto, um B-29 que recebera o nome de Enola Gay decolou da ilha de Tinian com uma escolta de dois aviões e voou 2400 quilômetros até Hiroshima, uma cidade com 280 mil habitantes e algumas fábricas de material bélico. O avião aproximou-se a uma altitude de 9450 metros, lançou sua única bomba e afastou-se imediatamente da cidade em uma manobra violenta. Quarenta e três segundos depois, às 8:16:02 horas, hora de Hiroshima, a bomba explodiu, 580 metros acima do pátio de um hospital. A energia liberada equivalia a 20 mil toneladas de TNT. O Enola Gay, que então já se afastara mais de 18 quilômetros do local, foi chacoalhado como uma rolha, quando as ondas de choque o atingiram.

O que aconteceu abaixo da explosão foi a devastação total. Um patologista americano pertencente a uma equipe de investigação após a guerra fez o seguinte relato: "Junto com o clarão de luz houve uma instantânea onda de calor (...) sua duração foi provavelmente inferior a um décimo de segundo, mas sua intensidade foi suficiente para que os objetos inflamáveis mais próximos (...) ficassem em chamas, os postes fossem lançados a 4 mil jardas (3658 metros), o granito se enrugasse, a uma distância de 1300 jardas (1189 metros) de distância".

A bomba lançada em Hiroshima foi apelidada de Little Boy. Media pouco menos de 3 metros de comprimento, pesava 4 toneladas e foi armada com uma carga de urânio 235. Para impedir uma explosão prematura, ela tinha três detonadores separados. O último detonador foi acionado por radar, quando a bomba estivesse cerca de 580 metros de altitude, altura esta que segundo cálculos provocaria danos máximos à cidade. A bomba lançada em Nagasaki era um pouco diferente da de Hiroshima. Chamada de Fat Man, ela era mais arredondada e um pouco maior que a Little Boy. Media 3 metros e 20 centímetros de comprimento, tinha um diâmetro de um metro e meio, pesava 4 toneladas e meia e tinha uma carga de plutônio 239. A potência da bomba de Hiroshima foi de 13 quilotons (o equivalente a 13 mil toneladas de TNT). Ela destruiu literalmente tudo que havia num raio de dois quilômetros da explosão (a título de comparação, supondo que uma dessas bombas explodisse na cidade de São Paulo sobre a Catedral da Sé, no centro da cidade, a área de destruição total abrangeria os bairros da Liberdade, Cambuci, Brás, Bom Retiro, Bela Vista, República e a região próxima à Universidade Mackenzie). A taxa de sobrevivência no raio de um quilômetro do epicentro da explosão foram de menos de um habitante a cada grupo de mil. Robert Lewis, co-piloto do Enola Gay, referindo-se à explosão, escreveu em seu diário: "Meu Deus, o que foi que nós fizemos?"

O texto a seguir foi compilado do livro "História em Revista - A Arte da Guerra", publicado pela Time-Life e Abril Livros em 1993.

Comments (0)

Postar um comentário

Seja Bem vindo!

Este espaço foi criado para você fazer perguntas, propor temas ou contribuir com sua opinião!