Em setembro de 87 Goiânia se apresentava ao mundo, não por sua beleza ou pela corrida internacional de motos, infelizmente a bela cidade ficara conhecida por uma desgraça anunciada, a qual maculou todo estado que sofreu preconceito do resto do país.
O ocorrido há 25 anos não foi só um acidente, foi um desastre que arruinou centenas de pessoas tirou vidas e causou discriminação ao estado inteiro.
Odesson Alves Ferreira - Presidente da AVCésio
Aquilo foi uma tragédia que trouxe danos incalculáveis, por causa dela ficamos sem passado, perdemos os parentes e amigos que por medo do desconhecido se afastaram de nós, perdemos a condição de trabalhar, o direito de ir e vir, nossos endereços, fotos e enxovais de casamento, documentos e até animais de estimação foram tirados de nós da pior forma possível, foram sacrificados com veneno e até por projétil de arma de fogo no meio da rua como se fossem inimigos.
Fomos retirados de nossos lares no meio da noite e jogados em gramados de futebol como nos tempos do holocausto nazista, aonde fomos lavados com produtos corrosivos como se fossemos objetos, foi muito triste e humilhante saber que estávamos contaminados ou irradiados, mas não só por césio, e sim pela irresponsabilidade de uns e incompetência de outros.
Sofremos as maiores atrocidades ao perder tudo que anos após anos conquistamos com o suor derramado no trabalho cada um ao seu modo e condição, mas com honra e honestidade.
Jogaram-nos em corredores de hospitais sem ao menos esclarecer o que estava acontecendo, o local e as pessoas não estavam preparados para nos receber. Na verdade mais parecia um campo de concentração para leprosos.
Discriminados pelo preconceito de uma sociedade desinformada, era como se todos portassem as mais diversas doenças contagiosas.
De repente nos foi apresentado um grupo de pessoas que se diziam médicos, físicos e enfermeiros, mas na realidade pra nós não passavam de corpos sem rostos, pois todos estavam paramentados como se fossem astronautas ou seres de outro mundo.
Com o passar dos dias começamos perceber que os extra terrestres na verdade éramos nós, por causa do contato com material radioativo as feridas abriram deixando nossos corpos como os de mortos vivos.
Constatação que ficou clara na visita que recebemos do então presidente Sarney, quando exigiram que tomássemos banho mais cedo pra colocar roupas limpas e que ficássemos sentadinhos em um canto expostos para visitação.
Ali acuados pela comitiva que apreciava talvez os últimos momentos de nós moribundos. Eu disse ao governador Henrique Santillo que nossas famílias estavam passando necessidades aqui fora, Ele com voz forte, mas embargada balbuciou, “fiquem tranquilos meus filhos, pois suas
famílias não ficarão desassistidas”, ou seja, morram em paz. Ali me lembrei de que quatro dos nossos já haviam perecido, então pensei quem será o próximo?
O medo era real, pois ao viajar para o hospital Marcilio Dias a impressão é de que seria ida sem volta e dependendo da volta teria que enfrentar a revolta dos algozes comandados pelo insano José Nelto, que irresponsavelmente incitava o povo pra não deixar sepultar naquele campo santo os filhos da terra, mesmo que os túmulos fossem de concreto e caixões de chumbo para que não pudessem mais sair.
Odesson Alves Ferreira - Palestra em escola
O tempo passou, outra tragédia se anunciava foi quando alguém sugeriu que aquelas pessoas até então enjauladas, saíssem para um passeio quando seriam reapresentadas à sociedade, mas deveriam sair escoltados pela policia, foi outra grande humilhação perceber o medo nos olhares assustados da população nos parques e sorveterias.
Finalmente saímos da quarentena depois do natal, meu destino foi morar temporariamente no albergue samaritano, aonde minha família há dias já vinha sendo sugada pelos enxames de muriçocas.
Mais tarde folheando o jornal deparo com uma matéria aonde a então diretora técnica da Fundação Leide declara que “algumas dessas pessoas não sobreviverão mais de 02 anos e meio”, de novo começamos a interrogar, quem vai primeiro?
Graças a Deus a médica estava enganada, mas talvez tenha sido pior, por que as autoridades começaram a imaginar que estavam dando muito às vítimas e então, pouco a pouco foram tirando o mínimo que já nos era de direito. Foi assim com a fundação, a assistência e até com a pensão que já era pouca e se tornou uma miséria.
25 anos se passaram e muitos dos companheiros realmente se foram, aqueles que aqui estão vão morrendo a míngua, isso por inércia dos cientistas e cegueira da justiça que prefere cruzar os braços e negar o nexo causal doença/acidente e mais uma vez chegamos a conclusão que o tão falado direito humano não alcança aqueles realmente necessitados.
Nesta data e em público imploro aos senhores governantes que façam uma reflexão sobre esses 25 anos, é hora de fazer um balanço, aproveitar o que foi positivo e desprezar aquilo que nada acrescenta, reconhecer as falhas e sem vaidade garantir o mínimo de dignidade a essas pessoas que ainda são cidadãs.
É inadimissível tantos bons profissionais exercerem suas funções com total amadorismo por falta de condições de trabalho, mesmo aquele postinho de saúde em que se transformou uma fundação só existe de direito, pois juridicamente o posto não existe de fato simplesmente necessita de um decreto que o governo demora anos para assinar.
Odesson Alves Ferreira - Palestras
Falta vontade politica pra resolver de vez um problema pequeno em relação à grandiosidade do desastre.
É preciso garantir acesso aos verdadeiros donos daquela unidade de saúde. É necessário ter acolhimento com humanismo para reconquistar o público alvo razão da existência da instituição, que hoje chamam de CARA.
Aqui faço um apelo, busquem pesquisadores capazes de nos dar uma resposta quanto às doenças que insistem em acometer os radioacidentados, estamos cansados de ouvir os médicos que tem vínculo com o governo dizerem que as doenças não tem nada a ver com o acidente radioativo.
Tenho certeza que eles dizem sem o embasamento que nós também não temos, mas posso afirmar que nexo causal doença e falta de assistência ceifou mais de 100 vidas que de alguma forma foram vítimas do desleixo.
Peço em nome dos moradores da 57 que revitalize a rua, erga um memorial no lote que foi contaminado para que amenize um pouco aquele ar fantasmagórico.
Pra finalizar quero dizer que por várias razões nós vítimas do maior acidente radioativo fora de usinas somos totalmente contra a mineração de urânio em alta escala, a construção de armas bélicas e as usinas nucleares.
Tenho dito...
FONTE: Fala de Odesson Alves Ferreira durante o evento do dia 28/09/2012
Convidamos para a palestra de Ademar Kyotoshi Sato, Monge do Templo Shin Budista Terra Pura de Brasília, sobre o tema "O Efeito Fukushima e o Perigo Nuclear no Brasil” que será realizada no dia 1º de outubro (segunda-feira próxima) às 18 hs, no Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da UFBA. No evento, promovido pela Rede Brasileira de Justiça Ambiental, Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça, Cidadania e a disciplina Ambiente e Saúde Coletiva do ISC, o Monge Sato falará sobre o pós-Fukushima na política nuclear planetária.
Ademar Sato, que se tornou monge em 1998, após concluir estágio nos Mosteiros de São Paulo e Kyoto (Japão), comentará impressionantes fotos da tragédia, apresentadas pelo fotógrafo japonês Sakamoto na Cúpula dos Povos/Rio+20. São imagens que expressam o terror, a angústia e a desesperança que pode provocar o vazamento radioativo de usinas atômicas, cujo efeito é amplo, interdependente e põe em risco a vida na Terra.
Ademar Sato auxiliou japoneses que vieram ao Brasil
Por sua origem nipônica, Monge Sato talvez seja o brasileiro (http://www.terrapuradf.org.br/o-monge/biografia) que melhor pode fazer uma conexão entre as tragédias vivenciadas pelo desenvolvimento da tecnologia nuclear no Japão e a ameaça que representa no Brasil, o uso dessa mesma tecnologia para gerar energia elétrica. Ele esteve duas vezes em Fukushima –terra natal de sua mãe, onde ainda tem familiares. Ali, soube que foi um irmão da sua mãe quem iniciou as negociações para a instalação da usina nuclear, quando era governador no final dos anos 50.
Depois de conhecer e sentir o horror dos prejuízos sócio ambientais causados pela contaminação provocada pelo derretimento dos reatores atômicos, o Monge abraçou a luta antinuclear no Brasil e no mundo. Da Bahia, vai a São Paulo, para atividade do movimento antinuclear brasileiro, seguindo, mais uma vez, ao Japão onde participará de seminários inter-religiosos sobre Paz, Religião e a questão nuclear. Fará ainda palestras nos templos budistas de Hokkaido, que tem recebido os refugiados de Fukushima.
Acompanhando bem de perto o drama das vítimas do pior acidente nuclear japonês, o Monge está dedicado a uma missão: “Vou arriscar a insolência de lembrar aos japoneses que eles não podem fugir à responsabilidade de assumir o papel crítico do atual modelo de desenvolvimento mundial, não só por ser o único povo que sentiu os horrores da explosão nuclear provocada propositalmente pela ignorância humana, em Hiroshima e Nagasaki, mas também porque, apesar disso, foram obrigados a construir um grande número de usinas nucleares que podem vazar radiação letal a qualquer momento” (http://www.terrapuradf.org.br/2012/09/11/carta-do-monge-a-um-brasil-livre-de-usinas-nucleares/), afirma.
Serviço:
Palestra do Monge Sato, do Templo Shin Budista Terra Pura de Brasília, sobre o tema "O Efeito Fukushima e o Perigo Nuclear no Brasil”
Data: 1º de outubro (segunda-feira), às 18h.
Local: Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da UFBA
Rua Basílio da Gama, s/n, Campus Universitário do Canela, Salvador-Ba (atrás do Hospital das Clínicas)
O fenômeno da radioatividade descoberto pelo físico francês Henri Becquerel em 1896, mostrou que o núcleo de um átomo muito energético tende a se estabilizar, emitindo o excesso de energia na forma de partículas e ondas. As radiações emitidas por esses núcleos chamadas de partículas, alfa e beta (pouco penetrantes) possuem massa, carga elétrica e velocidade. Os raios gama são os mais perigosos por serem mais penetrantes (energéticos), e de efeitos extremamente nocivos para a vida, são emitidos na forma de ondas eletromagnéticas, não não possuem massa, e se propagam com a velocidade de 300.000 km/s.
Portanto, quando temos a presença indesejável de um material radioativo em local onde não deveria estar, existe assim a contaminação radioativa que gera irradiações. Para descontaminar um local, retira-se o material contaminante. Sem o contaminante o lugar não apresentará irradiação, nem ficará radioativo, irradiação não contamina, mas contaminação irradia.
Feito este preâmbulo, relembremos o ocorrido há 25 anos, naquele 13 de setembro de 1987, no município de Goiânia (GO), considerado o maior acidente radiológico do mundo. Um aparelho de radioterapia contendo o material radioativo césio-137 (produzido em reatores nucleares) encontrava-se abandonado no prédio do Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), instituto privado, no centro de Goiânia, desativado há cerca de 2 anos (isto mesmo, havia 2 anos que o equipamento estava abandonado no local). Dois homens, Roberto e Wagner, à procura de sucata, entraram no prédio do Instituto sem nenhuma dificuldade, pois o mesmo se encontrava em escombros, sem portas e nem janelas, e levaram o aparelho até Devair, dono de um ferro-velho. Durante a desmontagem do aparelho, foram expostos ao ambiente 19 g de cloreto de césio-137 (CsCl), pó semelhante ao sal de cozinha. O encontrado não era exatamente na forma de pó, mais parecia como uma pasta, de cor acinzentada, e virava pó quando friccionado. Mas o que chamava muita atenção é que no escuro, brilhava intensamente com uma coloração azulada. Encantado com o brilho do material, Devair, passou a mostrá-lo e até distribuí-lo a amigos e familiares, inclusive para os irmãos Odesson e Ivo, que levou um pouco de césio para sua filha, Leide.
Expostas ao material radioativo, às pessoas começaram a desenvolver sintomas da contaminação (tonturas, náuseas, vômitos e diarréia), algumas após horas de exposição e outras após alguns dias, levando-as a procurarem farmácias e hospitais. Foram medicadas como portadoras de uma doença contagiosa. Os sintomas só foram caracterizados como contaminação radioativa em 29 de setembro, depois que esposa do dono do ferro-velho Maria Gabriela, levou parte do aparelho desmontado até a sede da Vigilância Sanitária. No dia 23 de outubro daquele ano morria Maria Gabriela, esposa de Devair e sua sobrinha Leide. Devair, juntamente com outras 15 pessoas, foram encaminhadas para tratamento de descontaminação no Hospital Naval Marcílio Dias no Rio de Janeiro, vindo a falecer em 1994. Nestes 25 anos 6 pessoas da mesma família Alves Ferreira vieram a óbito.
Para a verdade dos fatos, é necessário deixar registrado que o governo na época não sabia ainda o que estava acontecendo. Até que no dia 29 de setembro, um dia após Maria Gabriela e Geraldo (catador de recicláveis que morava no ferro-velho) terem levado a peça que continha o césio a Vigilância Sanitária. O físico Walter Mendes, de férias na cidade, solicitou um contador Geiger do escritório da Nuclebrás de Goiânia, emprestando-o a Vigilância Sanitária. E ai sim, foi constatado a radioatividade.
A propagação do césio-137 para as casas próximas onde o aparelho foi desmontado se deu por diversas formas. Merece destaque o fato do CsCl ser higroscópico, isto é, absorver água da atmosfera. Isso faz com que ele fique úmido e, assim, passe a aderir com facilidade na pele, nas roupas e nos calçados. Levar as mãos ou alimentos contaminados à boca resulta em contaminação interna do organismo, o que aconteceu com Leide de 6 anos de idade. Oficialmente, segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), quatro pessoas morreram, e além delas, das 112.800 pessoas que foram monitoradas, em 6.500 foram encontradas contaminação discreta, mas apenas 250 apresentaram contaminação corporal interna e externa que mereceram maior atenção e acompanhamento. Destas, 49 foram internadas e 21 exigiram tratamento médico intensivo.
Os trabalhos de descontaminação dos locais afetados produziram 6.500 toneladas (somente recentemente reconhecida pela CNEN ) de lixo contaminado com apenas 19 g de césio-137. O lixo armazenado em caixas, tambores, containeres eram constituídos de roupas, utensílios domésticos, plantas, solo, animais de estimação, veículos, materiais de construção (algumas casas foram implodidas, sem que pudesse tirar nada de dentro, nem brinquedos, fotografias). Todo este lixo radioativo foi armazenado em um depósito construído na cidade de Abadia de Goiás, vizinha a Goiânia, onde deverá ficar, pelo menos 180 anos.
Quatorze anos depois, o governo de Goiás incluiu mais 600 pessoas na lista de vítimas. O Ministério Público Estadual (MPE) chegou à conclusão que, policiais e funcionários que trabalharam durante o período da tragédia foram contaminados e alguns morreram em conseqüência de doenças provocadas pelo césio. E estas mortes nunca entraram nas estatísticas oficiais.
Por outro lado, o Centro de Assistência aos Radioacidentados Leide das Neves Ferreira, criado pelo governo do estado para acompanhar as vítimas, não admitia relacionar ao acidente com o césio, as mortes e as doenças denunciadas pelo MPE. Foi então assinado um acordo entre o Estado e o MPE para que as novas vítimas, seus filhos e netos recebessem assistência médica e indenização.
Após vinte e cinco anos do desastre radioativo, as várias pessoas contaminadas pela radioatividade não recebem os medicamentos, que, segundo leis instituídas, deveriam ser distribuídos pelo governo. E muitas pessoas envolvidas diretamente com o ocorrido, ainda vivem nas redondezas da região do acidente, entre as Ruas 57, Avenida Paranaíba, Rua 74, Rua 80, Rua 70 e Avenida Goiás, sem oferecer nenhum risco de contaminação.
Este desastre deixou marcas profundas nas pessoas mais diretamente afetadas e que sobreviveram, e em todo município. O que caracterizou este episódio, e deixou evidente a sociedade, foi o despreparo, a inoperância, o improviso e o desinteresse demonstrado pelo poder público com a saúde das pessoas, principalmente manipulando informações.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) ficou desnudada diante do grave desastre de Goiânia. Mas não é somente a CNEN, mas todas as atividades nucleares no Brasil continuam surpreendendo negativamente, pois transcorrido 25 anos as atitudes e a postura de hoje são semelhantes a do passado. Pouca coisa mudou, em relação à transparência e a prepotência. E o descrédito a esta autarquia é cada vez mais percebido pela população, quando ela se informa e toma conhecimento das atividades desenvolvidas na área nuclear, onde sobressai a visão miliciana de soberania e defesa nacional, em que tudo é sigiloso, tudo é secreto.
O exemplo mais recente que acontece, ou podemos dizer a tragédia anunciada, é o que atinge as populações vizinhas da mina de urânio de Caetité na Bahia. Mas esta é outra estória que devemos estar atentos e evitar que nosso povo morra pela (ir)responsabilidade dos governantes.
Após apreensão de duas toneladas de material radioativo em um edifício em La Paz, o Valor apurou que a Polícia Federal e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) investigam uma possível rota de contrabando de urânio extraído em solo brasileiro rumo à Venezuela e que poderia ter como destino final o Irã.
O risco foi evidenciado na noite de anteontem, quando o ministro do Interior da Bolívia, Carlos Romero, anunciou que a polícia havia apreendido duas toneladas de urânio na garagem de um edifício no centro da capital. Quatro pessoas foram presas na operação, fruto, segundo o ministro, de uma investigação que durou 45 dias.
O prédio onde foi feita a apreensão é vizinho à Embaixada dos Estados Unidos e à residência oficial do embaixador do Brasil em La Paz, Marcel Biato. Além disso, o edifício abriga os adidos militares da Venezuela.
Ontem, no entanto, Romero recuou, dizendo que "a possível existência ou não de urânio ainda merece uma investigação científica". Ele encarregou o Instituto de Tecnologia Nuclear e o Serviço de Geologia e Minas do país de fazer as análises. Disse ainda, sem explicar como chegou a tal informação, que o material - uma série de rochas embaladas em sacolas de pano na caçamba de uma camionete - teria saído do Brasil, passando pela Bolívia com destino ao Chile, de onde seria embarcado para a Europa.
Uma fonte do governo brasileiro disse ao Valor que a Polícia Federal e a Abin já investigam rumores sobre uma rota de contrabando de material radioativo extraído no Brasil. "Se o material apreendido contiver efetivamente urânio, isso confirma indícios de que existe uma rota de comércio de urânio clandestino exportado do Brasil pelo Estado boliviano do Beni", disse a fonte. "Já ouvíamos isso, estávamos tentando investigar. Uma de nossas fontes policiais tem nos confirmado esses rumores. Agora, a Abin e a Polícia Federal terão que se envolver oficialmente no caso."
A suspeita em Brasília é que o urânio entre ilegalmente na Bolívia e seja exportado como outro minério para o Chile. Seguiria então para a Venezuela e, de lá, chegaria até o Irã, país aliado do regime do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e que está sob embargo internacional por suspeitas de que seu programa nuclear seja destinado a construir uma bomba atômica. Consultada pela reportagem sobre uma possível investigação do caso, a Polícia Federal não respondeu.
No momento da apreensão, dois dos detidos estavam sobre a caçamba da camionete sem nenhum tipo de proteção, segundo o jornal boliviano "La Razón".
Ontem, o presidente da estatal Corporação Mineira da Bolívia, Héctor Córdova, descartou que o material seja perigoso, na forma em que foi encontrado. "Em um primeiro momento, pensou-se que era mineral que contivesse urânio. Mas isso foi rapidamente descartado, pelo menos como urânio radioativo, pelas medições feitas com os equipamentos adequados ao longo do dia [terça]", disse Córdova em entrevista coletiva.
Ele disse ainda que o país não produz urânio e que o material apreendido, "pelas características do mineral", pode ser tântalo, usado na fabricação de componentes eletrônicos de produtos como telefones celulares e computadores.
Segundo Luiz Filipe da Silva, assessor da presidência da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), o Brasil é o maior produtor de nióbio do mundo, metal frequentemente encontrado na natureza junto com o tântalo. Segundo ele, é possível encontrar urânio na mesma rocha que contém o tântalo. "Em tese, é possível extrair urânio das fontes mais exóticas. O nióbio é muito valioso, o tântalo, mais ainda, e o urânio pode ter diversas utilizações", disse. "Mas eu desconheço qualquer instalação que retire o urânio desse tipo de fonte."
Os espíritos de Niels Bohr (Stephen Rea) e sua mulher Margrethe (Francesca Annis) caminham por Copenhagen, na Dinamarca, e rumam para a antiga casa dos Bohr para encontrar Werner Heisenberg (Daniel Craig), que também já morreu. A razão deste inusitado encontro é que Niels e Werner foram grandes físicos na 1ª metade do século XX e criaram as diretrizes para a construção da bomba atômica, sendo Niels mentor de Werner. Acontece que Bohr era dinamarquês e Heisenberg era alemão. Em setembro de 1941 Werner resolveu visitar Niels, mas se no passado eram amigos a guerra agora os colocara em lados opostos. Como os nazistas tinham ocupado a Dinamarca a vinda de Werner representava o conquistador indo até a casa do conquistado e, por mais que Niels tivesse prometido para Margrethe não falar de política e só de física, ficou evidente que isto era impossível de ser cumprido. No mesmo dia da chegada Nils e Werner foram fazer um tradicional passeio e logo voltaram, pois houve uma séria desavença entre eles. Décadas depois Niels, Werner e Margrethe tentam entender o que motivou Werner, um ganhador do prêmio Nobel que chefiava o programa atômico alemão, a ir ao encontro de Niels, um meio-judeu e o que aconteceu naquele dia, pois o que supostamente houve foi motivo de inúmeras conversas através dos anos.
Acidentes nucleares catastróficos, como a fusão do núcleo dos reatores em Chernobyl e Fukushima, é mais provável de acontecer do que inicialmente se supunha.
Área afetada caso ocorra em Angra o que
está acontecendo em Fukushima.
Levando em conta todas as horas de funcionamento, de todos os reatores nucleares civis do mundo, e contrapondo o resultado ao número de vazamentos nucleares que ocorreram até hoje, cientistas do Instituto Max Planck, na Alemanha, calculam que esses eventos podem ocorrer uma vez a cada 10 a 20 anos.
Ou seja, cerca de 200 vezes mais frequente do que o estimado até agora.
O prazo será menor quando aumentar o número de reatores nucleares em operação no mundo, conforme os projetos em andamento.
Contaminação a 1.000 km
Os pesquisadores também determinaram que, no caso desses acidentes graves, metade do césio-137 radioativo se espalha por uma área de mais de 1.000 quilômetros de distância do reator nuclear.
Cerca de 25% das partículas radioativas são transportadas a mais de 2.500 quilômetros de distância.
Elementos radioativos carregados com o
vento para outras cidades japonesas.
Os resultados mostram, por exemplo, que a Europa Ocidental está passível de ser contaminada cerca de uma vez a cada 50 anos por mais de 40 kilobecquerel de césio-137 por metro quadrado.
Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, uma área é definida como estando contaminada com radiação quando a concentração alcança esse patamar.
A situação é muito mais grave na Ásia, devido à elevada densidade populacional.
Reavaliação dos riscos nucleares
Em vista de suas descobertas, os pesquisadores pedem à própria comunidade científica que faça uma análise aprofundada dos seus dados, reavaliando os riscos associados com as usinas nucleares.
O acidente nuclear em Fukushima intensificou a discussão sobre energia nuclear em todo o mundo.
Desde então, o Japão desligou todos os seus reatores nucleares, e a Alemanha anunciou o fim do seu programa de energia nuclear.
Risco real de acidentes nucleares
Para determinar a probabilidade de um colapso nuclear, os pesquisadores aplicaram um cálculo simples.
Eles dividiram o número de horas de funcionamento de todos os reatores nucleares civis em todo o mundo, do início do seu funcionamento até o presente, pelo número de colapsos de reatores que ocorreram na prática.
Usina Nuclear de Chernobyl
Ou seja, em vez de estimativas teóricas e cálculos de probabilidades estatísticas, eles usaram os dados históricos reais.
O número total de horas de funcionamento alcança 14.500 anos, enquanto o número de fusões de reatores foi de um a quatro em Chernobyl e três em Fukushima - não há dados sobre Chernobyl suficientes para precisar se apenas um dos reatores explodiu.
Atualmente, existem 440 reatores nucleares em operação no mundo, com planos para construção de outros 60.
Isso se traduz em um acidente grave, definido de acordo com a Escala Internacional de Ocorrências Nucleares (INES), a cada 3.625 "anos operacionais" dos reatores.
Mesmo se o resultado for conservadoramente arredondado para um acidente grave a cada 5.000 anos/reatores, o risco é 200 vezes maior do que a estimativa para fusões catastróficas não confinadas, formulada pela Comissão Reguladora Nuclear dos EUA em 1990.
Os pesquisadores não consideraram em seus cálculos as idades e tipos de reatores, e nem se eles estão localizados em regiões de maior risco, por exemplo, por terremotos.
Afinal, dizem eles, é virtualmente impossível prever tais riscos, uma vez que ninguém havia previsto a catástrofe dos reatores no Japão.
Fonte:
Global risk of radioactive fallout after major nuclear reactor accidents
Depois da tragédia da usina nuclear, o Japão incentiva a adoção de energia solar.
A nissei brasileira Margarete Takahashi fez de tudo para instalar painéis solares em sua casa nos arredores de Tóquio. Durante meses, tentou convencer o marido, o engenheiro Kensuke Takahashi, de que valia a pena comprar os equipamentos, aproveitando o aumento do subsídio do governo e a possibilidade de vender a energia excedente para a distribuidora de energia elétrica. "Foi uma briga lá em casa", diz Margarete, que é mãe de Kaito, um menino de seis anos. Determinada, ela procurou informações sobre os subsídios para uso de energia renovável e fazia as contas com o marido à noite. Preocupada em economizar energia, Margarete comprou interruptores especiais que eliminam o consumo quando os eletrodomésticos estão desligados, sem a necessidade de retirá-los da tomada.
Com uma certa frustração, Margarete, que atua como intérprete de português, conta que todos os argumentos foram em vão. O marido não acredita que a família consiga gerar um excedente de energia com os painéis solares que permita zerar os gastos com a conta de luz. Takahashi acha que gastar, pelo menos, US$ 10 mil em equipamentos é muito dinheiro e proibiu a compra. "Parece que ele tem preguiça de economizar", reclama. "Eu não quero contribuir para a geração de energia nuclear, pois sabemos como ela pode ser perigosa." Margarete não é a única a pensar dessa forma. O terremoto, seguido de tsunami, e o acidente na usina de Fukushima, ocorridos em março do ano passado, mudaram a visão dos japoneses sobre a energia nuclear.
Segundo pesquisas de opinião, mais de 40% da população apoia alguma restrição à geração nuclear. Em poucos minutos de conversa, eles não demoram a lembrar de um assunto tabu: a experiência com as bombas nucleares jogadas pelos aliados em Hiroshima e Nagasaki, no final da Segunda Guerra Mundial. "Sabemos por causa das bombas nucleares que a contaminação do solo demora muito para ser resolvida", diz Margarete. A explosão no reator de Fukushima foi o pior acidente nuclear dos últimos 25 anos. Provocou a morte ou desaparecimento de 19 mil pessoas e a evacuação de 140 mil que viviam num raio de 20 quilômetros.
Numa entrevista recente, o ex-primeiro-ministro Naoto Kan disse que, depois de Fukushima, chegou a ficar preocupado com a possibilidade de uma nova tragédia nuclear afetar a região de Tóquio e ameaçar "a própria existência da nação". Isso o convenceu a procurar alternativas à energia nuclearpara o país. Desde o acidente, as 50 usinas nucleares foram sendo desligadas aos poucos, para checagens de segurança ou operações de manutenção. Em maio, o terceiro maior parque nuclear do mundo, atrás apenas do americano e do francês, estava totalmente inativo. O físico Mikinori Niino diz que muitos de seus amigos não acreditam no discurso oficial de que as usinas nucleares são seguras.
E que a população hoje está muito mais atenta à questão. "Muitos acham melhor enfrentar blecautes do que confiar na geração nuclear˜, afirma. Com parte tão relevante da geração paralisada, a única solução para evitar os apagões é reduzir drasticamente o consumo energético. O objetivo oficial é a redução de 15% na demanda. Por isso, os formais japoneses aguentam com estoicismo as temperaturas escaldantes nos escritórios das grandes companhias em Tóquio. Na maior parte das torres de escritório na capital japonesa, o arcondicionado está regulado para 28 graus, e em muitas das salas de reunião não é possível abrir as janelas. A economia de energia nesses edifícios tem sido suficiente, até agora, para evitar cortes nas unidades industriais.
Mas o temor de que sejam necessários blecautes programados, no verão que acaba de começar no Hemisfério Norte, levou o governo a anunciar, no sábado 16, a reativação de dois reatores nucleares na cidade de Ohi. Milhares de pessoas protestaram contra a decisão em frente à casa do primeiro-ministro japonês Yoshihiko Noda. Apesar de tomar medidas emergenciais para garantir o suprimento durante o verão, o governo já declarou que pretende reduzir a dependência do país da energia nuclear e está fazendo planos para mudar a matriz energética até 2030. A equação não é simples de ser resolvida. O Japão importa mais de 80% de suas necessidades energéticas e, até a década de 1970, concentrava a geração em usinas térmicas movidas a derivados de petróleo.
Em Tóquio, ativistas protestam contra religamento de usinas nucleares.
A disparada dos preços do petróleo determinou os investimentos nas usinas nucleares nessa época. Agora, o país terá problemas sérios se quiser mesmo repor os 30% da matriz energética, fornecidos pelas usinas atômicas. O governo já teme que indústrias deixem o Japão em direção a outros países por causa da elevação da tarifa de energia. As usinas térmicas convencionais, que utilizam combustíveis fósseis como derivados de petróleo, carvão e gás natural, são a maior fonte de energia do país, respondendo por 63% do total. Sete por cento são gerados em hidrelétricas e apenas 3% vêm de fontes renováveis, segundo dados da Agência Internacional de Energia. Há muitas limitações em relação às energias renováveis que podem ser usadas pelo Japão.
Pelo exíguo tamanho do território, biomassa e produtos derivados da agricultura como o etanol estão naturalmente descartados. As alternativas preferidas são a solar e a eólica. Enquanto não se desenha uma solução, o país está voltando à era dos geradores. Claro que, agora, com muitas inovações tecnológicas. A NEC, por exemplo, está vendendo um sistema que alia baterias de lítio e uma célula de geração de energia solar. O sistema carrega as baterias usando eletricidade da rede ou da célula solar e as utiliza nos horários de pico. Também funciona como um gerador em caso de cortes no fornecimento.
Com fortes incentivos do governo, o Japão deve tornar-se o segundo maior mercado de energia solar do mundo até o ano que vem, segundo previsão da Bloomberg New Energy Finance. Para estimular os investimentos, o Ministério da Economia aprovou, na segunda-feira 18, prêmios elevados para a tarifa da energia solar gerada— os produtores receberão o dobro por megawatt do que é pago na Alemanha. Os fortes subsídios provocam dúvidas sobre a criação de um sistema ineficiente e sobre os problemas de competitividade para continuar a produzir no Japão, preocupando as autoridades. "O Japão não pode voltar a depender de velas", disse Yoshito Sengoku, líder do partido do primeiro-ministro na Dieta Nacional, o Parlamento japonês.
Fonte:
Autor(es): Tatiana Bautzer, enviada especial a Tóquio e a Yokohama
A Justiça Federal em Goiás condenou ontem a União e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) a pagar indenização de R$ 100 mil por danos morais a Suely de Assis da Cunha, uma das vítimas do acidente com o césio-137, material altamente radiativo, em Goiânia.
Na sentença inédita, o juiz da 9.ª Vara Federal Euler de Almeida da Silva Júnior determinou que o dinheiro a ser pago deverá ser atualizado com correção monetária de 1% ao mês, a partir de 5 de fevereiro de 2009, quando a vítima entrou com a ação.
Na sentença, Suely alegou, com apoio de documentos, ter desenvolvido várias patologias após o acidente, "que se agravaram com o tempo". Também comprovou que anomalias também foram constatadas em outros membros da sua família.
O agravamento das doenças, disse ela, resultou em pedido administrativo de pensão alimentícia, que lhe foi concedida em fevereiro de 2009 e referendada por laudo médico da Fundação Leide das Neves. A fundação foi criada pelo governo de Goiás para atendimento das vítimas do acidente radiológico. No total, Cunha pediu uma indenização no valor de R$ 300 mil.
No entendimento do juiz, Suely tem direito à indenização "em função da desestruturação familiar causada pelo acidente com o césio, violações à sua privacidade domiciliar, com animais de estimação sendo abatidos, doenças generalizadas, preconceito e estigma social".
O governo de Goiás, inicialmente também apontado como réu, a foi retirado do processo por não ser "sujeito à competência da Justiça Federal".
Não é a primeira vez na história que a sociedade assiste com espantos o efeito devastador de uma tragédia nuclear. Infelizmente, as diretrizes que o mundo vem adotando em relação ao tema nos afirmam que tão pouco a tragédia em Fukushima será a última.
Em Setembro de 1987 os olhos do mundo se voltaram para o Brasil. No inicio do mês recebemos notícias do "êxito" em nosso programa nuclear (paralelo) que anunciava a capacidade tecnológica própria para enriquecer urânio a 20%. Ao final do mês é anunciada a "derrota", a tragédia causada pela exposição à radiação sofrida pela população em Goiânia e a contaminação sofrida pelas vítimas do contato direto com o elemento radioativo Césio-137. Na qualidade de presidente da AVCésio, associação criada pelas vítimas diretas da tragédia, venho oferecer condolências e solidariedade as vítimas e futuras vítimas do terror e silêncio que hoje vem de Fukushima.
Nós conhecemos o sabor do medo que a falta de informação em um momento de crise causa. Sabemos como são dolorosas as feridas feitas pela brutalidade quando o pânico e a falta de informação inflamam a população. Sofremos literalmente na pele angústias que apenas a radioatividade pode causar. Nossas propriedades, bens, documentos, memórias, fotografias, saúde física, parentes, amigos, relações profissionais, animais de estimação, entre muitos outros, foram todos violentamente extintos ou prejudicados. Por este motivo manifestamos aqui nossa compaixão, carinho e acolhimento as vítimas e futuras vítimas de Fukushima.Sempre nos comove ver a movimentação e a solidariedade de técnicos e centros tecnológicos do mundo inteiro ante uma emergência nuclear. Tal imagem nos gera a sensação de comunicação e redes de apoio, dois pontos frágeis e inoperantes dentro da temática nuclear. A falta de informação "crônica" é a responsável por gerar e elevar a perda de confiança nas autoridades competentes.
Infelizmente as tragédias nucleares mundo a fora seguem o mesmo desesperante roteiro: Poucas informações desmentindo a gravidade do problema, "pequenas" inverdades em nome do bem geral da nação, desconfiança e mobilização internacional, truculência nos procedimentos envolvendo vítimas, até que enfim cheguem informações a população local e mundial das reais dimensões da tragédia. Esta política esmagadora não deveria seguir vigorando, cartas como esta são também tristes alardes de danos incalculáveis.
Esperamos, e faremos pressão, para que o governo brasileiro siga o exemplo dos países da Europa que agora se movimentam para desacelerar e extinguir seus respectivos programas nucleares. As defasagens, abusos e omissões no programa nuclear brasileiro são inúmeras e graves. A presidenta Dilma Rousseff já avisou aos brasileiros que seu governo será lembrado pelo respeito aos direitos humanos, pagaremos todos para ver o quanto, quando e como nosso governo democrático irá nos proteger. Nossas ações, reclamações, manifestações e movimentos são a parte que nos cabem nesta luta, cuja as vítimas de Fukushima acabaram ingressar.
Organic Farming Opens Up Hope for Recovering Sustainable Communities
Tambos (rice paddies) and Tombos (dragon flies)
It was during my fifteenth year of organic farming. This one morning in late June, I was taking care of my rice paddies; in Japanese we call them “tambo”. These are deepwater tambos constructed in a mountainous region in Fukushima. Waters are twenty centimeters deep to prevent weeds from growing.
It was just a typical morning, and I was walking along the edge of the tambo. Then a newborn dragonfly, we call dragonflies “tombo” in Japanese, came flying out of the tambo. It wasn’t just one or two, but over fifty tombos came flying out. Their soft wings were glittering silver in the morning sun. It was a fascinating experience.
The tombos flew away from the tambo into our communal mountains nearby. And there, they fly freely in the highlands during the summer. In September, the tombos come back to the tambo to lay their eggs. They are called tombos because they come from and back to tambos.
It’s not just tombos. In tambos there are also spiders, giant water bugs, mantises… Frogs jump around the tambos, etc. etc. A tambo fosters a whole world of its own.
Tambos also work as a dam that prevents flooding. And the water that flows into a tambo comes from the forests in our communal mountains. These are trees planted by our ancestors. Planted for us, and our succeeding generations. The beautiful tambos, the blessings from our communal mountains and forests, are all with us today because our ancestors took care of the forests and continued a tradition of sustainable farming.
Utilizing the Blessings from Our Communal Forests, and Furusato-Building
In two-thousand-five, we started a non-profit organization called “Towa Organic Furusato-Building Council”. Our goal is to promote resident-led development, utilizing the rich blessings of our communal mountains and forests. However, by “development” we do not necessarily mean economic development. Our goal is to revitalize our community while valuing our culture, tradition and harmonious style of living with nature.
We want to foster a community where people look back with pride and affection, where all are welcome, and where people can make him or herself at home. In Japanese we call such a hometown “furusato”; and thus our activities can be more simply defined as “furusato-building”.
Specifically, with the investments of farmers, ranchers and local businesses, we started a community compost center to support organic farming. The center makes compost from fourteen different categories of locally supplied ingredients. This includes cattle manure, rice hulls, sawdust, hay, and local food residue such as dried bonitos, and soybean residue from making tofu.
Rice, vegetables and fruits grown using this compost are then offered to local school lunches and sold to consumers either directly or through consumer cooperatives based in urban areas. Such business fosters communication between the consumers and our farming community; thus functioning as a medium of communication between rural farming communities and urban consumers.
In addition, we began growing mulberry trees, perilla, and figs on abandoned farmlands, developed methods to process those into wrought goods, and created jobs. Mulberry fields are a part of our traditional landscape. Hence growing and utilizing mulberry trees are important and sustainable means to preserve the local tradition. These activities lead to furusato-building; preserving the traditional landscape where tombos fly freely among the tambos and mulberry fields.
In the course of these activities, we found out we were not the only ones. We found there were many in Fukushima with shared visions. To connect with these folks and to spread even further our scope of activities, we organized in two-thousand nine, Fukushima Organic Farmers’ Network. And just as things were beginning to get on track, the nuclear accident happened.
Organic Farming Brings Hope for Recovery
Radioactive particles released by the three-eleven nuclear accident contaminated Fukushima’s mountains, forests, houses, roads, parks, just about anything, and most importantly for us, farmland. Yet, we continued to plow, and to sow the seeds, and kept producing fruits, vegetables and rice. We never gave up.
After a whole year of collaborative research with farmers, residents, researchers and academics, we found out some important facts. We found out that land that is rich in clay and organic matter has a tendency to contain radioactive particles such as radioactive cesium, therefore reducing its transition to produce. In other words, through the practice of organic farming, we are able to condition our land so that radioactive particles are not taken in by what we grow. This finding brought us great hope. It meant that the revitalization of Fukushima could be accomplished through the practice of organic farming.
Ninety-eight point four per cent of brown rice grown in Fukushima Prefecture last year had less than fifty becquerels per kilogram of radioactivity. Most of the vegetables inspected were below thirty becquerels per kilogram last year. And this year, most are below the detection limit. However, fruits and berries that grow on trees tend to show higher numbers. Mushrooms also tend to have over one hundred becquerels per kilogram.
In other words, it’s the mountains and the forests that are heavily contaminated. Seventy per cent of Fukushima Prefecture is either mountainous terrain or forests. We must now pay attention to the water that seeps through these mountains and forests and into our residential and farming areas. Entering the second year since the nuclear accident, these are things that we need to research and make clear. We need to obtain accurate measurements from trees, leaves, natural compost, hay and other local organic resources that are so vital to organic farming. And wherever we find high levels of radioactivity, we must find ways to cope with the situation.
Food and Energy Self-Sufficiency as Key
In contrast to the scenic tambo that I shared with you earlier, the kind of scene I see today is this. An elderly farmer sighing with relief to see that his vegetables are safe to eat after inspections and saying “Our grand children can eat this!?”
It is important that we inspect our produce and our land in order to make visible what we cannot see, feel, nor smell, radioactivity. And sharing accurate information is the only way we can foster trust with our consumers.
What we offer to our consumers should be no different than what we eat ourselves. Therefore, we cannot, and should not, be offering produce that we cannot let our grandchildren eat. This also includes produce sprayed with herbicides and pesticides. These are chemicals that we would not want in our kitchen.
In the spring, we gather shoots and wild plants in our communal mountains and forests. By summer our vegetables will be ready to eat. In autumn, the trees bear fruit and mushrooms grow in the wild. During the winter, we eat dried radish, pickled vegetables and fermented soybeans.
Japan’s relative longevity is found not only on medicine but also on this tradition of eating what is available at the time and place. However, a reliance on imported foods and chemical additives has lowered the immune strengths and resilience of both humans and livestock. In this sense, the nuclear accident taught us another lesson; that we should be eating what is available locally at the right time. We have found out that for the Japanese, eating traditional foods such as Japanese root crops, seaweeds, miso, pickles and other fermented products, strengthens our digestive organs and excretes toxic substances from our bodies.
There is an idiom in Japan that says “shin-do-fu-ji”. This means a healthy body can be built by eating what is grown locally, and is literally written in kanji characters meaning the body and the earth is indivisible. In Africa, there must be African eating traditions. Europe must also have their seasonal foods. Supporting local farmers and local food cultures leads to a healthy way of living. This is what our national and local governments should be doing; supporting local agriculture and food culture.
Another point in mind is that, equally important as growing food locally is energy self-sufficiency. Last year, I grew sunflower and rapeseeds. This is because we have learned, from research conducted in Chernobyl that these plants have a tendency to take in radioactive substances thus purifying the land. However, these weren’t planted just for land purification. They can be pressed for oil, because the radioactive substances stay in the pomace, not in the oil. The oil can then be used for cooking. After cooking, the oil can be filtered and reused for diesel engines on our tractors and farming equipment.
This is the kind of effort that is taking place in Fukushima right now. We are moving towards renewable sources of energy; biomass fuels, solar power, micro-hydro generators. It is time we all shift from relying on petroleum or nuclear power to renewable sources of energy.
Recovering Fukushima to a Place Where Children Can Play Freely
We have a message from Fukushima; an appeal.
The people of Fukushima have suffered. Many of our people were forced to evict, and are still forced to live away from their homeland; away from their furusato.
Farmland has been contaminated.
Organic farmers have committed suicide in despair.
Children have been deprived of their rights to just play freely outside.
This is not the kind of suffering that should happen again to anyone.
If we do not change course now, when will we ever change course?
We have found out through the nuclear accident, that organic farming and eating locally grown foods, which can also mean increasing our self-sufficiency, leads to job creation, eradication of poverty and prevents human rights abuses.
It’s been thirty-five hundred years since our ancestors learned how to grow rice from our friends in China. Japanese poetry, dance, songs all are culturally rooted in growing rice. We are a rice-based culture. We must not bring an end to this culture.
Our ancestors have planted trees, protected the mountains, and conserved our communal forests. These efforts have brought rich waters to our tambo. And waters also flow into the sea; fostering rich biodiversity in our coastal waters. But it has all been contaminated.
Now, after the contamination, I feel even stronger that what we have lost is so great. Foresting our rigid mountains, sowing seeds on our farmland, and wisely utilizing our coastal fishing grounds; these practices of forestry, agriculture and fishery are what constructed a reproductive and sustainable society. And based on these practices, primary and secondary processing industries grew out to create jobs.
Before the nuclear accident, teenagers and people with disabilities came to pick tomatoes, plant and harvest rice, and rake leaves. We had a community where the young and the elders worked together; where the disabled and not-so-disabled worked hand in hand. Agriculture has a strong pull that fosters a sense of community.
When I close my eyes, I can recall the days in Fukushima where I can hear the children’s voices echo in the neighborhood. But I say to myself. “No, this is what the real world should look like, not just in my memories. I must make this the reality once again.”
In order to make it happen, we must turn back from the world of global competition to a world of local cooperation; respecting the local traditions of organic farming, and reinstating the practices of farming, forestry and fishery as our society’s very foundation. That path to sustainability is the path that we should be headed. That is our message and our appeal.
And along this path, we will sow the seeds of hope.
Ten Points for a Sustainable Fukushima
Finally I would like to share a proposal consisted of ten points, that we feel are critical in achieving a sustainable society.
1) De-nuclearization
We strongly propose stopping at once and decommissioning all nuclear reactors in the world.
2) Radiation Protection
We demand that a system of health survey of all residents, along with a system of radiation inspection on housing, farmland, produce, food, and agricultural raw materials be established promptly.
3) Revitalization
We propose that revitalization efforts shall be resident led with locally sustainable organic farming at its core; creating jobs through the revitalization of primary industries and local economies.
4) Self-sufficiency and coexisting with nature
We will take back our traditional styles to coexist with nature, while improving our local and individual self-sufficiency. To do this we must learn from our elders, how we shall live in harmony with nature.
5) All-farming Society
We believe that over-concentration of population, capital and power in urban cores produce inequalities both within and between regions. Thus, we propose a decentralized society where every person can exercise his or her right to farm.
6) Dietary Habits
The consumption of meat, chemical compounds, food additives, and genetically modified organisms should be substantially reduced. Alternatively, the global diet should be based on locally grown grains and vegetables.
7) Revitalization of primary industries and increased food stock
To provide for a global food crisis, all communities should revitalize their primary industries (i.e. agriculture, forestry and fishery), increase their self-sufficiency, and food stock.
8) Building Humane Networks of Trust
We will restore a society and a way of living based on mutual trust; both in our communities and between cities and rural communities.
9) Energy
We will reduce the amount of energy we use and switch to an interspersed, renewable, and self-sufficient energy.
10) De-growth
We will turn away from a society where economic growth is overemphasized, and move to a more moderate one emphasizing life and solidarity.
Foto dos escombros no centro de Goiânia - Antiga sede do Instituto Goiano de Radioterapia
Em setembro de 1987 Wagner (Caminhoneiro) e Roberto (Reciclava lanternas de automóveis) estavam recolhendo sucatas. Encontraram em escombros no centro de Goiânia(Foto)um aparelho com estrutura de metal e chumbo, recolheram e venderam a um ferro-velho. O aparelho era usado no tratamento de radioterapia(já obsoleto para fins medicinais, que foi ABANDONADO nas ruínas do IGR) que continha Césio 137 (Elemento radioativo criado em laboratório).
Assim começa o Maior Acidente Radiológico Urbano do Mundo.
O Impacto Radiológico da Mina de Urânio da INB em Caetité (BAHIA/BRASIL) é o título do relatório sobre a investigação dos impactos ambient...
Os danos do Césio 137 no Corpo Humano
O Césio 137 só começa a perder sua radioatividade em aproximadamente 30 anos. Essa radioatividade pode ter efeito devastador no organismo humano. Começa a destruí-lo de dentro para fora,primeiro a camada muscular e os vasos sangüíneos, depois atinge a camada de gordura, até chegar à pele.
Para sabermos se queremos ou não a proliferação da tecnologia nuclear, precisamos garantir o direito a informação. Na história do desenvolvimento dessa tecnologia, a ignorância em relação ao tema promovida pelas autoridades gerou uma série de manifestações agressivas e preconceituosas para com as vítimas, sempre motivadas pelo medo e falta de informação da população. Toda forma de alienação do direito a informação e opinião é também um problema social. Vamos juntos mudar os rumos dessa história!