Reservistas Sul Coreanos reunidos en Seúl AHN YOUNG-JOON (AP) |
O jogo de cena nuclear repete o mesmo ato mundo a fora,
antes de ter uma bomba nuclear dizem que suas usinas atômicas são apenas para
fornecer energia, que almejam uso pacifico, políticos beijam crianças e discursam
exaltando a tecnologia a serviço do crescimento da nação. Logo de cara a
população não encontra motivos para desconfiar do próprio governo, lhes soa
estranho a insistência de países que já possuem a bomba querendo garantias,
inspeções e o termino do respectivo plano nuclear do país. Com estas medidas os
argumentos de tecnologia pela soberania nacional ganham força, afinal, eles que
tem tecnologia não querem que outros tenham, são imperialistas, etc... Alguém já
viu esta cena?
A união
entre usinas nucleares e bombas nucleares é simples, uma vez dominado o ciclo
de enriquecimento de urânio para alimentar as usinas, as etapas mais difíceis
estão superadas e, daí por diante, o problema de construir ou não a bomba
atômica é mais político e econômico do que técnico. Todos os países que
pesquisaram o ciclo do enriquecimento de urânio negam sempre intenções bélicas até
o momento em que elas se tornam evidentes, como se observou nos casos da
nuclearização de nações como Índia, China, Israel e atualmente voltou a tona
com o programa nuclear Iraniano.
A profundidade das perfurações é compatível com as que usam no programa americano para explosões subterrâneas |
Tudo isso porque? Simples, porque
qualquer reator que queime urânio, a 3% ou a 20%, produz plutônio como
subproduto - e o plutônio é um excelente explosivo para a bomba atômica.
Pode-se fazer uma bomba também com urânio enriquecido a 90% - e, nesse caso, quem
domina o processo do enriquecimento a 20% é capaz de chegar a 90% pelos mesmo métodos.
As usinas nucleares, além de energia, criam uma fonte abundante de recursos
para o nuclear bélico. Como não há nenhum depósito definitivo para os resíduos,
os tais rejeitos, vulgo lixo nuclear, toneladas desse material são estocadas na
própria usina, o que convenhamos, a torna uma verdadeira bomba nuclear em
grande escala. Em Fukushima, por exemplo, há 264 toneladas de varetas decombustível usado, contendo grande quantidade de césio-137, aguardando destino
final. Isto é, o governo do Japão assume o risco de viver um desastre ainda pior
se caso ocorrer outro terremoto que destrua a piscina de refrigeração. E quem
dera se este risco fosse só em Fukushima, mas onde há uma usina nuclear, a
risco semelhante.
Já sabemos então onde a usina
nuclear se transforma na menina dos olhos de qualquer força armada certo? Agora
vejamos o argumento da famosa “Bomba da Paz”,
Ato realizado no MASP marcando 2 anos da Tragédia ocorrida em Fukushima (Foto: Joelma do Couto) |
Vemos hoje a Coréia do Norte se
gabar que por conta de seu programa nuclear e bombas nucleares seu país ainda não
foi invadido, é o mesmo argumento daqueles que desejam ter os mesmos artefatos.
Garantir a soberania nacional disseminando o medo é a moeda de troca das nações
que possuem as bombas. No inicio do programa nuclear brasileiro não foi
diferente, e em nenhuma outra parte do mundo é. Mas analisando bem, podemos
perceber que esta estratégia esta muito mais afinada com os ideais de umaditadura do que com a liberdade democrática. A tal bomba da paz garante um
controle via o temor, se apóia nas mais altas tecnologias não para garantir o
progresso das nações. Se trata de um alto investimento, já que custa bilhões,
que não tem seu retorno revertido em qualidade de vida para as populações. A bomba apenas subsidia a ganância por poder,
as políticas e ações opressoras, basicamente custa caro e é nociva.
Três gerações de japoneses na luta pela paz e contra a proliferação de usinas e armas nucleares. (Foto: Joelma do Couto ) |
Sendo assim, não temos no mundo
um exemplo sequer de programa nuclear aberto, franco, com contas claras,
interesses definidos, com informações a disposição da população e da comunidade
internacional. Seus danos, em caso de ataques ou desastres, são igualmente
opressores e nocivos, marcam gerações, destroem cidades, campos, abalam a
economia, reverter seus danos custa caro sendo que a maioria dos danos são irreversíveis!
Portanto, o argumento cínico da bomba da paz não é uma passo a frente rumo a
soberania, mas sim um grande retrocesso nas conquistas sociais, democráticas e
de direitos humanos. É um passo que todos nós financiamos a custo de nossos
impostos, um passo que nos impõe uma realidade que nenhum ser humano, em sã consciência,
gostaria de viver.
Gostei muito!!! Trata-se de uma falsa democracia imposta por um sistema totalitário.