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Brasil não tem depósito permanente

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Resíduos são guardados provisoriamente e depois devolvidos à nação de origem

Cada material radioativo tem um período de utilidade específica, determinado pela sua meia-vida (tempo dentro do qual sua radioatividade cai pela metade). Os rejeitos de combustível nuclear e de radioisótopos de uso industrial requerem um tratamento especial, pois podem permanecer radioativos por centenas e até milhões de anos. O Brasil não possui um depósito permanente para esses resíduos, que precisam ser enviados de volta ao país exportador.

O depósito de maior atividade radioativa no País fica num galpão de 200 metros quadrados no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo, onde estão estocados mais de mil tambores de aço galvanizado, de 200 litros cada um, com quase 20 mil fontes radioativas, segundo informações do instituto. Em um galpão vizinho são armazenadas as fontes recolhidas dos hospitais e indústrias para processamento. O material radioativo é colocado em proteções de chumbo e cimentado dentro dos tambores.

Outros depósitos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) estão situados no Instituto de Energia Nuclear (IEN), na Cidade Universitária da Ilha do Fundão (RJ); e no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), no câmpus da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Existem ainda rejeitos estocados em Abadia, Goiânia (especialmente para os rejeitos do acidente com césio-137, em 1987) e Fortaleza, segundo a Coordenadoria de Relações Institucionais da Cnen.

Há também depósitos de rejeitos das Indústrias Nucleares do Brasil em Poços de Caldas, am Minas, e no Estado de São Paulo - na Usina de Interlagos (Usin) e na Botuxim, 12 quilômetros ao sul de Itu -, de acordo com a Cnen.

Já a meia-vida dos radiofármacos em geral é de algumas horas. Com isso, eles podem ser descartados com mais rapidez depois que sua radioatividade atinge níveis aceitáveis para o ambiente. Depósitos blindados com chumbo guardam os rejeitos de grandes hospitais até que eles possam ser descartados com o lixo comum ou recolhidos para os depósitos do Cnen. Segundo o engenheiro Paulo Roberto Rela, do Departamento de Aplicações na Engenharia e na Indústria do Ipen, os rejeitos radioativos - incluindo luvas, seringas e outros materiais de manipulação - devem ser mantidos em blindagem por 20 meias-vidas para serem considerados inofensivos.


Lei - O País poderá ter uma definição quanto aos depósitos provisórios de rejeitos radioativos na próxima semana. Segundo o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), o projeto de lei 189/91, que define o destino de rejeitos nucleares e regulamenta a construção de depósitos finais, deverá entrar em pauta após a Semana Santa, em regime de urgência.

Já aprovado na Comissão de Meio Ambiente da Câmara, o projeto exige, entre outras medidas, a realização de várias pesquisas e a execução de um relatório de impacto ambiental no caso da eventual escolha de um local definitivo para abrigar os rejeitos produzidos no País.

Segundo o coordenador substituto de Rejeitos Radioativos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Natanael Bruno, já foram definidas pelo menos 20 áreas para o destino de rejeitos no País. Gabeira, no entanto, afirma que a escolha da Cnen deverá ser submetida às autoridades ambientais, segundo o texto do projeto de lei. "O licenciamento da Cnen não exime a necessidade de licenciamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por exemplo", disse ele.


Angra - A questão dos depósitos provisórios existentes no Complexo Nuclear de Angra dos Reis (a 150 quilômetros do Rio) preocupa autoridades ambientais do País. O secretário do Meio Ambiente do Estado do Rio, André Corrêa, solicitou que o governo federal contrate uma agência independente - no caso, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) - para realizar uma inspeção nos dois depósitos de Angra. O pedido foi feito depois que surgiram suspeitas em relação às condições de armazenamento dos rejeitos de baixa e média atividade da usina nuclear, embora a Cnen já tenha emitido parecer indicando que os depósitos teriam "condições plenas de segurança" para a estocagem de material radioativo em caráter provisório.

O chefe da Divisão de Segurança de Rejeitos da AIEA, Gordon Linsley, veio ao País na semana passada para fazer uma inspeção preliminar no local. Na ocasião, ele disse considerar necessária uma "solução final" quanto à questão dos depósitos. O relatório final da AIEA sobre a situação de Angra só deverá ser divulgado em junho, após a visita de mais um grupo de peritos à usina. (Herton Escobar e Felipe Werneck)


FONTE: http://www.ien.gov.br/noticias/midia_arquivo/oestsp_160400_depos.htm

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