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Linguagem das Cifras X Vítimas

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Introdução ao Tema Radiológico / Nuclear


ACIDENTES NUCLEARES

- São acidentes que ocorrem em instalações nucleares


ACIDENTES RADIOLÓGICOS (Acidente Radiológico/ Radioativo/por Radiação)

- É caracterizado por: campos de intensa radiação não intencional

- Liberação não controlada de grandes quantidades de material radioativo

- Envolvendo exposição ou contaminação de seres humanos ou meio ambiente

- Causando sérios danos ou morte


CLASSIFICAÇÃO DE ACIDENTES ENVOLVENDO SERES HUMANOS


1) IRRADIAÇÃO EXTERNA (RADIO EXPOSIÇÃO)

- Corpo inteiro

- Parcial do corpo

- Localizada


2) CONTAMINAÇÃO (RADIOCONTAMINAÇÃO)

- Externa (superfície)

- Interna (inalação/ingestão/injeção/absorção de pele ou ferimentos)


3) COMBINADOS (MISTOS)


IRRADIAÇÃO EXTERNA

- Severidade dos danos biológicos

- Dose absorvida pelos tecidos

- Taxa de dose Energia e tipo de radiação


Avaliação da severidade dos danos

Clínica: (Sinais e Sintomas)

- Eritema

- Anorexia

- Náusea

- Vômito

- Fadiga

- Diarréia


Biológica:

- Dados hematológicos (sangue) e bioquímicos (urina)

Dosimétrica:

- Física

- Biológica (análise cromossômica)




Setembro/1987 - Goiânia (Brasil)


137Cs - β e γ - T1/2: 30 anos (vida útil)

fonte com 50.875 GBq ou 1.375 Ci

fonte de radioterapia - pó aglomerado


HISTÓRICO

13.09.1987 - fonte foi removida do Instituto Goiano de Radioterapia (IGR) rompimento da fonte


14.09.1987 - RSA (22 anos) - vômito WMP - vômitos, náusea, diarréia, inchaço nas mãos


19.09.1987 - DAF (36 anos) - comprou o cabeçote IBS (22 anos) e AAS (18 anos) - manuseiam a fonte


21.09.1987 - DAF leva para a sala de sua casa distribui os fragmentos da cápsula MGF (28 anos) - náusea, vômitos e diarréia


23.09.1987 - WMP - é internado 24.09.1987- IAP (irmão de DAF) leva os fragmentos para casa,

LNF (6 anos) ingere o pó de césio

28.09.1987 - MGF e GGS (21 anos) levam a fonte para a vigilância sanitária de ônibus coletivo por 30 minutos. GGS carrega a fonte no ombro (queimaduras)


29.09.1987 - físico confirma ser material radioativo Detectável 5 - 6 quadras antes

Comunica o fato a CNEN procura localizar a proveniência da fonte


30.09.1987 - Chega o diretor de fiscalização da CNEN

- As pessoas são alojadas em um estádio olímpico para alimentação especial e triagem das pessoas

- Descontaminação inicial (roupas, pele -água, sabão vinagre, pedra-pome)

- Casos mais graves de contaminação e com lesões graves visíveis - Hospital Geral de Goiânia (HGG)

- Hemograma das pessoas


01.10.1987 - 6 pacientes são removidos para o Hospital Naval Marcílio Dias (RJ)


AÇÕES INICIAIS

- Radioacidentados - HGG

- Busca das áreas contaminadas

- Evacuação e isolamento das áreas

- Divulgação pela imprensa atendimento e triagem das pessoas que se dirigiam ao estádio

- Rastreamento aéreo (descoberta de mais um ponto) detector


“Eu tocava um bar na 15-A, e lembro que estava indo comprar carne quando vi o Ernesto indo para a mãe dele, mas não liguei. À noite vi na televisão o Devair sendo entrevistado e a polícia fechando tudo. Dias depois a CNEN veio e raspou o chão do bar. Tive muitas complicações de saúde depois do acidente: um caroço na viirilha, pressão alta, inchaços, manchas na perna que lembram erizipela, dores ósseas e coloquei três pontes de safena. Nunca tive direito à pensão. Há cerca de dez anos procurei a Suleide, mas eles se recusaram a tratar de mim. De um ano pra cá passei a ter direito a médico, mas os remédios para o coração e a pressão, não.” (Débora Velasco Lemes, grupo 3)


EXPOSIÇÕES

- Externa

- Externa e interna

- Comercialização de material contaminado

- Contato pessoal

- Circulação de animais contaminados

- Circulação de ferramentas contaminadas


“Morava perto do meu tio Devair. Quando a gente foi visitá-los, a PM tinha isolado tudo. Fui no estádio e vi minha tia Maria Gabriela. Quando pedi a mão para pedir uma benção, um PM barrou e disse que não podia. Fui parar na Febem também. Um dia, nós, as crianças que estavam presas na Febem, fomos matar o tempo lavando o chão, mas acabamos contaminando os pés de novo. Lavei os meus com tanta força que saiu sangue. O médico ficou assustado e disse: ‘Não precisava fazer assim, minha filha’, mas valeu porque tive alta. Jamais vou esquecer do meu cãozinho que a CNEN matou a machadadas. Eu tinha dez anos, hoje só tenho pensão da União. O Estado não me reconhece. Tenho pressão alta e já sofri dois abortos.” (Gislene Regina Bastos, grupo 3)


PESSOAS ---------- AÇÕES

113.000 ------------ Triagem

249 ----------------- Contaminação significativa

120 ------------------ Contaminação roupa e calçados

129 ----------------- Contaminação interna e externa

50 ------------------- Contaminação interna

20 -------------------- Alterações hematológicas


“Hoje estou aposentado por doença, mas na época era da ativa, na Companhia de Trânsito do 1o Batalhão da PM, quando me chamaram onde estava de serviço, entre a Rua 4 e a Avenida Goiás, no Centro, para isolar uma área com vazamento de gás. Ficamos no fundo do Mercado Popular até que chegaram os homens da CNEN, de macacão e tudo. Eles afastavam os cavaletes e onde a gente estava e, cada vez que o aparelho disparava, mandavam a gente ir embora tomar anho de sabão e vinagre. Mas minha roupa a gente lavava em casa. Hoje sofro com gastrite, artrite, já fiz cinco cirurgias no joelho e tomo remédio para depressão.” (Eliaquim da Costa Aquino, não pertence a nenhum grupo)


Radiodermite

6 - HNMD - maior gravidade

4 - foram ao óbito:

MGF (F- 37 anos)

LF (F - 6 anos)

IBS (M-22 anos)

AAS (M-18 anos)


“Pouca gente sabe, mas os médicos do Hospital Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, me deram como morta. Eu estava meio morta mesmo. Vi minha filha Maria Gabriela morrer bem na minha frente. Vi a Leide morrer. Eles chegaram a desligar meu balão de oxigênio, mas um enfermeiro teimoso disse que tinha visto meu pé mexer; aí eles ligaram de novo, e sobrevivi. Mas o que me salvou foi um aparelho importado que era colocado na medula. Hoje, uma dor que não passa é saber que apedrejaram o caixão da minha filha.


Até enfermeiros correram da gente no antigo Hospital Rassi (atual HGG) e nem dinheiro, vindo da nossa mão, ninguém pegava. Na época eu tinha uma boa renda, meu marido era fazendeiro, mas agora vivo em uma casa alugada, com aposentadoria de 177 reais, e as pensões, que somam 307 reais. Já meus filhos, irmãos da Maria Gabriela, e meus netos, não são reconhecidos, não têm acompanhamento ou pensão, apesar de terem problemas de saúde e psicológicos.



LOCALIZAÇÃO DA ATIVIDADE

67 km2 de área foi monitorada nos 1os dias (manual, carros, helicópteros)

7 pequenos sítios (100 m de raio cada) foram isolados

42 sítios contaminados significantemente foram identificados


REGIME DE MONITORAMENTO

112.000 pessoas

cédulas em circulação

frota de ônibus

suprimento de água e produção local


AÇÕES POSTERIORES

- Tratamento das vítimas tempo controlado para atendimento médico atividade da fonte

- Descontaminação da área

- Armazenamento de rejeitos

- Avaliação do meio ambiente

- Rastreamento terrestre




"Nem se aposentar minha irmã Zilda conseguiu, mas era ela e a dona Edevaldina que limpavam o chão onde os curativos dos contaminados pingavam, lá na Febem. Às vezes ela tinha exaustão física total. Noutras, era uma coceira nas pernas que fazia sair sangue, de tão forte. Ela nunca foi reconhecida como vítima nem teve acompanhamento. Se tivesse, provavelmente seria mais fácil evitar ou tratar os 19 tumores que já apareceram no corpo dela.”




Fonte: Fotos - Arquivo Pessoal

- Jornal O Popular, edição de 28/9/2002

- https://www.ipen.br/conteudo/upload/200906041003570.Acidentes

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