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Foto: Mina de Urânio em Namíbia, foto do filme “Uranium Thirst” de Norbert Suchanek e Márcia Gomes de Oliveira |
A organização Médicos Internacionais para a Prevenção da Guerra Nuclear, IPPNW, exigiu que a mineração de urânio seja proibida mundialmente. Na véspera do Congresso “Mineração de Urânio, Saúde e Povos Indígenas”, que vai começar dia 26 de agosto na Suiça, Frank Uhe, Chefe da IPPNW na Alemanha falou: “Nós não podemos esquecer que a mineração e a concentração de urânio sempre está conectada com perigos graves para a saúde e o meio ambiente.”
A indústria nuclear é uma indústria suja desde o seu começo. Trabalhadores nas minas e as populações locais podem adoecer com câncer, especialmente leucemia, câncer de estômago, câncer do fígado, câncer do intestino, câncer do rim e câncer de pele. Em risco estão também os recursos hídricos. Por exemplo, no norte da Austrália. Lá cada dia 100.000 litros de água contaminada com elementos radioativos e tóxicos da mina de Urânio Ranger Mine está infiltrando no meio ambiente. No mundo, 75 porcento das populações afetadas pelas minas de urânio radioativas são povos indígenas. Por isso, o IPPNW e outros organizadores do congresso como o “Nuclear Free Future Award” e “AG Uranium Network” falam: “Deixe o urânio intocado no chão!”
Os riscos da radioatividade e os riscos da produção de Urânio e das usinas nucleares são constantemente negados, disfarçados ou sonegados pela mesma indústria e os cientistas e governos ligados. Em 2008, no Le Monde Diplomatic, a cientista Alison Katz, que foi durante 18 anos integrante do staff da Organização Mundial da Saúde (OMS) escreveu muito claro em artigo intitulado A conspiração do silêncio: “Durante décadas, os lobbies do fumo, da agroquímica e da petroquímica sabotaram todas as medidas de saúde pública e ambientais que prejudicassem seus lucros. Mas o lobby nuclear tem-se mostrado incomparavelmente mais poderoso: abrange os governos que desenvolvem atividades nesse campo, principalmente dos Estados Unidos, Grã Bretanha e França, assim como poderosas organizações que os perpassam. A desinformação gerada sob pressões bélico-industriais dos Estados é gigantesca. E, o que é pior, a corrupção em torno do setor afeta as mais prestigiadas instituições acadêmicas e científicas.”
No Brasil, já existem várias denúncias sobre a contaminação do meio ambiente por causa da mineração de urânio, antigamente em Minas Gerais, em Poços de Caldas, hoje na Bahia, em Caetité e Lagoa Real. A última denúncia foi feito nas últimas semanas pela Associação Movimento Paulo Jackson e a plataforma DHESCA Brasil (Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais). “Entre os problemas revelados à Plataforma, estão a contaminação do meio ambiente, a falta de controle social sobre a mineradora, os efeitos do lixo radioativo e a ausência de informações sobre os riscos radiológicos que ameaçam trabalhadores, a população e o meio ambiente”, escreveu Zoraide Vilasboas, jornalista da Coordenação de Comunicação da Associação Movimento Paulo Jackson.
Mas o governo brasileiro está ainda investindo em mais usinas nucleares e mais minas – atualmente no Ceará e futuramente na Amazônia. O lobby nuclear do Brasil continua usar frequentemente o mito falso que a energia nuclear é uma energia limpa e segura. Publicado no Jornal da Ciência (09 de agosto de 2010), as Indústrias Nucleares do Brasil afirma que as novas “denúncias de ONG sobre mineração em Caetité são falsas e sem base científica“. “Entidades científicas e organizações especializadas já comprovaram que as atividades de mineração e beneficiamento de urânio da INB em Caetité não provocam nem danos ao meio ambiente nem à população daquela região; portanto, não têm qualquer embasamento técnico as informações que a ONG DHESCA vem divulgando através da imprensa”, falou o INB-Presidente Alfredo Tranjan Filho.
É hora de quebrar este monopólio de desinformação que encontramos não só no Brasil.
Mais informações:
Norbert Suchanek, Rio de Janeiro, é Correspondente e Jornalista de Ciência e Ecologia, colaborador e articulista do EcoDebate.
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