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Amazônia ampliará sobra de urânio no país

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Breve introdução ao tema


A causa da nova febre de urânio é, por um lado, a construção anunciada de novas usinas nucleares no Brasil, na China e também na Europa e, por outro, a expectativa de uma alta dos preços no mercado internacional de urânio – turbinada pelo argumento falso de que a energia atômica proteje o clima. Mesmo que não haja emissões diretas de CO2 das usinas atômicas, a energia nuclear não beneficia o clima de maneira alguma. 

O aproveitamento da energia atômica na verdade gera quantidades notáveis de gases de efeito estufa. A mineração de urânio, a produção do insumo yellowcake, transporte, construção de reatores, enriquecimento do urânio, produção das varas de combustível nuclear, “tratamento do lixo nuclear”, tudo isto, conforme o cientista e especialista em energia atômica sul-africano David Fig, contribui de maneira significativa para as emissões de gases de efeito estufa.


Amazônia ampliará sobra de urânio no país



Com excedente ainda maior após exploração de nova reserva, Brasil poderá exportar minério que serve de base para usina nuclear. O plano é exportar produto já na forma de combustível nuclear; decisão sobre venda ou estocagem do excedente não está tomada.


Embora já conte com a produção de toneladas de excedentes de urânio a partir de 2012, o governo negocia aumentar, na Amazônia, a exploração do minério no país. A cerca de 120 quilômetros de Manaus, numa área ainda preservada de floresta, encontra-se uma das maiores reservas de urânio do país, de nome Pitinga, com supostas 150 mil toneladas do minério que serve de combustível para as usinas nucleares.

Segundo o presidente da estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil), Alfredo Tranjan Filho, a empresa negocia um acordo para a extração de urânio com a mineradora peruana Minsur, que comprou no ano passado os direitos de exploração da Paranapanema em Pitinga. No local, o urânio -monopólio estatal- aparece associado ao estanho.

“Todo o mundo é ávido por urânio”, diz Tranjan Filho, defensor de que o país deve exportar o urânio que produzir a mais para a geração de energia nas usinas nucleares.

A exportação de urânio ainda é tema de debate no governo, mas a página da estatal na internet não deixa dúvida sobre o objetivo: “O Brasil possui uma das maiores reservas mundiais de urânio, o que permite o suprimento das necessidades domésticas a longo prazo e a disponibilização do excedente para o mercado externo”.

O país produz atualmente, na mina de Caetité, na Bahia, cerca de 400 toneladas de urânio por ano. Em 2012, a previsão é produzir mais 1.500 toneladas por ano, com a primeira ampliação da extração em Caetité e com o início da exploração no município de Santa Quitéria, no Ceará. Na jazida cearense, começou a funcionar recentemente a primeira parceria com a iniciativa privada para a exploração de urânio. ( Veja também -> AIEA e INB: duas siglas parceiras contra a população de Caetité)

Com as duas usinas nucleares atualmente em operação no Brasil – Angra 1 e Angra 2-, o país consome menos de 500 toneladas de urânio por ano. Quando entrar em operação, provavelmente a partir de 2014, Angra 3 consumirá cerca de 320 toneladas por ano. (Veja também -> Interesses Franceses)

Também em 2014, o Brasil planeja dominar em escala industrial todas as etapas do ciclo do combustível nuclear, da produção do concentrado de urânio, conhecido como “yellow cake”, até o enriquecimento, a fabricação de pastilhas e a montagem das varetas usadas como combustível nas usinas nucleares. (Veja também -> Construção da Bomba Atômica Brasileira)

“A gente não quer exportar urânio como concentrado, mas já na forma de combustível nuclear”, adianta Tranjan. (Veja também ->Trafico de Material Radioativo & Linha do Tempo Nuclear Brasileira )

Quatro novas usinas nucleares, planejadas para entrar em funcionamento até 2030, deverão usar 250 toneladas por ano de urânio. Mas, antes mesmo de a primeira dessas quatro novas usinas começar a operar, e sem contar com o potencial de Pitinga, o Brasil estará produzindo 2.800 toneladas de urânio por ano. E usando menos do que a terça parte disso.

“Nossa prioridade é assegurar o fornecimento para as nossas usinas e as que estão planejadas. A decisão sobre o que fazer com o excedente será tomada quando ele realmente existir”, disse o ministro Edison Lobão (Minas e Energia).

Decisão

O comitê interministerial de desenvolvimento do programa nuclear ainda não definiu o que fazer com o urânio extra a ser produzido em Santa Quitéria. A mais recente reunião do grupo ocorreu em agosto, pouco depois do anúncio do resultado da licitação, ganha pelo grupo Galvani. Na jazida de Itataia, o urânio é encontrado associado ao fosfato, usado na produção de fertilizantes agrícolas.

A exportação de urânio foi assunto polêmico durante a primeira viagem de Luiz Inácio Lula da Silva à China, em 2004, quando os chineses manifestaram interesse em importar o produto brasileiro. (Veja também -> Lula cada vez mais nuclear)

Procurado pela Folha, o ministro Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) não se manifestou sobre a ampliação da produção excedente de urânio planejada pela INB, estatal vinculada à pasta.

Se optar por não exportar os excedentes, o urânio produzido a mais pode ser estocado. “Se o país entender que deve ficar com estoques estratégicos, tudo bem”, diz Tranjan, insistindo em que o planejamento da estatal extrapola o mercado interno. “Nossa ambição vai além disso.”

O mundo tem hoje mais de 400 usinas nucleares em funcionamento. A demanda anual por urânio é estimada em 64 mil toneladas. O Brasil tem a sétima maior reserva mundial do minério. À frente do país, nesse ranking, estão: Austrália, Cazaquistão, Rússia, África do Sul, Canadá e Estados Unidos.



Fonte: Folha de S.Paulo/MARTA SALOMON/DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

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