O
perigo invisível estava disseminado em vários lugares. Foi preciso
paciência para
que o trabalho de descontaminação acontecesse. O processo iniciou-se na Rua 57
e a partir daí residências foram isoladas, descontaminadas e algumas delas
tiveram de ser demolidas, como mostra a Figura 20. (FERRAZ, 1988, p. 13;
FERRAZ, 1988, p. 29-32)
O
uso de escovas manuais, elétricas e lixadeiras foi inevitável para o
processo de
descontaminação de casas e hospitais. Além da ação mecânica, utilizou-se também
ácido fluorídrico para remover o césio dos azulejos, bem como misturas de
ácidos com alúmen e azul-da-prússia para soltá-lo do cimento e do concreto e
soda cáustica com detergente ou soluções não aquosas de ácido clorídrico para
retirá-lo dos locais em que se acumulavam gordura. (MEDEIROS ,1988)
Os
principais focos de contaminação foram demolidos. Restos de construções,
objetos pessoais, vestígios da vida de dezenas de pessoas, viraram rejeitos radioativos.
Sobre o chão desses locais foi derramado concreto, para atenuar o que ainda restava
de radiação. Hoje os principais focos de contaminação estão concretados e desocupados.
Na época do acidente, os imóveis sofreram enorme desvalorização, caindo muito
os preços de mercado, uma vez que ninguém queria morar perto de um foco de radiação.
Embora hoje esse temor seja menor, os preços ainda não estão completamente normalizados.
(SULEIDE, Entrevista com os funcionários da SULEIDE, 2008)
É
inegável que a tragédia deixou fragmentos de césio-137 em contato com o solo em
diversos locais. Segundo Alfredo Tranjan, diretor da CNEN, “[...] o grande
problema do acidente de Goiânia é que o material que continha césio e que foi
rompido e exposto, em presença de água ele se dissolvia e isso facilitou o
espalhamento tremendamente.”. Contudo, apesar do cloreto de césio sofrer
dissolução e se infiltrar no solo, o processo de disseminação do césio-137 é
muito lento, pois, assim como o potássio, ele é altamente adsorvido às partículas
de argila, sendo, portanto, demorado o processo de seu deslocamento mesmo no sentido
vertical. (FERRAZ, 1988, p. 29-32; REDE GLOBO, 2007)
Em
Goiânia, as camadas superficiais apresentavam em torno de 100 a 150 roentgens por
hora de taxa de exposição. Com exceção do foco principal, nos outros locais de alta
contaminação, o césio não passou de 80 a 90 cm de profundidade. Devido a essa propriedade
do césio, a possibilidade de contaminação do lençol freático foi a de menor relevância.
Para descontaminar o solo foram aplicadas soluções ácidas de alúmen e soluções de
azul-da-prússia. Até que no dia 7 de dezembro, o solo altamente contaminado
começou a ser escavado. (FERRAZ, 1988, p. 29-32; MEDEIROS ,1988)
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