Após
o fim do processo de descontaminação ainda existiam problemas a serem
resolvidos em decorrência do acidente radioativo, um deles era o que fazer com
o lixo produzido. Os focos de contaminação e os rejeitos radioativos estavam em
áreas urbanas e o Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMAm) proibiu a
permanência desse lixo no perímetro urbano mesmo que provisoriamente. Era
preciso transferir o lixo para um local longe de núcleos populacionais, do
trânsito e dos mananciais de água. O presidente da CNEN sugeriu que o lixo
ficasse armazenado em uma área isolada no estado de Goiás e depois fosse levado
para a área militar da Serra do Cachimbo. A proposta não teve sucesso, pois o
maior problema enfrentado na escolha do local foi a não aceitação do lixo
radioativo pelos habitantes. (PEREIRA, 2005)
A
história registra que vários moradores de Goiânia protestaram inconformados por
terem que abrigar toneladas de lixo radioativo, pois a cidade não tinha usinas
nucleares e não era responsável pela geração de rejeitos radioativos. Por outro
lado, governos de outros estados também se pronunciaram, decretando a proibição
da entrada de lixo radioativo em seus territórios. Resumindo, Goiás teve que
ficar com seu próprio lixo atômico; diante dessa situação, autoridades do
governo indicaram uma área pertencente à Companhia de Pavimentação do Município
de Goiânia, localizada à margem da BR-060. Porém, quando a notícia chegou aos
moradores da região, um povoado chamado Abadia de Goiás, uma nova revolta foi
deflagrada, inclusive com a tentativa de interdição da estrada que dava acesso
ao local escolhido como depósito provisório. Entretanto, o protesto fracassou e
o lixo radioativo acabou mesmo sendo depositado em Abadia. (PEREIRA, 2005)
Ao
terminarem os trabalhos de transporte dos rejeitos, iniciaram-se os estudos
para a escolha do depósito definitivo. Vários locais foram sugeridos, até que a
opção recaiu sobre uma área localizada a 400 m a oeste do depósito provisório,
distante cerca de 2,5km de Abadia de Goiás. A proposta inicial do governo era
de manter o lixo no depósito provisório por um curto período de tempo, no
entanto, todos os recipientes contendo rejeitos radioativos decorrentes do
acidente em Goiânia acabaram ficando armazenados lá, a céu aberto, durante dez
anos. (PEREIRA, 2005)
Em
1997, foi inaugurado o depósito definitivo, em cuja área foi implantado o
Parque Estadual de Abadia de Goiás, que mais tarde se tornou o Parque Estadual
Telma Ortegal. Trata-se de uma área de preservação ambiental que está submetida
ao controle de normas de preservação do meio ambiente pelo IBAMA, CNEN e CEMAm.
No local também foi criado, numa parceria entre a CNEN e o Governo do Estado de
Goiás, um complexo de prédios que integram o Centro Regional de Ciências Nucleares
do Centro Oeste (CRCN-CO) que tem como objetivo cuidar e monitorar o depósito
definitivo. (CENTRO REGIONAL DE CIÊNCIAS NUCLEARES DO CENTRO OESTE, 2008; PEREIRA,
2005)
No
Parque Estadual Telma Ortegal estão o Depósito Definitivo I que abriga os rejeitos considerados
efetivamente radioativos, como a fonte principal, por exemplo, e, o Depósito
Definitivo II, que abriga o lixo cuja concentração radioativa é baixa. Sendo 30
anos o período de meia-vida do césio-137, o lixo radioativo permanecerá no depósito
definitivo por pelo menos 180 anos. Nestes dois morros está enterrado o passado
de centenas de pessoas. (CENTRO REGIONAL DE CIÊNCIAS NUCLEARES DO CENTRO OESTE,
2008; PEREIRA, 2005)
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