Ao
saírem da Vigilância Sanitária, Maria Gabriela e Geraldo decidiram fazer uma
consulta no Hospital São Lucas e no Centro de Saúde Juarez Barbosa, ambos localizados
na Rua 04. Um novo diagnóstico foi anunciado, desta vez, os médicos afirmavam tratar-se
de uma doença tropical, encaminhando-os para o HDT. Foi quando, nesse mesmo dia,
os médicos Roberto e Paulo, daquela unidade hospitalar, desconfiaram da opinião
de seus colegas e formularam, pela primeira vez, a idéia de as lesões serem
decorrentes de uma contaminação radioativa. No mesmo momento, Paulo Monteiro,
da Vigilância Sanitária de Goiânia, entrou em contato com Alonso Monteiro,
Superintendente do Centro de Informações
Toxicológicas do
HDT, informando-o do misterioso embrulho deixado por duas pessoas na sede do
órgão. Da mesma forma que os médicos, Paulo falou sobre a sua desconfiança de
que o artefato poderia ser componente de algum aparelho de Raios X. (ASSOCIAÇÃO
DAS VÍTIMAS DO CÉSIO-137, 1993)
Graças
às novas informações, os facultativos solicitaram novos exames em Maria
Gabriela e Geraldo, chegando a conclusão de que poderiam estar diante de um
grave problema de saúde pública. Solicitaram a presença do biomédico Jadson
Pereira, 30 anos, na intenção de fecharem um diagnóstico preciso. Este, por seu
turno, também desconfiado de que o material em questão poderia ser radioativo,
propôs que a peça fosse examinada por algum especialista da área.
Coincidentemente, o físico Walter Mendes Ferreira, 29 anos, detentor de conhecimentos
sobre radioatividade, estava de férias em Goiânia e foi convidado a observar o caso.
No dia 29, por volta das oito horas, Walter encaminhou-se até a sede da
Nuclebrás, na capital goiana, onde conseguiu o empréstimo de um medidor de
radioatividade, normalmente usado para medições geológicas. De posse do
equipamento, dirigiu-se até a Vigilância Sanitária, ligando o aparelho ao se
aproximar do prédio do órgão público, ocasião em que Walter Mendes assustou-se
com a leitura, pois o aparelho indicava alto grau de contaminação, independente
da direção em que ele apontava. Incrédulo, chegou a supor que o contador apresentava
algum defeito, retornando à sede da Nuclebrás para efetuar a troca do aparelho.
(ASSOCIAÇÃO DAS VÍTIMAS DO CÉSIO-137, 1993)
Nesse
ínterim, o funcionário Paulo Monteiro, preocupado com aquela peça, acionou o
Corpo de Bombeiros para que eles tomassem alguma providência para solucionar o problema.
Por volta das 10h, Walter Mendes, já de posse de um outro aparelho, retornou à Vigilância
Sanitária e, novamente, ao se aproximar do local, ligou o contador e viu que a leitura
era a mesma do anterior, fato que acabou por convencer o físico de que ali
existia um grande foco de contaminação radioativa. Enquanto isso, Paulo
Monteiro e os bombeiros haviam decidido um destino para a peça: jogá-la no Rio
Meia-ponte, fato que felizmente não se concretizou, pois Mendes os convenceu de
que o problema era grave e que não poderia ser resolvido dessa maneira,
inclusive alertando-os de que não era seguro que ninguém
permanecesse no
local. Assim foi que, com o auxílio da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, o
local foi completamente isolado. (ASSOCIAÇÃO DAS VÍTIMAS DO CÉSIO- 137, 1993)
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