Acidentes nucleares catastróficos, como a fusão do núcleo dos reatores em Chernobyl e Fukushima, é mais provável de acontecer do que inicialmente se supunha.
Área afetada caso ocorra em Angra o que
está acontecendo em Fukushima.
Levando em conta todas as horas de funcionamento, de todos os reatores nucleares civis do mundo, e contrapondo o resultado ao número de vazamentos nucleares que ocorreram até hoje, cientistas do Instituto Max Planck, na Alemanha, calculam que esses eventos podem ocorrer uma vez a cada 10 a 20 anos.
Ou seja, cerca de 200 vezes mais frequente do que o estimado até agora.
O prazo será menor quando aumentar o número de reatores nucleares em operação no mundo, conforme os projetos em andamento.
Contaminação a 1.000 km
Os pesquisadores também determinaram que, no caso desses acidentes graves, metade do césio-137 radioativo se espalha por uma área de mais de 1.000 quilômetros de distância do reator nuclear.
Cerca de 25% das partículas radioativas são transportadas a mais de 2.500 quilômetros de distância.
Elementos radioativos carregados com o
vento para outras cidades japonesas.
Os resultados mostram, por exemplo, que a Europa Ocidental está passível de ser contaminada cerca de uma vez a cada 50 anos por mais de 40 kilobecquerel de césio-137 por metro quadrado.
Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, uma área é definida como estando contaminada com radiação quando a concentração alcança esse patamar.
A situação é muito mais grave na Ásia, devido à elevada densidade populacional.
Reavaliação dos riscos nucleares
Em vista de suas descobertas, os pesquisadores pedem à própria comunidade científica que faça uma análise aprofundada dos seus dados, reavaliando os riscos associados com as usinas nucleares.
O acidente nuclear em Fukushima intensificou a discussão sobre energia nuclear em todo o mundo.
Desde então, o Japão desligou todos os seus reatores nucleares, e a Alemanha anunciou o fim do seu programa de energia nuclear.
Risco real de acidentes nucleares
Para determinar a probabilidade de um colapso nuclear, os pesquisadores aplicaram um cálculo simples.
Eles dividiram o número de horas de funcionamento de todos os reatores nucleares civis em todo o mundo, do início do seu funcionamento até o presente, pelo número de colapsos de reatores que ocorreram na prática.
Usina Nuclear de Chernobyl
Ou seja, em vez de estimativas teóricas e cálculos de probabilidades estatísticas, eles usaram os dados históricos reais.
O número total de horas de funcionamento alcança 14.500 anos, enquanto o número de fusões de reatores foi de um a quatro em Chernobyl e três em Fukushima - não há dados sobre Chernobyl suficientes para precisar se apenas um dos reatores explodiu.
Atualmente, existem 440 reatores nucleares em operação no mundo, com planos para construção de outros 60.
Isso se traduz em um acidente grave, definido de acordo com a Escala Internacional de Ocorrências Nucleares (INES), a cada 3.625 "anos operacionais" dos reatores.
Mesmo se o resultado for conservadoramente arredondado para um acidente grave a cada 5.000 anos/reatores, o risco é 200 vezes maior do que a estimativa para fusões catastróficas não confinadas, formulada pela Comissão Reguladora Nuclear dos EUA em 1990.
Os pesquisadores não consideraram em seus cálculos as idades e tipos de reatores, e nem se eles estão localizados em regiões de maior risco, por exemplo, por terremotos.
Afinal, dizem eles, é virtualmente impossível prever tais riscos, uma vez que ninguém havia previsto a catástrofe dos reatores no Japão.
Fonte:
Global risk of radioactive fallout after major nuclear reactor accidents
Depois da tragédia da usina nuclear, o Japão incentiva a adoção de energia solar.
A nissei brasileira Margarete Takahashi fez de tudo para instalar painéis solares em sua casa nos arredores de Tóquio. Durante meses, tentou convencer o marido, o engenheiro Kensuke Takahashi, de que valia a pena comprar os equipamentos, aproveitando o aumento do subsídio do governo e a possibilidade de vender a energia excedente para a distribuidora de energia elétrica. "Foi uma briga lá em casa", diz Margarete, que é mãe de Kaito, um menino de seis anos. Determinada, ela procurou informações sobre os subsídios para uso de energia renovável e fazia as contas com o marido à noite. Preocupada em economizar energia, Margarete comprou interruptores especiais que eliminam o consumo quando os eletrodomésticos estão desligados, sem a necessidade de retirá-los da tomada.
Com uma certa frustração, Margarete, que atua como intérprete de português, conta que todos os argumentos foram em vão. O marido não acredita que a família consiga gerar um excedente de energia com os painéis solares que permita zerar os gastos com a conta de luz. Takahashi acha que gastar, pelo menos, US$ 10 mil em equipamentos é muito dinheiro e proibiu a compra. "Parece que ele tem preguiça de economizar", reclama. "Eu não quero contribuir para a geração de energia nuclear, pois sabemos como ela pode ser perigosa." Margarete não é a única a pensar dessa forma. O terremoto, seguido de tsunami, e o acidente na usina de Fukushima, ocorridos em março do ano passado, mudaram a visão dos japoneses sobre a energia nuclear.
Segundo pesquisas de opinião, mais de 40% da população apoia alguma restrição à geração nuclear. Em poucos minutos de conversa, eles não demoram a lembrar de um assunto tabu: a experiência com as bombas nucleares jogadas pelos aliados em Hiroshima e Nagasaki, no final da Segunda Guerra Mundial. "Sabemos por causa das bombas nucleares que a contaminação do solo demora muito para ser resolvida", diz Margarete. A explosão no reator de Fukushima foi o pior acidente nuclear dos últimos 25 anos. Provocou a morte ou desaparecimento de 19 mil pessoas e a evacuação de 140 mil que viviam num raio de 20 quilômetros.
Numa entrevista recente, o ex-primeiro-ministro Naoto Kan disse que, depois de Fukushima, chegou a ficar preocupado com a possibilidade de uma nova tragédia nuclear afetar a região de Tóquio e ameaçar "a própria existência da nação". Isso o convenceu a procurar alternativas à energia nuclearpara o país. Desde o acidente, as 50 usinas nucleares foram sendo desligadas aos poucos, para checagens de segurança ou operações de manutenção. Em maio, o terceiro maior parque nuclear do mundo, atrás apenas do americano e do francês, estava totalmente inativo. O físico Mikinori Niino diz que muitos de seus amigos não acreditam no discurso oficial de que as usinas nucleares são seguras.
E que a população hoje está muito mais atenta à questão. "Muitos acham melhor enfrentar blecautes do que confiar na geração nuclear˜, afirma. Com parte tão relevante da geração paralisada, a única solução para evitar os apagões é reduzir drasticamente o consumo energético. O objetivo oficial é a redução de 15% na demanda. Por isso, os formais japoneses aguentam com estoicismo as temperaturas escaldantes nos escritórios das grandes companhias em Tóquio. Na maior parte das torres de escritório na capital japonesa, o arcondicionado está regulado para 28 graus, e em muitas das salas de reunião não é possível abrir as janelas. A economia de energia nesses edifícios tem sido suficiente, até agora, para evitar cortes nas unidades industriais.
Mas o temor de que sejam necessários blecautes programados, no verão que acaba de começar no Hemisfério Norte, levou o governo a anunciar, no sábado 16, a reativação de dois reatores nucleares na cidade de Ohi. Milhares de pessoas protestaram contra a decisão em frente à casa do primeiro-ministro japonês Yoshihiko Noda. Apesar de tomar medidas emergenciais para garantir o suprimento durante o verão, o governo já declarou que pretende reduzir a dependência do país da energia nuclear e está fazendo planos para mudar a matriz energética até 2030. A equação não é simples de ser resolvida. O Japão importa mais de 80% de suas necessidades energéticas e, até a década de 1970, concentrava a geração em usinas térmicas movidas a derivados de petróleo.
Em Tóquio, ativistas protestam contra religamento de usinas nucleares.
A disparada dos preços do petróleo determinou os investimentos nas usinas nucleares nessa época. Agora, o país terá problemas sérios se quiser mesmo repor os 30% da matriz energética, fornecidos pelas usinas atômicas. O governo já teme que indústrias deixem o Japão em direção a outros países por causa da elevação da tarifa de energia. As usinas térmicas convencionais, que utilizam combustíveis fósseis como derivados de petróleo, carvão e gás natural, são a maior fonte de energia do país, respondendo por 63% do total. Sete por cento são gerados em hidrelétricas e apenas 3% vêm de fontes renováveis, segundo dados da Agência Internacional de Energia. Há muitas limitações em relação às energias renováveis que podem ser usadas pelo Japão.
Pelo exíguo tamanho do território, biomassa e produtos derivados da agricultura como o etanol estão naturalmente descartados. As alternativas preferidas são a solar e a eólica. Enquanto não se desenha uma solução, o país está voltando à era dos geradores. Claro que, agora, com muitas inovações tecnológicas. A NEC, por exemplo, está vendendo um sistema que alia baterias de lítio e uma célula de geração de energia solar. O sistema carrega as baterias usando eletricidade da rede ou da célula solar e as utiliza nos horários de pico. Também funciona como um gerador em caso de cortes no fornecimento.
Com fortes incentivos do governo, o Japão deve tornar-se o segundo maior mercado de energia solar do mundo até o ano que vem, segundo previsão da Bloomberg New Energy Finance. Para estimular os investimentos, o Ministério da Economia aprovou, na segunda-feira 18, prêmios elevados para a tarifa da energia solar gerada— os produtores receberão o dobro por megawatt do que é pago na Alemanha. Os fortes subsídios provocam dúvidas sobre a criação de um sistema ineficiente e sobre os problemas de competitividade para continuar a produzir no Japão, preocupando as autoridades. "O Japão não pode voltar a depender de velas", disse Yoshito Sengoku, líder do partido do primeiro-ministro na Dieta Nacional, o Parlamento japonês.
Fonte:
Autor(es): Tatiana Bautzer, enviada especial a Tóquio e a Yokohama
A Justiça Federal em Goiás condenou ontem a União e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) a pagar indenização de R$ 100 mil por danos morais a Suely de Assis da Cunha, uma das vítimas do acidente com o césio-137, material altamente radiativo, em Goiânia.
Na sentença inédita, o juiz da 9.ª Vara Federal Euler de Almeida da Silva Júnior determinou que o dinheiro a ser pago deverá ser atualizado com correção monetária de 1% ao mês, a partir de 5 de fevereiro de 2009, quando a vítima entrou com a ação.
Na sentença, Suely alegou, com apoio de documentos, ter desenvolvido várias patologias após o acidente, "que se agravaram com o tempo". Também comprovou que anomalias também foram constatadas em outros membros da sua família.
O agravamento das doenças, disse ela, resultou em pedido administrativo de pensão alimentícia, que lhe foi concedida em fevereiro de 2009 e referendada por laudo médico da Fundação Leide das Neves. A fundação foi criada pelo governo de Goiás para atendimento das vítimas do acidente radiológico. No total, Cunha pediu uma indenização no valor de R$ 300 mil.
No entendimento do juiz, Suely tem direito à indenização "em função da desestruturação familiar causada pelo acidente com o césio, violações à sua privacidade domiciliar, com animais de estimação sendo abatidos, doenças generalizadas, preconceito e estigma social".
O governo de Goiás, inicialmente também apontado como réu, a foi retirado do processo por não ser "sujeito à competência da Justiça Federal".
Não é a primeira vez na história que a sociedade assiste com espantos o efeito devastador de uma tragédia nuclear. Infelizmente, as diretrizes que o mundo vem adotando em relação ao tema nos afirmam que tão pouco a tragédia em Fukushima será a última.
Em Setembro de 1987 os olhos do mundo se voltaram para o Brasil. No inicio do mês recebemos notícias do "êxito" em nosso programa nuclear (paralelo) que anunciava a capacidade tecnológica própria para enriquecer urânio a 20%. Ao final do mês é anunciada a "derrota", a tragédia causada pela exposição à radiação sofrida pela população em Goiânia e a contaminação sofrida pelas vítimas do contato direto com o elemento radioativo Césio-137. Na qualidade de presidente da AVCésio, associação criada pelas vítimas diretas da tragédia, venho oferecer condolências e solidariedade as vítimas e futuras vítimas do terror e silêncio que hoje vem de Fukushima.
Nós conhecemos o sabor do medo que a falta de informação em um momento de crise causa. Sabemos como são dolorosas as feridas feitas pela brutalidade quando o pânico e a falta de informação inflamam a população. Sofremos literalmente na pele angústias que apenas a radioatividade pode causar. Nossas propriedades, bens, documentos, memórias, fotografias, saúde física, parentes, amigos, relações profissionais, animais de estimação, entre muitos outros, foram todos violentamente extintos ou prejudicados. Por este motivo manifestamos aqui nossa compaixão, carinho e acolhimento as vítimas e futuras vítimas de Fukushima.Sempre nos comove ver a movimentação e a solidariedade de técnicos e centros tecnológicos do mundo inteiro ante uma emergência nuclear. Tal imagem nos gera a sensação de comunicação e redes de apoio, dois pontos frágeis e inoperantes dentro da temática nuclear. A falta de informação "crônica" é a responsável por gerar e elevar a perda de confiança nas autoridades competentes.
Infelizmente as tragédias nucleares mundo a fora seguem o mesmo desesperante roteiro: Poucas informações desmentindo a gravidade do problema, "pequenas" inverdades em nome do bem geral da nação, desconfiança e mobilização internacional, truculência nos procedimentos envolvendo vítimas, até que enfim cheguem informações a população local e mundial das reais dimensões da tragédia. Esta política esmagadora não deveria seguir vigorando, cartas como esta são também tristes alardes de danos incalculáveis.
Esperamos, e faremos pressão, para que o governo brasileiro siga o exemplo dos países da Europa que agora se movimentam para desacelerar e extinguir seus respectivos programas nucleares. As defasagens, abusos e omissões no programa nuclear brasileiro são inúmeras e graves. A presidenta Dilma Rousseff já avisou aos brasileiros que seu governo será lembrado pelo respeito aos direitos humanos, pagaremos todos para ver o quanto, quando e como nosso governo democrático irá nos proteger. Nossas ações, reclamações, manifestações e movimentos são a parte que nos cabem nesta luta, cuja as vítimas de Fukushima acabaram ingressar.
Organic Farming Opens Up Hope for Recovering Sustainable Communities
Tambos (rice paddies) and Tombos (dragon flies)
It was during my fifteenth year of organic farming. This one morning in late June, I was taking care of my rice paddies; in Japanese we call them “tambo”. These are deepwater tambos constructed in a mountainous region in Fukushima. Waters are twenty centimeters deep to prevent weeds from growing.
It was just a typical morning, and I was walking along the edge of the tambo. Then a newborn dragonfly, we call dragonflies “tombo” in Japanese, came flying out of the tambo. It wasn’t just one or two, but over fifty tombos came flying out. Their soft wings were glittering silver in the morning sun. It was a fascinating experience.
The tombos flew away from the tambo into our communal mountains nearby. And there, they fly freely in the highlands during the summer. In September, the tombos come back to the tambo to lay their eggs. They are called tombos because they come from and back to tambos.
It’s not just tombos. In tambos there are also spiders, giant water bugs, mantises… Frogs jump around the tambos, etc. etc. A tambo fosters a whole world of its own.
Tambos also work as a dam that prevents flooding. And the water that flows into a tambo comes from the forests in our communal mountains. These are trees planted by our ancestors. Planted for us, and our succeeding generations. The beautiful tambos, the blessings from our communal mountains and forests, are all with us today because our ancestors took care of the forests and continued a tradition of sustainable farming.
Utilizing the Blessings from Our Communal Forests, and Furusato-Building
In two-thousand-five, we started a non-profit organization called “Towa Organic Furusato-Building Council”. Our goal is to promote resident-led development, utilizing the rich blessings of our communal mountains and forests. However, by “development” we do not necessarily mean economic development. Our goal is to revitalize our community while valuing our culture, tradition and harmonious style of living with nature.
We want to foster a community where people look back with pride and affection, where all are welcome, and where people can make him or herself at home. In Japanese we call such a hometown “furusato”; and thus our activities can be more simply defined as “furusato-building”.
Specifically, with the investments of farmers, ranchers and local businesses, we started a community compost center to support organic farming. The center makes compost from fourteen different categories of locally supplied ingredients. This includes cattle manure, rice hulls, sawdust, hay, and local food residue such as dried bonitos, and soybean residue from making tofu.
Rice, vegetables and fruits grown using this compost are then offered to local school lunches and sold to consumers either directly or through consumer cooperatives based in urban areas. Such business fosters communication between the consumers and our farming community; thus functioning as a medium of communication between rural farming communities and urban consumers.
In addition, we began growing mulberry trees, perilla, and figs on abandoned farmlands, developed methods to process those into wrought goods, and created jobs. Mulberry fields are a part of our traditional landscape. Hence growing and utilizing mulberry trees are important and sustainable means to preserve the local tradition. These activities lead to furusato-building; preserving the traditional landscape where tombos fly freely among the tambos and mulberry fields.
In the course of these activities, we found out we were not the only ones. We found there were many in Fukushima with shared visions. To connect with these folks and to spread even further our scope of activities, we organized in two-thousand nine, Fukushima Organic Farmers’ Network. And just as things were beginning to get on track, the nuclear accident happened.
Organic Farming Brings Hope for Recovery
Radioactive particles released by the three-eleven nuclear accident contaminated Fukushima’s mountains, forests, houses, roads, parks, just about anything, and most importantly for us, farmland. Yet, we continued to plow, and to sow the seeds, and kept producing fruits, vegetables and rice. We never gave up.
After a whole year of collaborative research with farmers, residents, researchers and academics, we found out some important facts. We found out that land that is rich in clay and organic matter has a tendency to contain radioactive particles such as radioactive cesium, therefore reducing its transition to produce. In other words, through the practice of organic farming, we are able to condition our land so that radioactive particles are not taken in by what we grow. This finding brought us great hope. It meant that the revitalization of Fukushima could be accomplished through the practice of organic farming.
Ninety-eight point four per cent of brown rice grown in Fukushima Prefecture last year had less than fifty becquerels per kilogram of radioactivity. Most of the vegetables inspected were below thirty becquerels per kilogram last year. And this year, most are below the detection limit. However, fruits and berries that grow on trees tend to show higher numbers. Mushrooms also tend to have over one hundred becquerels per kilogram.
In other words, it’s the mountains and the forests that are heavily contaminated. Seventy per cent of Fukushima Prefecture is either mountainous terrain or forests. We must now pay attention to the water that seeps through these mountains and forests and into our residential and farming areas. Entering the second year since the nuclear accident, these are things that we need to research and make clear. We need to obtain accurate measurements from trees, leaves, natural compost, hay and other local organic resources that are so vital to organic farming. And wherever we find high levels of radioactivity, we must find ways to cope with the situation.
Food and Energy Self-Sufficiency as Key
In contrast to the scenic tambo that I shared with you earlier, the kind of scene I see today is this. An elderly farmer sighing with relief to see that his vegetables are safe to eat after inspections and saying “Our grand children can eat this!?”
It is important that we inspect our produce and our land in order to make visible what we cannot see, feel, nor smell, radioactivity. And sharing accurate information is the only way we can foster trust with our consumers.
What we offer to our consumers should be no different than what we eat ourselves. Therefore, we cannot, and should not, be offering produce that we cannot let our grandchildren eat. This also includes produce sprayed with herbicides and pesticides. These are chemicals that we would not want in our kitchen.
In the spring, we gather shoots and wild plants in our communal mountains and forests. By summer our vegetables will be ready to eat. In autumn, the trees bear fruit and mushrooms grow in the wild. During the winter, we eat dried radish, pickled vegetables and fermented soybeans.
Japan’s relative longevity is found not only on medicine but also on this tradition of eating what is available at the time and place. However, a reliance on imported foods and chemical additives has lowered the immune strengths and resilience of both humans and livestock. In this sense, the nuclear accident taught us another lesson; that we should be eating what is available locally at the right time. We have found out that for the Japanese, eating traditional foods such as Japanese root crops, seaweeds, miso, pickles and other fermented products, strengthens our digestive organs and excretes toxic substances from our bodies.
There is an idiom in Japan that says “shin-do-fu-ji”. This means a healthy body can be built by eating what is grown locally, and is literally written in kanji characters meaning the body and the earth is indivisible. In Africa, there must be African eating traditions. Europe must also have their seasonal foods. Supporting local farmers and local food cultures leads to a healthy way of living. This is what our national and local governments should be doing; supporting local agriculture and food culture.
Another point in mind is that, equally important as growing food locally is energy self-sufficiency. Last year, I grew sunflower and rapeseeds. This is because we have learned, from research conducted in Chernobyl that these plants have a tendency to take in radioactive substances thus purifying the land. However, these weren’t planted just for land purification. They can be pressed for oil, because the radioactive substances stay in the pomace, not in the oil. The oil can then be used for cooking. After cooking, the oil can be filtered and reused for diesel engines on our tractors and farming equipment.
This is the kind of effort that is taking place in Fukushima right now. We are moving towards renewable sources of energy; biomass fuels, solar power, micro-hydro generators. It is time we all shift from relying on petroleum or nuclear power to renewable sources of energy.
Recovering Fukushima to a Place Where Children Can Play Freely
We have a message from Fukushima; an appeal.
The people of Fukushima have suffered. Many of our people were forced to evict, and are still forced to live away from their homeland; away from their furusato.
Farmland has been contaminated.
Organic farmers have committed suicide in despair.
Children have been deprived of their rights to just play freely outside.
This is not the kind of suffering that should happen again to anyone.
If we do not change course now, when will we ever change course?
We have found out through the nuclear accident, that organic farming and eating locally grown foods, which can also mean increasing our self-sufficiency, leads to job creation, eradication of poverty and prevents human rights abuses.
It’s been thirty-five hundred years since our ancestors learned how to grow rice from our friends in China. Japanese poetry, dance, songs all are culturally rooted in growing rice. We are a rice-based culture. We must not bring an end to this culture.
Our ancestors have planted trees, protected the mountains, and conserved our communal forests. These efforts have brought rich waters to our tambo. And waters also flow into the sea; fostering rich biodiversity in our coastal waters. But it has all been contaminated.
Now, after the contamination, I feel even stronger that what we have lost is so great. Foresting our rigid mountains, sowing seeds on our farmland, and wisely utilizing our coastal fishing grounds; these practices of forestry, agriculture and fishery are what constructed a reproductive and sustainable society. And based on these practices, primary and secondary processing industries grew out to create jobs.
Before the nuclear accident, teenagers and people with disabilities came to pick tomatoes, plant and harvest rice, and rake leaves. We had a community where the young and the elders worked together; where the disabled and not-so-disabled worked hand in hand. Agriculture has a strong pull that fosters a sense of community.
When I close my eyes, I can recall the days in Fukushima where I can hear the children’s voices echo in the neighborhood. But I say to myself. “No, this is what the real world should look like, not just in my memories. I must make this the reality once again.”
In order to make it happen, we must turn back from the world of global competition to a world of local cooperation; respecting the local traditions of organic farming, and reinstating the practices of farming, forestry and fishery as our society’s very foundation. That path to sustainability is the path that we should be headed. That is our message and our appeal.
And along this path, we will sow the seeds of hope.
Ten Points for a Sustainable Fukushima
Finally I would like to share a proposal consisted of ten points, that we feel are critical in achieving a sustainable society.
1) De-nuclearization
We strongly propose stopping at once and decommissioning all nuclear reactors in the world.
2) Radiation Protection
We demand that a system of health survey of all residents, along with a system of radiation inspection on housing, farmland, produce, food, and agricultural raw materials be established promptly.
3) Revitalization
We propose that revitalization efforts shall be resident led with locally sustainable organic farming at its core; creating jobs through the revitalization of primary industries and local economies.
4) Self-sufficiency and coexisting with nature
We will take back our traditional styles to coexist with nature, while improving our local and individual self-sufficiency. To do this we must learn from our elders, how we shall live in harmony with nature.
5) All-farming Society
We believe that over-concentration of population, capital and power in urban cores produce inequalities both within and between regions. Thus, we propose a decentralized society where every person can exercise his or her right to farm.
6) Dietary Habits
The consumption of meat, chemical compounds, food additives, and genetically modified organisms should be substantially reduced. Alternatively, the global diet should be based on locally grown grains and vegetables.
7) Revitalization of primary industries and increased food stock
To provide for a global food crisis, all communities should revitalize their primary industries (i.e. agriculture, forestry and fishery), increase their self-sufficiency, and food stock.
8) Building Humane Networks of Trust
We will restore a society and a way of living based on mutual trust; both in our communities and between cities and rural communities.
9) Energy
We will reduce the amount of energy we use and switch to an interspersed, renewable, and self-sufficient energy.
10) De-growth
We will turn away from a society where economic growth is overemphasized, and move to a more moderate one emphasizing life and solidarity.
Os efeitos do acidente nuclear de Fukushima ainda não podem ser sentidos na pele das vítimas. Contudo, Takako Shishido é uma das tantas vítimas que sofre as fraturas emocionais e sociais do desastre. Habitante de região próxima à usina, sua cidade foi destruída pelas ondas gigantes, mas o Japão não a considerou área de radiação. Ela ficou com medo e fugiu para o sul do país. Acabou esquecida pelo governo e por quem decidiu reconstruir sua vida no local.
Reatores da usina japonesa explodiram depois do tsunami de março do ano passado espalhando uma nuvem de radiação na região. "O governo diz que não há perigo na região onde vivia, mas entre os cientistas não há consenso. Pode ser que fisicamente os efeitos da radiação demorem a aparecer, mas a minha vida e a de muitas pessoas foi alterada radicalmente para sempre. A explosão já acabou com o relacionamento entre as pessoas que viviam na região", contou ao Terra.
Shishido está na Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, para contar os efeitos exclusivos que ela e milhares de pessoas sofreram depois do dia 11 de março, quando a próspera região norte do país sentiu o abalo da explosão da usina nuclear. Depois que saiu de uma cidade próxima a Fukushima - conta que nadava na mesma praia das ondas gigantes e enxergava a usina da própria casa -, não é perdoada por antigos amigos.
"Simplesmente não posso mais voltar para minha terra natal. Mesmo que já não houvesse mais radiação lá, meus amigos não recebem a mim nem ao meu filho porque nós fugimos. Minha vida pessoal foi destruída", disse, visivelmente emocionada. Shishido conta que há muitas outras pessoas na mesma situação. Uma decisão tomada no calor de eventos traumáticos e repentinos jamais poderá ser revertida.
Habitantes das cidades oficialmente atingidas pela radiação receberam indenização do governo japonês. Mas outros municípios que ficam no caminho do vento e onde os medidores de radiação variam ao informar se há problema ficaram de fora da ajuda. Shishido saiu do local porque não tinha condições financeiras de reconstruir sua casa.
Agora parte da usina está sendo reativada pelo governo japonês e a ameaça de um novo acidente persiste. "Como cidadã japonesa, me sinto envergonhada. Não gostaria que ninguém passasse pela situação que estou passando. Perdi meus amigos e vou ficar insegura em relação a minha saúde pela vida toda."
Após
o fim do processo de descontaminação ainda existiam problemas a serem
resolvidos em decorrência do acidente radioativo, um deles era o que fazer com
o lixo produzido. Os focos de contaminação e os rejeitos radioativos estavam em
áreas urbanas e o Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMAm) proibiu a
permanência desse lixo no perímetro urbano mesmo que provisoriamente. Era
preciso transferir o lixo para um local longe de núcleos populacionais, do
trânsito e dos mananciais de água. O presidente da CNEN sugeriu que o lixo
ficasse armazenado em uma área isolada no estado de Goiás e depois fosse levado
para a área militar da Serra do Cachimbo. A proposta não teve sucesso, pois o
maior problema enfrentado na escolha do local foi a não aceitação do lixo
radioativo pelos habitantes. (PEREIRA, 2005)
A
história registra que vários moradores de Goiânia protestaram inconformados por
terem que abrigar toneladas de lixo radioativo, pois a cidade não tinha usinas
nucleares e não era responsável pela geração de rejeitos radioativos. Por outro
lado, governos de outros estados também se pronunciaram, decretando a proibição
da entrada de lixo radioativo em seus territórios. Resumindo, Goiás teve que
ficar com seu próprio lixo atômico; diante dessa situação, autoridades do
governo indicaram uma área pertencente à Companhia de Pavimentação do Município
de Goiânia, localizada à margem da BR-060. Porém, quando a notícia chegou aos
moradores da região, um povoado chamado Abadia de Goiás, uma nova revolta foi
deflagrada, inclusive com a tentativa de interdição da estrada que dava acesso
ao local escolhido como depósito provisório. Entretanto, o protesto fracassou e
o lixo radioativo acabou mesmo sendo depositado em Abadia. (PEREIRA, 2005)
Ao
terminarem os trabalhos de transporte dos rejeitos, iniciaram-se os estudos
para a escolha do depósito definitivo. Vários locais foram sugeridos, até que a
opção recaiu sobre uma área localizada a 400 m a oeste do depósito provisório,
distante cerca de 2,5km de Abadia de Goiás. A proposta inicial do governo era
de manter o lixo no depósito provisório por um curto período de tempo, no
entanto, todos os recipientes contendo rejeitos radioativos decorrentes do
acidente em Goiânia acabaram ficando armazenados lá, a céu aberto, durante dez
anos. (PEREIRA, 2005)
Em
1997, foi inaugurado o depósito definitivo, em cuja área foi implantado o
Parque Estadual de Abadia de Goiás, que mais tarde se tornou o Parque Estadual
Telma Ortegal. Trata-se de uma área de preservação ambiental que está submetida
ao controle de normas de preservação do meio ambiente pelo IBAMA, CNEN e CEMAm.
No local também foi criado, numa parceria entre a CNEN e o Governo do Estado de
Goiás, um complexo de prédios que integram o Centro Regional de Ciências Nucleares
do Centro Oeste (CRCN-CO) que tem como objetivo cuidar e monitorar o depósito
definitivo. (CENTRO REGIONAL DE CIÊNCIAS NUCLEARES DO CENTRO OESTE, 2008; PEREIRA,
2005)
No
Parque Estadual Telma Ortegal estão o Depósito Definitivo I que abriga os rejeitos considerados
efetivamente radioativos, como a fonte principal, por exemplo, e, o Depósito
Definitivo II, que abriga o lixo cuja concentração radioativa é baixa. Sendo 30
anos o período de meia-vida do césio-137, o lixo radioativo permanecerá no depósito
definitivo por pelo menos 180 anos. Nestes dois morros está enterrado o passado
de centenas de pessoas. (CENTRO REGIONAL DE CIÊNCIAS NUCLEARES DO CENTRO OESTE,
2008; PEREIRA, 2005)
Além
da morte física, a morte psicológica também atingiu as vítimas.
Pessoas com
depressão fizeram e ainda fazem parte do cenário pós-acidente. Devair Alves Ferreira,
o dono do ferro velho, por exemplo, depois do ocorrido, tornou-se alcoólatra e morreu
sete anos depois, constatando-se como causa de sua morte, uma parada cardiorrespiratória,
insuficiência hepática e metamorfose gordurosa. Ivo Alves Ferreira, pai da menina
Leide, também foi levado à morte pela depressão, como seu próprio irmão Odesson
afirma: “O Ivo faleceu, segundo o atestado de óbito, por enfisema pulmonar,
porém, as pessoas não sabem que o Ivo foi levado a fumar seis maços de cigarro
por causa da depressão [...]”. (REDE GLOBO, 2007)
Devair
e Ivo foram apenas dois casos registrados, dentre vários casos de depressão que
ocorreram com as vítimas do césio-137.
O
sofrimento vivido pelas vítimas por perderem pessoas queridas e por terem de
passar por um processo difícil e cansativo de descontaminação jamais poderá ser
medido. Apesar de se salvarem da morte, isto não foi suficiente para fazer com
que a vida voltasse à normalidade, pois as vítimas ainda tiveram de enfrentar a
dor de verem grande parte do patrimônio e do registro de suas vidas se
transformarem em lixo radioativo, sem falar do preconceito que tiveram de
enfrentar, vindo de todos os lados. (REDE GLOBO, 2007)
O
preconceito foi tão intenso que no enterro da menina Leide e de sua tia, Maria
Gabriela, os moradores da cidade protestaram com fúria. Gritos, arremessos de
pedras, pedaços de objetos, pedidos inconstantes para que aquelas vítimas não
fossem enterradas no Cemitério Parque, foi o que se assistiu nesse episódio. A
mãe da menina, Lourdes, só conseguiu se aproximar do caixão de sua filha porque
estava acompanhada da mulher do governador do Estado. (REDE GLOBO, 2007)
Pessoas
advindas de Goiânia não conseguiram desembarcar em alguns aeroportos do país,
foram rejeitadas em inúmeros hotéis e a economia goiana sofreu uma grave crise,
já que Goiás não conseguia vender os produtos fabricados no Estado. (REDE GLOBO,
2007)
Alguns me perguntam porque tamanha importância para a
transparência nas relações? Eu consigo entender que algumas realidades precisam
de um tempo a mais para preparar os cidadãos e evitar o pânico. Isso apenas não
justifica o desastre de Chernobyl ser negado por dois dias.
Os policiais de Goiânia, um ano depois, enfrentaram no
Brasil um acidente radioativo como um vazamento de gás. A exceção virou regra
quando o assunto se tornou nuclear.
Esse jogo de meias verdades fica evidente quando um
país passa a incrementar seu programa nuclear. Se propagam matérias dizendo dos
benefícios da energia limpa do futuro, dos perigos da bomba, dos seletos países
membros.
A transparência nas relações e processos são a base do
tripé da .sociedade. O nuclear é a permissão para mentir, para esconder, e é
assim por lei. Vocês concordam com estas leis?
Não é a primeira vez na história que a sociedade
assiste com espantos o efeito devastador de uma tragédia nuclear. Infelizmente,
as diretrizes que o mundo vem adotando em relação ao tema nos afirmam que tão
pouco a tragédia em Fukushima será a última.
Em Setembro de 1987 os olhos do mundo se voltaram para
o Brasil. No inicio do mês recebemos notícias do “êxito” em nosso programa
nuclear (paralelo) que anunciava a capacidade tecnológica própria para
enriquecer urânio a 20%. Ao final do mês é anunciada a “derrota”, a tragédia
causada pela exposição à radiação sofrida pela população em Goiânia e a
contaminação sofrida pelas vítimas do contato direto com o elemento radioativo
Césio-137. Na qualidade de presidente da AVCésio, associação criada pelas
vítimas diretas da tragédia, venho oferecer condolências e solidariedade as
vítimas e futuras vítimas do terror e silêncio que hoje vem de Fukushima.
Nós conhecemos o sabor do medo que a falta de
informação em um momento de crise causa. Sabemos como são dolorosas as feridas
feitas pela brutalidade quando o pânico e a falta de informação inflamam a
população. Sofremos literalmente na pele angústias que apenas a radioatividade
pode causar. Nossas propriedades, bens, documentos, memórias, fotografias,
saúde física, parentes, amigos, relações profissionais, animais de estimação,
entre muitos outros, foram todos violentamente extintos ou prejudicados. Por
este motivo manifestamos aqui nossa compaixão, carinho e acolhimento as vítimas
e futuras vítimas de Fukushima.
Sempre nos comove ver a movimentação e a solidariedade
de técnicos e centros tecnológicos do mundo inteiro ante uma emergência
nuclear. Tal imagem nos gera a sensação de comunicação e redes de apoio, dois
pontos frágeis e inoperantes dentro da temática nuclear. A falta de informação
“crônica” é a responsável por gerar e elevar a perda de confiança nas
autoridades competentes.
Infelizmente as tragédias nucleares mundo a fora
seguem o mesmo desesperante roteiro: Poucas informações desmentindo a gravidade
do problema, “pequenas” inverdades em nome do bem geral da nação, desconfiança
e mobilização internacional, truculência nos procedimentos envolvendo vítimas,
até que enfim cheguem informações a população local e mundial das reais
dimensões da tragédia. Esta política esmagadora não deveria seguir vigorando,
cartas como esta são também tristes alardes de danos incalculáveis.
Esperamos, e faremos pressão, para que o governo
brasileiro siga o exemplo dos países da Europa que agora se movimentam para
desacelerar e extinguir seus respectivos programas nucleares. As defasagens,
abusos e omissões no programa nuclear brasileiro são inúmeras e graves. A
presidenta Dilma Rousseff já avisou aos brasileiros que seu governo será
lembrado pelo respeito aos direitos humanos, pagaremos todos para ver o quanto,
quando e como nosso governo democrático irá nos proteger. Nossas ações,
reclamações, manifestações e movimentos são a parte que nos cabem nesta luta,
cuja as vítimas de Fukushima acabaram ingressar.
Goiânia, March 25th, 2011
It is not the first time in history that society watches with astonishment the devastating effect of a nuclear tragedy. Unfortunately, the guidelines that the world has adopted in relation to the subject tell us the tragedy in Fukushima will not be the last.
In September of 1987, the eyes of the world turned to Brazil. In the beginning, we had news of how the "success" in our (parallel) nuclear program, announcing its technological capacity to enrich uranium to 20%. Later in September the "defeat" was announced, by the nuclear catastrophe which happened to the population of Goiania caused by the radiation exposure and contamination with the radioactive element Cesium 137. As president of the AVCesio, association created by the contaminated victims of Cesium 137, I offer my condolences and solidarity to all the victims and future victims of the terror and silence that today come from Fukushima.
We know the fear that the lack of information in a crises like today in Japan causes. We know how painful are the wounds made by the brutality when panic and lack of information inflame the society. We literally suffer the agony that only radiation can cause, directly on our skin. Our properties, documents, memories, photographs, physical health, family, friends, professional relations, stuffed animals, and many others, were violently extinguished, or harmed. Our past and future was stolen because they became radioactive! For this reason, we manifest here our companion, affection, and refuge to them future and present victims of Fukushima.
Unfortunately the nuclear tragedies world-wide follow the same bad script: Little information dismissing the seriousness of the problem, "small " falsehoods in the name of the general “well-being” of the nation, distrust and international mobilization, brutality in the procedures involving victims, until the information finally reaches the local and global populations and the people can see the real dimensions of the tragedy. This overwhelming policy should not follow in vigor. Letters like these are also sad notices of incalculable damage.
We hope, and will pressure the Brazilian government to follow the example of most of the European countries that do not invest in nuclear energy or are slowing down and extinguishing there nuclear programs. The gaps, omissions and abuses in the Brazilian nuclear program are numerous and serious. Our actions, complaints, demonstrations and movements are part of that fight, in witch the victims of Fukushima have just joined.
Foto dos escombros no centro de Goiânia - Antiga sede do Instituto Goiano de Radioterapia
Em setembro de 1987 Wagner (Caminhoneiro) e Roberto (Reciclava lanternas de automóveis) estavam recolhendo sucatas. Encontraram em escombros no centro de Goiânia(Foto)um aparelho com estrutura de metal e chumbo, recolheram e venderam a um ferro-velho. O aparelho era usado no tratamento de radioterapia(já obsoleto para fins medicinais, que foi ABANDONADO nas ruínas do IGR) que continha Césio 137 (Elemento radioativo criado em laboratório).
Assim começa o Maior Acidente Radiológico Urbano do Mundo.
O Impacto Radiológico da Mina de Urânio da INB em Caetité (BAHIA/BRASIL) é o título do relatório sobre a investigação dos impactos ambient...
Os danos do Césio 137 no Corpo Humano
O Césio 137 só começa a perder sua radioatividade em aproximadamente 30 anos. Essa radioatividade pode ter efeito devastador no organismo humano. Começa a destruí-lo de dentro para fora,primeiro a camada muscular e os vasos sangüíneos, depois atinge a camada de gordura, até chegar à pele.
Para sabermos se queremos ou não a proliferação da tecnologia nuclear, precisamos garantir o direito a informação. Na história do desenvolvimento dessa tecnologia, a ignorância em relação ao tema promovida pelas autoridades gerou uma série de manifestações agressivas e preconceituosas para com as vítimas, sempre motivadas pelo medo e falta de informação da população. Toda forma de alienação do direito a informação e opinião é também um problema social. Vamos juntos mudar os rumos dessa história!