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AS MULTIDÕES

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Rio de Janeiro, 03 de Janeiro de 2012

Passar a virada do ano em Copacabana é de fato um desafio. O mar de gente que toma a orla e as ruas da praia não deixam dúvidas de que algo em nossa civilização vai mal. Saber que essa cidade maravilhosa, recebendo multidões muito além da capacidade de hospedar, tem no estado 70% do fornecimento de energia sendo de energia nuclear, piora.

A poderosa histeria coletiva, essa que tem o poder de transformar grandes festas em perigosos pesadelos, é um tempero amargo no caso de qualquer acidente nuclear. Sejamos positivos, sendo essa uma indústria que cresce por duas vias: as pesquisas e os acidentes, uma tragédia em Angra poderia quem sabe, ser encarada com euforia.

Se voltarmos no tempo, até o dia 5 de Outubro de 1987, veremos que ante um risco nuclear, o invisível ganha as proporções de nossas fantasias. Os cinco sensores que a natureza nos deu para perceber a vida, não são capazes de detectar a radiação no ambiente. Quem garante que uma tragédia nuclear não esteja acontecendo agora mesmo?

Por isso festas como o réveillon em Copacabana me assustam. Tantas foram as dificuldades de ordenar o compasso da população, quanto a precariedade das rotas para chegada e saída da festa. Imagino que se somos bárbaros e mesquinhos desta forma quando o dia é de festa e comunhão, quem dirá o que pode passar quando dias mais terríveis se dão?

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