Quando assistimos os trechos do filme “Dossiê do Césio” de Weber Borges, trecho em que a casa das vítimas está interditada, vem na memória fotos das casas abandonadas perto de Chernobyl, vem também o possível cenário do que ocorreu em Pompéia. A diferença é que todos estes pertences estão agora amontoados nos depósitos dos rejeitos radioativos.

Uma capsula do tempo terrível, uma em que os tataranetos das vítimas poderá receber. O Césio 137 demorará 300 anos para perder sua radioatividade, faltam apenas 275 anos. Restos de animais de estimação ao lado de sofás, documentos, roupas e fotos. Tudo e qualquer memória de que existiu um tempo antes daquele.

A pouco tempo Fukushima nos ensinou que avançamos pouco, mas os riscos aumentaram. A cada ano que passa temos uma tecnologia nuclear mais velha. O descomissionamento de tais usinas é um processo lento, trabalhoso e pouco contabilizado. O controle de fontes radioativas segue sendo um entrave legislativo. Temos um dos piores programas nucleares do mundo.

Como pode essa gente, que poderia ser qualquer um de nós, pode ficar tão a margem do conhecimento do outros. Como pode, tão poucos, conhecerem as entranhas da nossa história?

A devastação provocada pelo nuclear é temerária.