O
IGR foi fundado em 1972, tendo no início três proprietários, dos quais dois
médicos, a Dra Isis Dourado Monteiro e o Dr. Carlos de Figuereido Bezerril, e
um físico nuclear, o doutor Flamarion Barbosa Goulart. Em 1974, o Instituto
adquiriu uma bomba de césio-137 modelo CESAPAM F_3000, da marca Generaly
produzida na Itália. (ASSOCIAÇÃO DAS
VÍTIMAS DO CÉSIO-137, 1993)
A
clínica passa a ser registrada pela CNEN por ser usuária de material radioativo.
Pouco tempo depois, o Instituto adquiriu mais um aparelho de radioterapia
contendo uma bomba de cobalto-60, material que também é radioativo. Em 1985, a
Dra Isis se retira da sociedade, sendo admitidos como sócios proprietários a
Dra Criseide Castro Dourado e o Dr.
Orlando Alves Teixeira. Em 1986, o terreno do IGR estava em Litígio Judicial,
isto porque o dono do terreno e os donos do Instituto não entraram num acordo
para renovação do contrato de locação. (ASSOCIAÇÃO DAS VÍTIMAS DO CÉSIO-137,
1993)
Segundo
Geraldo Bibiano, então presidente do Conselho Central de Goiânia da Sociedade
São Vicente de Paulo, então legítima proprietária do terreno, o primeiro
contrato de locação com o IGR, feito em 1971, estabelecia dez anos de locação
“de graça”. Em 1981, época da renovação do contrato, o IGR pediu a prorrogação
do benefício por mais dez anos, obtendo
uma desaprovação dos donos do terreno e, consequentemente, a não renovação do
contrato. Surgiu então, uma ação de despejo contra o instituto e enquanto o processo
tramitava na justiça, em junho de 1984 o terreno foi vendido ao Instituto de
Previdência e Assistência Social de Goiás (IPASGO). (O POPULAR, 6 out. 1987, p.
6)
A
partir daquele momento, o IPASGO se tornava responsável pelo terreno e pela
ação judicial contra o Instituto. Ao longo dos anos, o IPASGO ganhou a ação
judicial, porém, antes de tudo acontecer, os proprietários mudaram a clínica
para um novo imóvel, localizada no setor
Aeroporto, levando apenas a bomba de cobalto-60 e abandonando a bomba de césio
no prédio antigo. Sem comunicar à CNEN e nem ao próprio IPASGO, ou a qualquer
outro órgão competente, os proprietários desativaram a bomba de césio, deixando
o artefato no imóvel, que ficou abandonado por dois anos. (ASSOCIAÇÃO DAS
VÍTIMAS DO CÉSIO-137, 1993; CANDOTTI, 1988, p. 3)
Por
estar em Litígio Judicial, era proibida a retirada de qualquer material de
dentro do terreno pelo IGR, fato que, segundo o secretário geral do Ministério
da Saúde, Ronei Edmar Ribeiro, não justifica o abandono do artefato, isto
porque, esse equipamento necessitava de
cuidados especiais por ser tratar de material radioativo. Ribeiro destacou
ainda que a Vigilância Sanitária não foi informada do abandono da peça, e
afirmou que teria tomado medidas enérgicas “independentemente de qualquer ação
judicial ou inquérito administrativo” (O POPULAR, 6 out. 1987, p. 7)
Pelo
fato de o imóvel já estar em péssimo estado de conservação, o IPASGO contratou
pedreiros para a retirada de portas, janelas, telhas e diversos materiais de
construção, que foram levados para a sede do órgão. Com isso, as antigas
instalações da clínica ficaram sem nenhuma proteção. Tal fato foi confirmado no
relato de uma das pessoas que teve participação fundamental no incidente,
Wagner Motta Pereira. Ele declarou que o prédio estava “[...] em estado de
demolição, sem janela nem nada. A peça já estava quase saindo pro lado de fora
[....]. Qualquer pessoa que passasse na rua dava pra ver essa peça”. A Figura
15 retrata a situação do Instituto na época do acidente. (ASSOCIAÇÃO DAS
VÍTIMAS DO CÉSIO-137, 1993; WOJTOWICZ, 1990)
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