O ponto mais preocupante de transformar as vítimas em acusados da tragédia com o Césio 137 é a perda dos pesos e das medidas. Há um detalhe na história que eu gosto de citar: A Coca-Cola.
Parece que Maria Gabriela suspeitou quando todos na família começaram a passar mal. Ela relacionou um fato presente marcante, na feijoada de final de semana todos haviam bebido da Coca-Cola, até quem não era muito chegado. Todos passavam mal.
Na sexta feira ela deixou o resto do refrigerante na sede da vigilância sanitária. Na segunda feira ela voltou com a cápsula contendo Césio 137 e disse: “é isso aqui que está matando o meu povo”. Aquele que não conhece os riscos e efeitos da radiação, comete gafes imprescindíveis para sua segurança. Maria Gabriela foi a segunda vítima fatal da tragédia.
Quero chamar a atenção para o mesmo mecanismo que fez com que o corpo de bombeiros da cidade pensasse em jogar a cápsula em um rio da região. A tragédia atingiria dimensões inimagináveis.
Espanto maior são as entidades competentes que deveriam fiscalizar tais fontes, seus usos e manutenções, falharem ao ponto de um equipamento de radioterapia ficar abandonado no centro de uma cidade grande por mais de quatro meses.
Passaram 25 anos desde aquela época. O que aprendemos com isso? Como funcionam hoje os órgãos que fiscalizam esta área? Ao constatar as respostas destas perguntas, fica claro que a mudança de discurso sobre o papel das vítimas na tragédia. Veremos que a versão mais difundida desculpa e alivia os furos de nossos projetos nucleares.
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